quarta-feira, 13 de julho de 2011

A morte sem medos ou tabus

A morte permanece para o homem um mistério. Mistério cercado de respeito, mesmo para os que não crêem em Deus. É interessante notar como todas as religiões acabam apontando para algo que permanece depois da morte. Isso já era comum entre as mais antigas religiões do mundo.
Morrer é um fato certo. A morte virá ao nosso encontro e nos fará despedir-nos de todos. Não sabemos onde, quando e nem como, porque ela é um ato biológico, é um ato pessoal e um fato social/comunitário. Para não sermos surpreendidos, somos orientados, ao longo da vida, a construir a nossa eternidade, através da bondade, da generosidade e do amor dedicado aos outros (ao próximo).
O caminho pode ser longo ou curto, o importante é que termine em Deus, de onde, um dia, saímos. O mesmo Senhor que nos deu a vida, Ele nos acolherá na morte. O mesmo Senhor que nos criou por amor, acolher-nos-á para um amor infinito e eterno.
A morte causa medos na maioria das pessoas, porque se trata do desconhecido (mistério). A maioria das pessoas têm uma crença na imortalidade da alma, embora, muitas vezes, paira a dúvida, a incerteza e a falta de conhecimento do que seja a morte. E isso causa medos e angústias. Há outras causas de medo, não tanto da morte, mas do possível sofrimento desse instante; as seculares ameaças do inferno e a visão assustadora de um Deus punitivo, propagadas pela religião e pela cultura ocidental, também são causas de medos.
Muita gente, infelizmente, só dá valor à vida com a iminência da morte. Ela nos faz lembrar que estamos aqui de “passagem”. Que a nossa vida terrena, por ser breve, é preciso valorizá-la e aproveitá-la. Chamamos de “aproveitamento” a valorização das grandes verdades da vida, do amor, da compaixão, da solidariedade.
A gente pode preparar-se para morrer estando em dia com sua consciência, quite com os seus deveres afetivos e cumprindo suas tarefas existenciais com amor e alegria. Se a morte nos pega assim, vamos bem!
É superstição e crendice acreditar que falar sobre a morte é atraí-la sobre si. Falar sobre a morte de maneira saudável quebra tabus e de jeito nenhum atrai, antecipadamente, a sua vinda. Ninguém morre na véspera!...
Não basta ter esperança na vida após a morte. Deus quer vida também antes da morte. Tudo o que fazemos para que a vida seja mais justa, mais plena, é um ato de fé no Deus que só quer o melhor para seus amados filhos. E o “Dia dos Finados” é um dia de silêncio, saudade e esperança. Elevemos aos céus nossas preces pelos Finados. Porque em nossas preces, gestos e devoções, certamente, está presente nossa fé na ressurreição e na vida eterna.

Dom Girônimo Zanandréa
CNBB

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