segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Cristo e os Conselhos Evangélicos

Os conselhos evangélicos têm sua origem divina, mais exatamente, cristológica, pois estão fundamentados nas palavras e exemplos do Senhor.
Tem sua origem divina na doutrina e nos exemplos de Jesus, isto quer dizer, que se fundam em sua vida, em toda sua vida. A vida e a doutrina de Jesus estão na base de toda forma de vida cristã, e de maneira especial, na base da vida consagrada.
Quando se fala na vida de Jesus, não se refere aos seus aspectos, mas às suas dimensões.
Como foi a vida de Jesus?
Jesus é o Homem inteiramente livre e inteiramente para os outros. Ele viveu inteiramente para o Pai e para os irmãos. Sua vida consiste em desviver-se. Não se pertence a si mesmo. É, existe e vive para Deus e para os homens. E a virgindade- pobreza-obediência, foram a expressão objetiva desta plena e definitiva autodoação. Por isso a vida de Jesus não foi simples existência, mas uma proexistência. Seu existir foi proexistir, existir em favor dos outros, dando tudo e a si mesmo. Então os conselhos evangélicos não podem ser entendidos como aspectos, mas como dimensões constitutivas da vida de Jesus.
Para nós, também os conselhos evangélicos não são aspectos, mas dimensões constitutivas de nossa vida. Porque o consagrado " imita mais estreitamente e re-apresenta perenemente na igreja o gênero de vida que o Filho de Deus assumiu quando veio a este mundo para cumprir a vontade do Pai, e que propôs aos discípulos que o seguiam".(Concílio)
Afirmar a origem divina-cristológica dos conselhos evangélicos é afirmar a sua existência, mas também sua inviólavel perdurabilidade na igreja, já que se trata de "bem irrenunciável, sobre o qual a igreja não tem poder de vida ou morte. A Igreja o recebe como se recebe um dom, e o guarda com fidelidade, porque eles não são de origem eclesiástica, mas cristológica. Os conselhos evangélicos expressam, a doação total e irrevogável de Cristo à Igreja, e a doação total da igreja a Cristo.(nós não podemos extinguir os mesmos).
A hierarquia da igreja tem a missão de interpretá-las, regular sua prática e também de organizar formas estáveis de vivê-los.
Por causa da origem cristológica, o consagrado vive não simplesmente a castidade, mas a castidade de Cristo; não é a pobreza, mas a pobreza de Cristo, tampouco é a obediência, mas a obediência de Cristo. Existem outras formas de pobreza, castidade e obediência, mas nenhuma delas nos interessa, somente a que Cristo viveu. (não é aos nossos moldes).
Se nós nos desviarmos, ou nos descuidarmos da origem e dimensão cristológicas dos conselhos evangélicos, nós os tornaremos ininteligíveis, esvaziados de sentido, perdendo sua maior riqueza teológica. Nós não podemos desvinculá-los da pessoa de Cristo, de sua vida e doutrina. Deste modo e por essa razão, os conselhos evangélicos se converteram em simples meios ascéticos, em vez de ser atitudes e dimensões essencialmente evangélicas e cristológicas.
Portanto, para compreendermos verdadeiramente os conselhos evangélicos é necessário voltar decididamente à pessoa de Jesus virgem-pobre-obediente com sua vida e sua doutrina, com o chamado ao seu seguimento e com seu mistério de Kénosis; em relação com a Igreja, com sua vida, com sua santidade, com sua dimensão carismática e escatológica e com sua missão evangelizadora; em relação com o Reino de Deus, com sua valiosidade absoluta, com suas exigências supremas e com seu estabelecimento neste mundo, como inauguração da vida celeste ( Jesus foi casto-obediente e pobre para isto).
Sentido em Jesus Cristo
A virgindade, a pobreza e obediência, constituem as três dimensões mais profundas do viver humano de Cristo. Não foram alguma coisa de secundário ou marginal em sua existência, mas algo constitutivo de seu modo histórico de ser e de viver para os outros.
O que significaram na vida-missão de Jesus esses três conselhos evangélicos?
Amor total demonstrado - isso significa que os conselhos eram para Jesus um meio, uma forma dele demonstrar o seu amor, provar o seu amor total a Deus e aos homens. Uma prova autêntica profunda de amor. Como provar o meu amor a ti, como tu irás reconhecer que o meu amor é sincero e é tão sincero que vou ser pobre-obediente-casto. E não como meios para conseguir o amor perfeito, mas como expressão desse amor perfeito. Não para tornar possível o amor, mais para tornar visível o amor. Para demonstrar o máximo amor ao Pai e aos irmãos.
Cristo teria amado com o mesmo amor total ao Pai e aos homens, se tivesse vivido de outra maneira, sem o mínimo perigo para sua liberdade ou para deixar-se levar para o egoísmo. Porém não nos teria feito ver com a mesma claridade e evidência esse amor e essa liberdade. Fazer ver com argumentos, dar provas convincentes. A virgindade-pobreza-obediência de Jesus foram grito essencial de amor e testemunho irrefutável de liberdade.
Quanto mais encarnarmos a pobreza-obediência-castidade mais demonstramos nosso amor a Deus e mais somos livres para amá-lo. Nada nos prende, nem nos domina. Quando tomamos posse de algo ou de alguém é porque estamos dominados por esse algo ou alguém. Devemos também através desses conselhos provar o nosso amor a Deus e aos homens, a nossa doação de nós mesmos sem reservas.
Doação total de si mesmo (como Jesus muito amava ao Pai ele doa a si mesmo).
O amor manifesta-se sempre como dom. Não há amor se não há dom.
Amor total - dom total - dom de si mesmo.
Amar é dar-se! Jesus não se pertence e não vive para si. Por isso vive inteiramente para os outros, para Deus e para os homens, isto é, para o Reino. Literalmente ele "desvive-se". Jesus pôs-se a serviço dos outros - do Pai e dos irmãos - tudo o que era e o que tinha: Filiação, experiência com Deus, doutrina, tempo, própria vida. Porque viveu inteiramente como Filho do Pai, pode viver inteiramente como irmão de todos os homens.
Vivência antecipada do sacrifício da sua morte
Os conselhos eram para Jesus, parte integrante de sua Kénosis, do mistério de seu aniquilamento que culminou na morte de cruz. A Kénosis que Jesus vive não era mera renúncia, nem puro esvaziamento, mas auto-doação por amor. Cristo ofereceu-se a si mesmo e não sangue de animais. E esse sacrifício durou toda a sua vida.
A morte é a total oferta do nosso ser a Deus: o grão de trigo precisa morrer para nascer de novo.
Através dos conselhos evangélicos vivenciamos antecipadamente a cada dia a nossa morte, o nosso aniquilamento, que culminará em nossa morte (humildade - viver a nossa verdade).
Cristo não pode deixar de ser Deus, não pode renunciar ao seu ser divino, porém renunciou a sua condição divina gloriosa, isto é, renunciou a manifestar de modo habitual em sua humanidade a glória que lhe correspondia em virtude de sua divindade. Não fez valer seus direitos. Despojou-se de sua nobreza. Sendo Senhor e Rei, apresentou-se como servo e escravo.
Inauguração de "modo celeste de vida"
A vida da graça nos faz viver desde esta vida a glória do céu. A vida da graça é a vida eterna.
Também foram, os conselhos evangélicos, em Cristo, antecipação de sua ressurreição gloriosa, prefiguração da nossa e inauguração neste mundo da vida celeste. Através dos conselhos evangélicos, Cristo tornou já presente, nesta etapa terrena do Reino os bens definitivos e as atitudes essenciais do Reino consumado.
Pela pobreza-obediência e castidade, Cristo adiantou, aqui e agora, a condição essencial da vida celeste, estabelecendo um tipo de relações, divinas e humanas, válidas para outra vida.
Viveremos aqui o que viveremos no céu. A vida na terra deve ser uma preparação e antecipação da vida que vamos viver no céu. Os conselhos nos fazem viver e ser aqui na terra o que viveremos e seremos no céu.
O que são e o que devem significar em nós os conselhos evangélicos?
Aquilo mesmo que eles foram em Cristo e ter a mesma significação que tiveram nele. Do contrário seria necessário a condição evangélica da vida consagrada. Se a vida consagrada é em sua própria essência seguimento e imitação radical de Jesus Cristo virgem-pobre-obediente.
Os conselhos evangélicos na vida consagrada são afirmação clara da primazia absoluta do Reino, presença no mundo dos bens definitivos, prefiguração e experiência da vida eterna e da ressurreição gloriosa.
Devemos então, viver os conselhos evangélicos com o mesmo sentido que Cristo viveu, porém para nós, homens pecadores, precisamos acrescentar uma afirmação complementar: os conselhos evangélicos devem se tornar meios removedores de obstáculos, em mortificação das raízes de pecado-de cobiça, de egoísmo, de soberba (as concupiscências) que existem em nós, inclusive depois do batismo, e que um dia podem se transformar em frutos de pecado. São pedagogia para o amor, além de ser constitutivamente amor. Porque a amar se aprende amando. E esta é uma significação que em Cristo não tiveram.
Para nós assume também o caráter ascético, mas não para aí, porque seria privá-las de todo o seu sentido cristológico e, consequentemente esvaziá-los de seu conteúdo melhor. Deixariam então, de ser realidades e atitudes evangélicas, para ser simplesmente costumes ascéticos ou meios humanos de purificação.

Escola de Formação Shalom
Fonte: Portal Shalom
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O que pensamos ao ouvir sobre Alegria?

Quando pensamos em alegria o que vem em nossas mentes?

Será que pensamos no carnaval (principalmente o brasileiro...hehe), fim de semana, no ócio(não o "ócio cristão"), no conseguir o que se deseja, isto é, sempre pensamos numa ação que vem de fora para dentro. Se acontecer isso, se acontecer aquilo, se conseguir isso, se, se , se....

A grande questão na Alegria é exatamente o contrário! Ela vem de dentro para fora!

É lógico que ficaremos felizes e alegres quando acontece isso, ou acontece aquilo, porém, nós Cristãos, vemos na Alegria, não só um momento único, mas uma "constante interior", isto é, uma ação sempre presente no interior da pessoa.

A Alegria é fruto de uma fidelidade generosa e corajosa e isso não é pouca coisa!!!! Pois pode custar muito, aos olhos de outros que não a possuem ou não a compreendem.

A Alegria como dizia São Josemaria Escrivá em Caminho 660: " Nunca desanimes, se és apóstolo.- Não há contradição que não possas superar. - Por que estás triste?" OU melhor.... " A verdadeira virtude não é triste nem antipática, mas amavelmente alegre" (Caminho 657)

A Alegria é pedra de escândalo para alguns quando esta está associada à Cruz, como bem disse o Cardeal Dom José Policarpo : "A Alegria é a flor que brota do sofrimento, que o Senhor compara à uma semente fecunda lançada à terra. Que a verdadeira felicidade se contrói na coragem, na dor e no dom da própria vida."

E é este espírito sobrenatural que nós , mães e pais, devemos ensinar aos nossos filhos para que estejam preparados para, não só esta vida, mas para o "pós- vida"!
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Christiane Forcinito Ashlay Silva de Oliveira
site: pastoralis.com.br
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

APRENDENDO A REZAR


"É difícil rezar, filho? Olhe para si mesmo, Conheças o que és e entenda qual a oração que Eu ouço"(Regra Beatitudes)

A grande campeã de reclamações no 0800 da Igreja é a "dificuldade de rezar". E é mesmo. Principalmente quando desconhecemos a nós mesmos. Queremos rezar atropelando tudo e todos. escolhemos os piores horários, os piores lugares, o pior clima e queremos "sentir Deus".

Contudo, se entenderemos o momento que estamos vivendo, respeitarmos nossa vida e nosso temperamento e colocarmos todas as situações desfavoráveis de nosso vida ao nosso favor, a oração pode se tornar "deliciosa".

Nossa comunidade partilha com você uma experiência de oração que fazemos diante do Santíssimo Sacramento e que muito tem nos ajudado nos momentos difíceis.

Antes de rezar tente identificar como você está naquele momento: triste, cansado, abatido, perseguido, doente... e depois coloque-se em uma das três "categorias": SERVO, FILHO ou DISCÍPULO. Observe as características de cada um e inicie sua oração.

Seja bem vindo(a) ao maravilhoso e possível "mundo da oração". Que O Espírito Santo lhe acompanhe nesta caminhada.

FORMAS DE RELACIONAMENTOS COM DEUS
VAMOS APRENDER A REZAR?
Leia estes pequenos trechos das Escrituras. Se possível em voz alta para que a mente absorva melhor estes "links" espirituais.

São Mateus 26,41
Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.

São Lucas 21,36
Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

I Tessalonicenses 5,17
Orai sem cessar.


Reze como um SERVO-----------------------------------
O servo reza como alguém “que força” buscando fidelidade na oração.
Características principais: São “orações de repetição”.Rosário, terços,novenas, leitura da Palavra, devocionais. É uma oração feita por intermédio de livros, livretos, devocionários etc.
Quando se servir desta oração? Nos momentos de aridez espiritual, dificuldades de escuta, problemas emocionais.

Reze como um FILHO-------------------------------------
Reza como quem “se joga” no Pai
Características principais: Espontaneidade na oração. Nada é “dirigido”. Reza tudo, fala tudo, briga, se acalma, chora, confia, se larga. O filho não tem “limites” com seu Pai. Ele se imagina no peito, no coração, nos ombros, no colo do Pai.
Quando se servir desta oração? Quando nos sentimos “apertados” no coração, problemas familiares, mortes na família, aprisionados, carentes, abandonados: “O Filho Pródigo: Pai, eu voltei”.

Reze como um DISCÍPULO--------------------------------
Reza como quem conhece intimamente o Pai
Características principais. Dirige sua oração para determinada situação. Tem um “rhema” de oração, um caminho, uma trilha. É a oração da escuta, da quietude, do sabor oracional. É nesta oração que tomamos direcionamentos de Deus, exercitamos o dom da escuta e conhecemos profundamente a vontade de Deus para nós.
Quando se servir desta oração? Sempre. A todo instante. Em especial, antes de pregações,missões, serviços, coordenação, pastoreio, formação, decisões a se tomar etc.
Compõe esta oração: Bíblia, caderno, caneta, escrita, visualizações, profecias, locuções interiores.

Silvinho Zabisky
Comunidade Beatitudes
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QUEREMOS A PELE DOS FUNDADORES



  • Fundadores nunca se imaginaram fundadores. Este é um ofício que nunca desejaram. Se pudéssemos entrevistá-los, saberíamos que o sonho de todo fundador é ter um fundador.

    Mas Deus não quis assim. Não existe uma constituição democrática para se designar um fundador. A maioria, mesmo por votação ou escolha humana, não conseguiria eleger uma pessoa para fundar uma obra de Deus. Nenhum partido conseguiria lançar a candidatura de um fundador. Eles simplesmente nascem de Deus para uma missão específica num altar pré-estabelecido.

    E como Jesus, fundadores já nascem predestinados a serem caçados. Bastam para os “novos Herodes” desconfiarem do surgimento de um fundador que a mesma taça de vinho tinto de morte transborda de suas mesas.

    Na verdade, fundadores não deveriam nascer homens e mulheres comuns. Eles deveriam ser super-heróis. Deveriam ser firmes e fortes como os homens de aço, assim agüentariam as pancadas do dia-a-dia; eles deveriam ter sido confeccionados com roupas especiais e voadoras para poderem voar de seus problemas pessoais e de suas fundações; Eles teriam que vir ao mundo com olhos e ouvidos biônicos para poderem adivinhar os problemas que todos nós temos. Deve ter sido um erro na Criação de Deus.

    Mas, ao contrário, os fundadores foram feitos normais. A imperfeição da humanidade os abraça e as misérias do pecado e das limitações pessoais os atormentam. Revelando assim, que esses tão admirados homens de Deus, na verdade, são bem fraquinhos e debilitados. Sendo assim, eles que nasceram como seres perfeitos não conseguem combater nem a favor da própria vida. Bando de fracotes são estes tais fundadores e fundadoras.

    Logo, estou entendendo porque fundadores choram e se arrastam para pegar o crucifixo mais próximo deles. E após encontrar este crucifixo, sempre escutaremos a frase “Porque eu senhor? Porque me escolheste para fundar? Eu não entendo nada.”

    Pronto. As feras ao redor do fundador escutaram e começaram sua caça. Elas estavam só aguardando o momento ideal para armarem suas presas e suas armadilhas. Mais um fundador está prestes a ser caçado e alimentar as feras de mães, pais, avós, tios, namoradas daqueles que sentirem o mesmo chamado que este fundador.

    O que será pior? Uma turma de famigerados demônios buscando vidas para destruir e almas para afundar no inferno ou alguém magoado com um fundador?

    Demônios não montam sites difamando um fundador; demônios não acusam por telefone, email ou MSN, Twitter, visitinhas violentas... Demônios não questionam com arrogância. Magoados, sim. Quando eu me magôo com um fundador nem os demônios me vencem. Quando um novo carisma se manifesta a taça dos novos Herodes se derrama em loucura e raiva.

    Um fundador incompreendido por suas palavras é um prato cheio para seus inimigos. Não importa o que já presenciei na vida de um fundador. Pouco interessa o que senti e vivi na presença de um fundador. Se a mágoa pegar alguém contra um fundador a famosa cegueira espiritual surge das cinzas do meu passado. Sou capaz de morar anos com um fundador e abandoná-lo em segundos se eu não concordar com suas partilhas, idéias e direções.

    Fundadores incomodam. Eles foram criados para isso. Fundadores são ousados e dizem coisas que muitas vezes ninguém falaria por causa do respeito humano ou da boa educação.

    A ótica dos fundadores é a da verdade de Cristo e não as maracutaia do mundo. Mesmo quando eles são surpreendidos nas fraquezas da mentira. É Deus quem age neles.

    Fundadores não cansam de questionar as pessoas e isso desperta a ira dos quietinhos.

    Fundadores se parecem muito com Jesus: atraem e convivem com pessoas, mas estão sempre solitários. Mostram amizade, mas sempre serão trocados por um pote de moedas. Fundadores atraem coroas de espinhos e cruz para si. Não porque querem, mas porque assim O Senhor quer.

    Fundadores também se parecem muito com Maria. Bastou o primeiro “sim” para não entenderem mais nada.

    Desde Jesus até os dias de hoje o espírito do mundo e o espírito da carne querem a pele dos fundadores.

    Em Jesus foi aberta a temporada de caça e nos fundadores a execução e a extração da pele.

    Alguém poderia socorrer os fundadores? Alguém poderia salvá-los, por favor? Até poderia acontecer isto, mas não vai. Fundadores irão para o deserto de suas vidas para serem tentados como todo ser humano. Eles comerão e beberão com seus irmãos, mas serão sempre incompreendidos. Fundadores morrerão como todo ser humano: sozinhos.

    Porém, o mais triste é que muitos que lerem este texto não entenderão o que estou falando. Mas sem perceber já devem ter golpeado um fundador senão com suas armas em punho, com suas línguas fora da boca. Mas tudo bem: deve ser assim também.

    Este texto não é uma defesa aos fundadores. Eles têm Deus como refúgio e cidadela. Mas é uma amostra das coisas que em secreto acontece a um fundador. Quando a estação dos fundadores passar, saberemos com mais precisão o que este texto quis nos contar.

    Se estas linhas viessem da ponta da caneta de Padre Pio, de João Paulo II ou de Agostinho, talvez ele fosse bem mais aceito. Como veio de mim, para poupar minha pele prefiro me identificar somente como “umaROSAnaJANELA”.

    Dedico meu respeito e minha gratidão a todos os fundadores e fundadoras que também ajudei a escalpelar com meus pensamentos e com meu agir.
     
    Silvinho Zabisky
    Comunidade Beatitudes

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    quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

    A disciplina

    Quando éramos crianças e estávamos em período escolar ouvíamos muito a palavra disciplina. Depois, com o passar dos anos, paramos de ouvir, de falar e até mesmo de praticar algo tão importante quanto ela. Disciplina significa o conjunto de regulamentos destinados a manter a boa ordem em qualquer organização. Submissão ou respeito a um regulamento.
    Para que possamos evoluir em qualquer área, seja nos estudos, seja na carreira, no trabalho ou até mesmo como pessoas, é preciso que nos auto disciplinemos. Criar e obedecer a regras que nos farão ser mais produtivos, mais organizados, mais assertivos em nossas decisões, mais compenetrados, mais pontuais e mais respeitosos com as pessoas que nos cercam.
    Somente através da disciplina podemos nos impor metas e traçar objetivos concretos para o alcance destas metas. Não é nada fácil seguir certas regras, mas quanto mais difícil, maior a recompensa que nos espera.

    Não pense que você está sendo “careta” por chegar na hora, não pense que você está sendo “otário” por levantar cedo e ir trabalhar... Coisas assim que acabam por algumas vezes entrar em nossas mentes, seja pelos exemplos que vemos na televisão, nos filmes, seja pelo exemplo que acaba vindo dos nossos políticos. Existem muitas outras histórias de sucesso e trabalho que são fruto de pessoas dedicadas e disciplinadas.

    Veja alguns atos disciplinados que podem estar faltando em sua vida:

    - Determine-se em uma vida de intimidade com Deus diária.
    - Faça um roteiro de suas atividades e como pretende cumpri-las.
    - Estabeleça horários para começar e terminar tarefas ao longo do dia.
    - Coma refeições mais saudáveis e leves no dia-a-dia.
    - Respeite horários e compromissos.
    - Durma as horas de sono necessárias para seu bem estar.
    - Defina suas metas para aquele dia ou semana e foque-se em atingi-las.
    - Evite distrações com a internet e telefones.
    - Seja educado com todas as pessoas.
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    Vanilton Lima
    Comunidade Shalom
    Fonte: Portal Shalom
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    As características da virtude da coragem

    Uns são corajosos por ignorância ou por experiência, como os soldados, e essa coragem é antes o resultado do exercício de uma arte do que uma virtude moral. Outros são corajosos por paixão (temor de ameaças, de desonra, por tristeza, ira), e a virtude moral não obra por paixão. É preciso a coragem da alma para opor resistência a tais dificuldades (as que se opõem à obediência à reta razão).
    Cinco modos pelos quais podemos nos assemelhar aos corajosos, como que praticando atos de coragem, sem ter essa virtude:
    1) Praticar atos difíceis como se não o fossem, por ignorância, quando não percebemos a grandeza do perigo;

    2) Quando temos fundadas esperanças de vencer o perigo, porque por experiência sabemos que dele muitas vezes escapamos;

    3) Por certa ciência e arte. Digo dos soldados, que pela perícia que têm no manejo das armas, e pelo exercício, não consideram graves os perigos das guerras, pois ninguém teme fazer o que sabe ter aprendido;

    4) Por impulso ou paixão;

    5) Por escolha de algum bem temporal a adquirir (honra, prazer ou ganho), ou para evitar alguma desvantagem.

    É próprio da virtude fazer-nos agir com firmeza e constância. A coragem consiste em afrontar deliberadamente os perigos e padecer os trabalhos. Virtude significa a perfeição última de uma potência. Coragem, firmeza de alma pronta a enfrentar qualquer obstáculo.
    É próprio da virtude da coragem remover os obstáculos que impedem a vontade de seguir os ditames da razão. A coragem versa sobre o temor e a audácia, coibindo aquele e moderando esta.
    É próprio da virtude da coragem fortificar-nos a vontade, para não abandonarmos o bem da razão por temor de um mal do corpo. Quem tem firmeza contra o maior dos males há de tê-la contra os menores.
    É próprio da virtude tomar em consideração o que é extremo. Não se reputa corajoso um homem só por tolerar quaisquer adversidades; mas só os que sabem tolerar os males máximos. Pois nos outros casos ele será corajoso relativamente.
    O temor nasce do amor. Qualquer virtude que modera o amor de certos bens há de também, por força, moderar o temor dos males. Amar a nossa própria vida nos é natural. Donde a necessidade de uma virtude especial, moderadora do temor da morte.
    Sendo dois os atos próprios da virtude ─ suportar e atacar ─ ela recorre à ira, não para o ato de suportar, mas para o de atacar.

    O ato principal da coragem é suportar, isto é, persistir inalterado nos perigos, mais do que atacar. É mais difícil reprimir o temor do que moderar a audácia. A coragem é o amor que tudo sofre facilmente por causa de Deus.
    É próprio do homem forte não dissimular o perigo que o ameaça, mas encará-lo face a face e examiná-lo do alto do seu pensamento, como de um lugar elevado. O corajoso é um homem de confiante esperança. Nos perigos repentinos é que principalmente se manifesta o hábito da coragem.

    O furor ajuda os fortes. No virtuoso, a ira e as outras paixões são moderadas pela razão.
    Partes da coragem: magnificência; confiança; paciência; perseverança.
    Só os que são ávidos de questões são capazes de soluções. A fides/esperança se alimenta da fides/certeza. A verdade objetiva sujeita os homens apenas a ela, mas a verdade subjetiva cria o reino da tirania dos que ditam aos demais os critérios dessa verdade.
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    por Santo Tomás de Aquino
    Extratos da “Suma Teológica”, de Sto. Tomás de Aquino ─ II,2ae,123-135
    Fonte: Portal Shalom
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    terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

    A autoridade e a obediência como meios de unidade

    A Autoridade e a Obediência como meios de Unidade entre os Homens

    “Submetei-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Ef. 5, 21).

    Cristo Jesus derramou gratuitamente sobre toda a raça humana, perdida pelo pecado, a sua graça, que realizou nela uma obra de purificação, de remissão, tornando-a assim, bela, fascinante, amável e pura aos seus olhos. O homem encontrou graça aos olhos divinos, encontrou favor junto de Deus. Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la, de santificá-la tornando-a toda “gloriosa sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. É interessante refletir sobre este aspecto fundamental na vida de cada homem. A graça de Deus vai muito além de um favor, de um algum dom, a graça de Deus é o dom dele mesmo ao homem, é Cristo que se entregou pelo homem de forma livre e gratuita. Cristo veio ao encontro do homem para doar-se a ele por puro amor.

    O homem que havia se afastado de Deus pelo pecado, que havia rompido com a amizade, a intimidade de Deus, e que por isto vivia um “tempo de angústia”, de agonia, necessitava ser liberto desta “prisão” que o atormentava, que o condenava. E Deus, no seu infinito amor pelo homem, entrega-se inteiramente por ele e lhe concede a graça, o perdão, a paz, a reconciliação com ele. Jesus entregou a sua vida para que cada homem fosse salvo da solidão arrasadora, esta solidão terrível que o pecado conquistou afastando-o inteiramente do seu Deus. E tudo isto fez pensando em resgatar para o homem o sentido verdadeiro de sua vida: que é a comunhão com ele.

    João Paulo II escreve em sua carta encíclica sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana: “O homem é chamado a uma plenitude de vida que se estende muito para além das dimensões da sua existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus”. O homem deve reconhecer no seu coração o valor sagrado de sua vida “desde o seu início até seu termo, e afirmar o direito que todo ser humano tem de ver plenamente respeitado este seu bem primário” ( pág. 7). Continua o Santo Papa que é “sobre o reconhecimento de tal direito que se funda a convivência humana e a própria comunidade política”.

    Todas essas realidades sobre a vida humana devem ser sempre respeitadas para que não ocorra o risco de a violar ou destruir. O amor de Deus é o único caminho que salvaguarda a vida humana. E este amor divino foi derramado no coração do homem, pelo poder do Espírito Santo, para que ele tivesse a capacidade de respeitar algo tão sagrado, que é a sua própria vida e a dos seus irmãos.
    Deus é Trindade. Deus é comunidade. Deus é amor, e criou o homem com a capacidade de amar plenamente, por isto o homem é infeliz quando vive para si mesmo. O homem é um ser social, e o sentido da sua vida se manifesta quando doa a si mesmo aos outros.

    Você pode agora está se perguntando: “Tudo o que foi escrito até agora, o que tem a com a autoridade e obediência? E eu respondo: Tem tudo a ver, porque a autoridade e a obediência devem ser exercidas como meio para gerar comunhão, para gerar unidade. A autoridade e a obediência cristã, tão importantes para a boa ordem em todas as áreas da vida humana, para o bom relacionamento entre pessoas, possui essa missão, porque é um serviço que cada homem presta ao outro. É doação de vida, é oferta de vida, porque a verdadeira autoridade vem de Deus, por isto ao exercer a autoridade o homem precisa reconhecer que ela é algo divino, e, sendo divino, não pode ser exercida com a intenção de dominar, de ter poder.

    Aqueles que exercem a autoridade de forma desordenada, ou seja, o autoritarismo, em vez de promover e fortificar a unidade, favorecem para que aconteça exatamente o contrário pelas conseqüências maléficas que geram. Com certeza, também terão dificuldades de obedecer quando a situação inverter. A autoridade deve ser exercida com a reta intenção de prestar um serviço a Deus e aos irmãos, por isso quanto maior for o grau de autoridade que se exerce, maior será a condição de ser servo.

    Por outro lado, aqueles que exercem a obediência devem compreender também que estão abraçando uma graça de doação de vida, primeiro ao próprio Deus e depois àquele que é sua autoridade. É muito importante que cada um compreenda o significado verdadeiro da obediência, que possui uma única razão, o serviço ao amor, a paz, a harmonia, ao crescimento pessoal e social.

    Quando uma família é conduzida pela autoridade distorcida do homem, a qual recebe a força de uma também distorcida submissão, é uma família cheia de medos, de rancor, de guerras interiores, de competição, de ansiedade, de infelicidade, que vai corroendo os seus membros intimamente, destruindo o seu direito de crescimento, de formação humana e espiritual, de uma bem-estar psicológico, emocional, e porque não dizer uma boa estabilidade financeira, que neste caso não significa simplesmente a falta de dinheiro, mas sim a sua utilização desordenada, mesmo que seja pouco, baseada somente no seu bel-prazer.

    A autoridade do homem deve ser exercida da mesma forma que “Cristo amou sua Igreja e por ela se entregou a fim de purificá-la com o banho da água e santificá-la pela Palavra, para apresentar a si mesmo a Igreja, gloriosa, sem mancha nem ruga, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. Da mesma forma, que “as mulheres estejam sujeitas aos seus maridos, como ao Senhor, porque o homem é a cabeça da mulher, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo”. Se o homem tiver a Cristo como modelo e força conseguirá exercer a autoridade segundo o seu significado essencial que é a serviço do amor, da ordem, da segurança, da paz... tendo sempre diante de seus olhos que a autoridade nunca poderá ser exercida para seu proveito próprio, para servir a si mesmo, aos seus caprichos, reconhecendo que seu significado está muito além da sua mentalidade egoísta, mas para trazer felicidade e paz para a sua família, que transbordará para a sociedade. Em contra partida, a mulher deve exercer a sua submissão totalmente inserida na submissão que deve a Cristo, reconhecendo que a autoridade do homem é uma missão e jamais uma atitude de superioridade e de dominação, pelo fato de que seu papel é ser a sua “cabeça”, como Cristo é cabeça da Igreja e o salvador do Corpo, da mesma forma que a Igreja está sujeita a Cristo.

    Não poderia terminar esse artigo sem louvar a Deus que tudo faz perfeitamente, sempre desejando o melhor para cada homem, para infundir nele o amor, a paz, a segurança, a alegria, o bem-estar, a realização... Bendito seja teu nome, Deus de amor, agora e para sempre! Bendito seja teu nome, Senhor, que criastes o homem imprimindo nele a tua autoridade e a mulher com a mesma submissão que a Igreja deve a ti!

    Escola de Formação Shalom
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    As virtudes infusas do Espírito Santo

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    Em síntese: As virtudes infusas - ou  dons do Espírito Santo - são como “receptores” aptos a captar os impulsos do Espírito mediante os quais o cristão se encaminha para a perfeição em estilo novo ou com a eficácia que o próprio Deus lhe confere. Possibilitam ao cristão ter a intuição profunda do significado das verdades reveladas por Deus assim como de cada criatura. Proporcionam também tomadas de atitude que nem a razão natural nem as virtudes humanas, sujeitas sempre a hesitações e falhas, conseguiriam  indicar ou efetivar.

    Para ilustrar o que são os dons, pode-se recorrer à imagem de um barco que navega: se é movido a remos, avança  lenta e penosamente, com grande esforço para os remadores. Caso, porém, estes desdobram as velas do barco para que capte o sopro dos ventos favoráveis, os remadores descansam e o barco progride em estilo novo segundo velocidade “sobre-humana”. – Ora o barco movido ao sopro do vento que bate contra as velas, é imagem do cristão impelido pelo Espírito, segundo medidas divinas, para a meta da sua santificação.

    Os dons do Espírito Santo são sete, segundo a habitual consenso dos teólogos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, pie­dade, temor de Deus. Para se beneficiar da ação do Espírito Santo, o cristão deve dispor-se de duas maneiras principais:
    a) cultivando o amor, pois é o amor que propicia afinidade com Deus e, por conseguinte, torna o cristão apto a ser movido pelo Espírito de Deus;
    b) procurando jamais dizer um Não consciente e voluntário às inspirações do Espírito. Quem se acostuma a viver assim, cresce mais velozmente na sua estatura definitiva e se configura mais fielmente ao Cristo Jesus.

    *  *  *

    Em nossos dias a renovação da oração e da espiritualidade cristãs apela freqüentemente para a ação do Espírito Santo nos corações. Muitos fiéis se tornam conscientes de que “ninguém pode dizer “Jesus Cristo é o Senhor” senão sob a moção do Espírito Santo” (cf. 1Cor 12, 3), sabem cada vez mais que “todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (cf. Rm 8, 14). A consciência destas verdades vem despertando cada vez mais a atenção para a teologia espiritual. É, pois, oportuno procurarmos conhecer melhor as maneiras como o Espírito Santo age nos corações, descrevendo os seus dons e o significado destes na vida dos filhos de Deus.

    1. Que são os dons do Espírito Santo?

    1. Do inicio, é preciso propor a distinção que a Teologia costuma fazer entre dons e carismas (embora a palavra charisma em grego sig­nifica dom).

    Por carismas entendem-se graças especiais pelas quais o Espíri­to Santo torna os cristãos aptos a tarefas e funções que contribuem para o bem ou o serviço da comunidade: assim seriam o dom de profecia, o das curas, o das línguas, o da interpretação das línguas… Os carismas têm por vezes (não sempre) índole extraordinária, como no caso de certas curas ou da glossolalia.

    Por dons compreendem-se faculdades outorgadas ao cristão para seguir mais seguramente os impulsos do Espírito no caminho da perfeição espiritual. Os dons e seus efeitos são discretos, não chamando a atenção do público por façanhas portentosas.

    2. Para entender melhor o que sejam os dons do Espírito, recorra­mos a uma analogia:

    Quando uma criança nasce para a vida presente, é dotada por Deus de tudo que é necessário à sua existência humana: recebe, sim, um or­ganismo completo e uma alma portadora de faculdades típicas do ser humano. Como se compreende, esse conjunto ainda não esta plena­mente desenvolvido quando o bebê vem ao mundo, mas é certo que a criança possui tudo que constitui a pessoa humana.

    Ora algo de análogo se dá na vida espiritual. Diz-nos Jesus que renascemos da água e do Espírito Santo pelo batismo (cf. Jo 3, 5). Este renascer importa receber uma vida nova, a vida dos filhos de Deus, trazida pela graça santificante. Essa vida nova tem suas faculdades próprias, que são:

    1) as virtudes infusas

    a) teologais (fé, esperança, caridade): virtudes que nos põem em contato imediato com Deus;

    b) morais (prudência, justiça, temperança, fortaleza): virtudes que orientam o comportamento do cristão frente aos valores deste mundo;

    2) os dons do Espírito Santo, “receptáculos” próprios para captar as moções do Espírito Santo.

    Importa salientar bem a diferença entre as virtudes infusas e os dons do Espírito  Santo.

    As virtudes infusas são ditas infusas porque não adquiridas pelo homem. São princípios de reta outorgados ao cristão juntamente com a graça santificante, para que se comporte não apenas como ser racional, mas como filho da Deus, elevado a ordem sobrenatural1. Os critérios de conduta do cristão são as grandes verdades da fé ou da ordem sobrenatural (que nem sempre coincidem com os da razão); por isto é que, ao renascer como filho de Deus, todo homem recebe os respectivos princípios de conduta nova, que são as virtudes infusas. Destas, três se orientam diretamente para Deus (a fé, a esperança e a caridade) e quatro se orientam para o reto uso dos bens deste mundo (prudência, justiça, temperança, fortaleza). Quando o cristão age mediante as virtu­des infusas, é ele mesmo quem age segundo moldes humanos, limitados, lutando contra os obstáculos que geralmente a prática do bem encontra; de maneira lenta e trabalhosa o cristão cresce na fé, na caridade, na temperança, na fortaleza…, estando sempre sujeito a contradizer-se ou a cometer um ato incoerente com tais virtudes.

    É sobre este fundo de cena que se devem entender os dons do Espírito Santo. Estes podem ser comparados a faculdades novas ou “antenas” que nos permitem apreender moções do Espírito Santo em virtude das quais agimos segundo um estilo novo, certeiro, firme, sem hesitação alguma e com toda a clarividência. Esta afirmação pode-se tornar mais clara mediante algumas comparações:

    a) Imaginemos um barco que navega a remos… Adianta-se lenta­mente e com grande esforço e fadiga por parte dos remadores. Caso, porém, este barco tenha velas dobradas, admitamos que os remadores resolvam desdobrá-las, a fim de captar o vento que lhes é favorável. Em conseqüência, os marujos deixarão de remar, e o mesmo barco será movido a velocidade “sobre-humana”, de maneira nova a muito mais ve­loz do que quando movido a remos.

    Ora o “mover-se a remos” corresponde ao esforço humano (sempre prevenido pela graça) para progredir na prática do bem mediante as virtudes infusas. O “deixar-se mover pelo vento que bate nas velas des­dobradas”, corresponde ao progresso provocado pela ação direta do Espírito Santo, que move os seus dons (= velas) em nós; progredimos então muito mais rapidamente segundo um estilo novo.

    b) Eis outra comparação: admitamos um pintor genial que se dispõe a realizar uma obra-mestra. Para iniciar, ele confia aos discípulos mais adiantados o trabalho de preparar a tela, combinar as cores e esquematizar o quadro. Quando tudo está preparado e começa a parte mais importante da obra, o próprio mestre traça as linhas finíssimas de sua obra, revelando o seu gênio e cristalizando a sua inspiração. – De maneira análoga, o Espírito traça no íntimo de cada cristão a imagem do Cristo Jesus. Os inícios desta tarefa, Ele os realiza mediante a nossa colaboração, permitindo-nos agir segundo os nossos moldes humanos (ou mediante as virtudes infusas). Quando, porém, se trata dos traços mais típicos do Cristo na alma humana, o próprio Espírito assume a tare­fa da os delinear utilizando instrumentos especialmente finos a preciosos, que são seis dons.

    Exemplificando, diremos: o homem prudente que, para a orientação de seus atos, só dispusesse de suas qualidades naturais e da virtude infusa da prudência, acertaria realmente, mas com grande lentidão, depois de várias tentativas. A prudência humana é insegura e tímida, mesmo quando acerta. – Ao contrário, quem age sob o influxo do dom do conselho, que corresponde à virtude da prudência, descobre de maneira rápida, certeira e firme o que deve fazer em cada caso.

    Eis outro exemplo: quando o cristão se eleva, pela luz da fé, ao conhecimento de Deus, ele o faz de maneira imperfeita e laboriosa, re­correndo a imagens que são, ao mesmo tempo, claras e obscuras. – Dado, porém, que o cristão seja movido pelo Espírito mediante os dons de sabedoria e inteligência, ele contempla Deus e seu plano salvífico numa lúcida concatenação de idéias em poucos instantes e com grande sabor espiritual (em vez dos esforços exigidos pela virtude da fé).

    As normas das virtudes são diferentes das normas  dos dons.  Quem age sob o influxo das virtudes, segue a norma do homem iluminado pela luz de Deus. Mas quem age sob o influxo dos dons do Espírito, segue a norma do próprio Deus participada ao homem.

    3. Note-se que os dons do Espírito não são privilégio dos santos. Todos os cristãos os recebem no Batismo. Nem são necessários apenas às grandes obras, mas tornam-se indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida cotidiana.

    O cristão pode permitir cada vez mais a ação do Espírito Santo em sua vida mediante os dons, caso se dedique especialmente ao cultivo das virtudes (principalmente da caridade) e se torne mais e mais dócil às inspirações do Espírito Santo. A prática do amor é importante, pois é o amor que nos comunica particular afinidade com Deus, adaptando-nos ao modo de agir do próprio Deus.

    Procuramos agora penetrar no sentido próprio de cada um dos dons do Espírito.

    2. Os dons em particular

    A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Is 11,1-3 traduzido para o grego na versão dos LXX:

    ” 1 Brotará uma vara do tronco de Jessé

    E um rebento germinará das suas raízes.

    2E repousará sobre ele o espírito do Senhor:

    Espírito de sabedoria e entendimento,

    Conselho e fortaleza,

    Ciência e temor de Deus,

    3Piedade…”

    O texto original hebraico, em lugar de piedade, dá a ler; “Sua inspi­ração estará no temor do Senhor“. Enumerando seis ou sete dons do Espírito, o texto bíblico não tenciona esgotar a realidade dos mesmos: estes são tantos quantos se fazem necessários para que o Espírito leve o cristão à perfeição definitiva. Os sete dons enumerados pelo texto dos LXX e pela Tradição vêm a ser, sem dúvida, os principais. Distingamo-los de acordo com a faculdade humana em que cada qual se situa:

    Intelecto: ciência, entendimento, sabedoria, conselho.

    Vontade: piedade.

    Apetite irascível: fortaleza.

    Apetite de cobiça: temor de Deus.
    site:presbíteros.com.br
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    segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

    O dom do Temor de Deus

    - Já aprendemos que os dons do Espírito Santo aperfeiçoam as virtudes. As virtudes abandonadas a si mesma não podem chegar a grandes alturas. A nossa razão, mesmo iluminada pela fé, é ainda imperfeita para perceber toda a realidade espiritual. Só os dons do Espírito Santo elevam o homem às alturas da própria dignidade.

    O Dom do "Temor de Deus" aperfeiçoa a virtude da Esperança.

    Há várias espécies de temores: o temor mundano, o temor servil a Deus e o temor filial a Deus. Destes, só o último é o Temor de Deus.

    1) O temor humano é o medo que se sente com relação a criaturas ou situações mundanas. São temores humanos o medo de pessoas, como a mulher que teme o marido ou o marido que teme a esposa, os filhos que temem o pai ou a mãe, os alunos que temem os professores... São temores às situações mundanas, por exemplo, o medo de andar de elevador, o medo do escuro, o medo de tempestades, etc. Incluem-se ainda nesta classe os medos supersticiosos, como o medo de passar embaixo de uma escada, o medo de ver um gato preto cruzar o caminho, o medo do dia 13... Os temores ou medos mundanos originam-se de traumas. Podem desaparecer pela oração de cura interior ou por tratamentos psicológicos adequados.

    2) O temor servil é principalmente o medo de ser castigado por Deus, de ir para o inferno. Esse temor é gerado pela idéia de um Deus que nos vigia constantemente, pronto a nos castigar pelas nossas faltas. E isso nos inquieta, agita, deprime. O temor servil pode afastar-nos do pecado, mas é um temor imperfeito, porque não se baseia no amor de Deus.

    3) O temor de Deus é filial. É o temor de nos afastar do Pai que nos criou e que nos ama, de ofender a Deus que, por amor, sempre nos perdoa. O filho que ama o pai não quer ficar longe dele nem fazer algo que o possa magoar. É um temor nobre que brota do amor. Um temor filial, perfeito e amoroso.

    O temor de Deus é um dom do Espírito Santo que nos inclina ao respeito filial a Deus e nos afasta do pecado. Este compreende três atitudes principais:

    1 - O vivo sentimento da grandeza de Deus e extremo horror a tudo o que ofenda sua infinita majestade;

    2 - Uma viva contrição das menores faltas cometidas, por haverem ofendido a um Deus infinito e infinitamente bom, do que nasce um desejo ardente e sincero de as reparar;

    3 - Um cuidado constante para evitar ocasiões de pecado.
    site: portal carismático
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    domingo, 20 de fevereiro de 2011

    NOSSA BANDEIRA DEVE SER JESUS


    Músicos e artistas renovam seu compromisso
    com a Palavra

    Depois de seis anos de espera, o fim de semana de 15 a 17 de outubro foi marcado pelo encontro Nacional do Ministério de Música e Artes. A cidade de Paulínia, no interior de São Paulo, foi palco dessa grande festa que reuniu músicos, cantores, dançarinos e atores de todas as regiões do Brasil. Entretanto, a grande estrela do evento não foi nenhum artista. Todas as expressões artísticas foram depositadas aos pés do Senhor Jesus, o único digno de honra e glória.

    Foram dias intensos de oração e pregação, embalados por muita música, dança e teatro. Os mais de mil participantes do encontro refletiram sobre a missão dos ministros de música e artes e o seu papel neste tempo de reconstrução vivido pela RCC do Brasil.

    Durante a pregação, a coordenadora nacional do ministério, Juliane Morigi, falou sobre a necessidade dos ministérios de música também passarem por um processo de reconstrução para que os grupos de oração e todo o movimento sejam fortalecidos. “São muitos os ministérios destruídos pela falta de unidade e de oração, que acabam abandonando os grupos de oração para seguirem projetos pessoais. E a triste realidade são grupos de oração fechando ou tendo seu número reduzido por falta de comprometimento dos ministérios de música”, afirmou.

    As alternativas para que a realidade dos ministérios de música e artes sejam transformadas foram sendo indicadas ao longo das outras pregações do encontro. Durante a pregação do ex-coordenador do ministério, Eugênio jorge, os artistas foram exortados a investir na intimidade com o Senhor e serem cada vez mais amigos de Deus. Segundo o cantor: “Muitos levantam a bandeira da música católica. Pois abaixem essa bandeira e levantem a bandeira da Cruz de Cristo! Os servos que fazem a obra ‘para’ Deus farão muitas coisas e ficarão cansados. Mas aquele que conquistar a intimidade com Ele fará a obra ‘de’ Deus! Nosso chamada é para a glorificação de Deus e edificação de seu povo. Se Jesus não tem a você, ao seu coração, a Ele não interessará sua música, seu teatro, sua dança! Jesus prefere você calado, desde que Ele tenha a você, ao seu coração. Todo ministério eficaz será fruto de uma profunda intimidade com Jesus!

    Em sua última pregação, Juliane Morigi ressaltou a importância da Palavra fazer parte do cotidiano dos artistas para que um verdadeiro trabalho de evangelização seja realizado. “Retome a oração, a leitura da Palavra, os Sacramentos. Tem artista que quer falar de Jesus mas não ouve sua Palavra. Os músicos carregam caixas de som, bags pesados, e às vezes, chegam ao Grupo de Oração sem a Palavra de Deus”.

    Para que no meio dos ministérios nasça uma nova arte capaz de ser intrumento da ação de Deus, Juliane exorta: “Sejam obedientes a esta Palavra. Reúnam seus ministérios para irem junto à Missa, perguntem para Jesus: onde estamos errando? Onde precisamos melhorar? Para que o Senhor coloque a luz em seu ministério, pois é pela música que a mensagem pode chegar aos corações. A música chega onde não chega a pregação. E o Senhor vai nos inspirar novas músicas, danças, peças de teatro. Uma nova arte está escondida no Coração de Jesus para seu ministério.”

    Fonte: REVISTA RENOVAÇÃO
    ANO 12 – NÚMERO 66 – JANEIRO/FEVEREIRO 2011
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    sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

    Vós sois filhos da luz

    - "Outrora éreis trevas, mas agora sois filhos da luz no Senhor, procedei como filhos da luz" (Ef 5,8). Com estas palavras descreve o Apóstolo o itinerário da vida cristã: é passar das trevas da ignorância e do pecado para a luz da fé e da virtude. Este passar, porém, é progressivo: ocupa o espaço da nossa caminhada terrestre e só estará terminado quando chegarmos ao encontro face-a-face com a Luz Eterna. Então não haverá mais como crescer, ao passo que agora ainda há que progredir. Esta condição comunica à vida do cristão alguns traços característicos:

    −  a vida cristã é um contínuo anseio... anseio de Verdade, Amor, Vida sem contradição nem ameaça. Em suma... anseio daquilo que "o olho não viu, o ouvido jamais ouviu..." (1Cor 2,9). O cristão sabe que tudo é palha em comparação com aquilo que ele espera. É S. Agostinho quem escreve: "Até que isto se realize, nada de bom nos basta, e Deus queira que não baste, para que nosso desejo não se extinga no caminho, mas perdure até chegarmos ao fim”;

    −  a vida cristã não conhece o tédio do definhar e da decrepitude. Ao contrário, quanto mais próxima está do termo final, tanto mais penetrada e revigorada é pelo esplendor da Luz Eterna. Possui uma eterna juventude espiritual, tanto mais jovem quanto mais longeva;

    −  a vida cristã é uma vida de paz (paz que, segundo os mestres, é a tranqüilidade da ordem). É paz interior no íntimo do indivíduo, e paz irradiante, "contagiante", pois tende a estabelecer a tranqüilidade da ordem em torno de si. Essa paz é sinônimo de equanimidade: nem euforia exagerada nas horas prósperas, nem depressão acovardada nos momentos espinhosos. Não pode ser turbulento nem agitado aquele que caminha em demanda de Jerusalém (= a visão da paz);

    −  essa paz não se esvai nem mesmo nas fases de tentação inerentes à caminhada. Com efeito, a riqueza dos dons concedidos pelo Senhor ao caminheiro não exclui a luta, e luta candente, porque o cristão, frágil como é, sabe que pode perder o tesouro da Luz ou do encontro com Deus já contemplado nesta vida mediante o hábito da fé. Ressoa então muito viva a exortação do Senhor: "O que digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!" (Mc 13,37). O cristão tem consciência de que quem mais procura a Deus, mais sujeito está às provações; isto, porém, não o impede de dizer com o Apóstolo: "Alegro-me nas minhas tribulações" (Fl 1,18s).

    Eis um esboço de retrato do cristão que decorre das palavras de São Paulo em Ef 5,8. À Virgem Mãe dos homens (cuja glorificação é celebrada a 15/08) sejam confiados os anseios dos filhos da luz, que caminham em demanda da plenitude!

    Pe. Estêvão Bettencourt, OSB 
    Diretor da Escola Mater Ecclesiae
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    Quem reza não envelhece – Meditando Santa Bernadete Soubirous

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    Hoje os meios de comunicação nos proporcionam tomar conhecimento de algumas curiosidades que antes eram praticamente inacessíveis, sobretudo para uma comunidade que vive um estilo de vida de clausura. Através de revistas, jornais, vídeos, etc, pode-se enriquecer o próprio conhecimento como também pode-se perder tempo com inutilidades. A opção é de cada pessoa. Meses atrás recebemos um texto muito interessante, cujo autor não é identificado, com três fotos de Santa Bernadete Soubirous, a jovem que viu e conversou com Nossa Senhora, em Lourdes.
    Transcrevo um trecho sobre seu corpo incorrupto: “Bernardete morreu aos 35 anos e seu corpo foi desenterrado três vezes, num intervalo de 46 anos, devido ao processo de canonização com a incrível surpresa que sempre estava intacto, apesar de que seu rosário estava oxidado e o hábito úmido. Para surpresa dos médicos que a desenterraram, tudo nela estava intacto (e continua assim) começando pelo fígado, que segundo parece, é o primeiro que se danifica, assim como os dentes e as unhas. Acrescento que, Bernadete, foi a vidente para quem apareceu a Imaculada Conceição, a Virgem Maria, em uma gruta, às margens de um riacho em Lourdes. Além do mais, tantos anos depois de sua morte, por seu corpo corre ainda sangue líquido. É algo Sobrenatural e todo o sobrenatural, é obra de DEUS. O caso é que a Igreja decidiu pô-la numa urna de cristal em Lourdes, para a veneração de todos os que ali acodem. Hoje, Santa Bernardete teria 157 anos de idade”.

    Este texto veio com fotos bem nítidas do corpo da Santa que nos dão a impressão de uma jovem dormindo e não de uma pessoa falecida há tanto tempo. Fiquei pensando, em minha oração, o que Deus quer nos dizer com isto. Como uma jovem de 14 anos – hoje diríamos “adolescente” pois a maturidade nos tempos atuais, segundo os entendidos, chega mais tarde – que viu a Mãe de Deus tantas vezes e a quem lhe revelou que era a Imaculada Conceição, dogma mariano proclamado quatro anos antes e pouco conhecido pelo povo simples, como esta jovem conseguiu vencer tantos obstáculos e chegar à santidade que Deus esperava dela? E como através dela criou-se em torno da cidade de Lourdes uma verdadeira apoteose, com cerca de seis mil curas extraordinárias até hoje, onde a Virgem Maria parece gostar de atrair seus filhos e lhes abrir as compotas do céu? E por que mais esta graça da conservação extraordinária de seu corpo?

    Sabemos que incorruptibilidade do corpo não significa santidade, a santidade vai além, é mais a “incorruptibilidade do espírito”. É o amor que nos mantém sempre em sintonia com o Senhor da vida. Em 1Jo 2,17 está escrito que “aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. Este “permanecer para sempre” quase sempre entendemos como a recompensa da eternidade feliz junto de Deus no Céu, mas penso que às vezes Ele nos manda algum sinal de que para Ele nada é impossível e que se pode ultrapassar a lei da decomposição e qualquer outra lei da natureza. Deus pode, Deus faz!

    Santa Bernadete foi alguém que fez a vontade de Deus. Seu corpo incorrupto e tão bem conservado me faz pensar num mundo muito diferente, o mundo da “incorruptibilidade artificial” em que tantas pessoas estão mergulhadas tentando não envelhecer, lutando contra uma lei natural irreversível. Aplica-se um produto no rosto e desaparecem as rugas, faz-se uma lipoaspiração e lá se foram as gordurinhas acumuladas, plásticas se tornam cada vez mais comuns entre homens e mulheres e tudo isto está se tornando quase que uma lei. É preciso se cuidar, quem não faz é porque é desleixado, dizem, e outros muitos argumentos. Esquecem de olhar a obra da criação com os olhos de Deus. O feio e o bonito são o que há de mais relativo sobre a face da terra. Bem reza o ditado popular: “quem ama o feio bonito lhe parece”.

    Cada idade tem sua beleza e riqueza próprias. É belo um adolescente cheio de espinhas, com a voz em transformação, como é lindo um idoso com seus cabelos brancos ou todo calvo e enrugado, ou ainda um adulto com as marcas do tempo estampadas em seu corpo como troféus de quem conquistou maturidade e sabedoria. É preciso olhos limpos, puros para ver a beleza que há por detrás de cada coisa e de cada idade. E são estes olhos que nos farão ganhar o Reino dos Céus – “Bem aventurados os puros porque deles é o Reino dos Céus” – que só Deus pode nos dar. Podemos e devemos nos esforçar por adquiri-los, mas virão sempre como dom gratuito da bondade do Senhor. Pela oração é possível chegar lá.

    Se a oração é um “trato de amizade com Aquele que sabemos nos ama”, segundo afirma Santa Teresa de Ávila, ou é um “impulso do coração”, como dizia Santa Teresinha, então podemos perceber que estar em oração é estar diante de um espelho onde o próprio Senhor vai nos revelando quem somos e quem Ele é. Sabemos que Ele é eterna juventude, sempre aberto ao novo e sempre novo em todas as suas manifestações e em todo o seu ser, e gosta de se revelar a quem o procura com o coração aberto e sincero. Esta juventude eterna de Deus aos poucos vai sendo comunicada a quem o busca na oração e o orante vai se tornando cada vez mais aberto também ao novo e vai se renovando cada dia. As idéias, os conceitos, os gestos, os comportamentos vão tomando novo rumo, mais conformes ao jeito de ser do próprio Deus.

    Enquanto tantos se esforçam para manter uma aparência de jovens, mas são “velhos” porque vivem embriagados pelos velhos conceitos e contra valores do mundo, outros que não se idolatram nem se preocupam com sua estética de forma exagerada estão vivendo uma juventude que não acabará. Se pensarmos numa velhinha simpática como foi a Beata Teresa de Calcutá logo nos convenceremos de que juventude é outra coisa e que a aparência passa, como “passa a figura deste mundo”, mas o coração jovem permanece para sempre. Quem reza não pode envelhecer porque seria um contra senso. A oração verdadeira produz frutos de amor, generosidade, verdade, liberdade e tantos outros valores próprios de quem é jovem, ainda que em espírito.

    Santa Bernadete não envelheceu e continua nos gritando que o mais importante “é invisível aos olhos” e só uma profunda intimidade com Deus pode nos fazer belos e invulneráveis às marcas do tempo. É uma lição que podemos colher olhando para a vida de tantas pessoas conhecidas que estão sempre abertas ao novo, louvando sempre a Deus por tantas maravilhas que Ele tem realizado em nosso meio. Com sua simplicidade e despretensão Bernadete deixa-nos um grande questionamento sobre os frutos de nossa oração e como estamos fazendo para “rejuvenescer” este mundo e infundir nele os verdadeiros valores.

    Que esta Santa nos ajude a caminhar numa vida interior cada vez mais profunda que revele a beleza e a juventude daquele Deus Trino que trazemos em nós!
     
     Irmã Maria Elisabeth da Trindade
    Revista Shalom Maná
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    quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

    Nota da CNBB sobre ética e programas de TV

    BRASÍLIA, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org) – Apresentamos a nota que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nesta quarta-feira sobre ética e programas de TV.
    * * *
    Têm chegado à CNBB diversos pedidos de uma manifestação a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão, particularmente naqueles denominados Reality Shows, que têm o lucro como seu principal objetivo.
    Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, compreendendo a gravidade do problema e em atenção a esses pedidos, acolhendo o clamor de pessoas, famílias e organizações, vimos nos manifestar a respeito.
    Destacamos primeiramente o papel desempenhado pela TV em nosso País e os importantes serviços por ela prestados à Sociedade. Nesse sentido, muitos programas têm sido objeto de reconhecimento explícito por parte da Igreja com a concessão do Prêmio Clara de Assis para a Televisão, atribuído anualmente.
    Lamentamos, entretanto, que esses serviços, prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados reality shows, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira.
    Cônscios de nossa missão e responsabilidade evangelizadoras, exortamos a todos no sentido de se buscar um esforço comum pela superação desse mal na sociedade, sempre no respeito à legítima liberdade de expressão, que não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a Sociedade.
    Dirigimo-nos, antes de tudo, às emissoras de televisão, sugerindo-lhes uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado.
    Ao Ministério Público pedimos uma atenção mais acurada no acompanhamento e adequadas providências em relação à programação televisiva, identificando os evidentes malefícios que ela traz em desrespeito aos princípios basilares da Constituição Federal (Art. 1o, II e III).
    Aos pais, mães e educadores, atentos a sua responsabilidade na formação moral dos filhos e alunos, sugerimos que busquem através do diálogo formar neles o senso crítico indispensável e capaz de protegê-los contra essa exploração abusiva e imoral.
    Por fim, dirigimo-nos também aos anunciantes e agentes publicitários, alertando-os sobre o significado da associação de suas marcas a esse processo de degradação dos valores da sociedade.
    Rogamos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação, para que, usando esses maravilhosos meios, possamos juntos construir uma sociedade mais justa e humana.

    Brasília, 17 de fevereiro de 2011
    Dom Geraldo Lyrio Rocha
    Arcebispo de Mariana Presidente da CNBB
    Dom Luiz Soares Vieira
    Arcebispo de Manaus Vice-Presidente da CNBB
    Dom Dimas Lara Barbosa
    Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro Secretário Geral da CNBB
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    Filhos tornam o casamento mais feliz, afirma pesquisa.

    Isso é o que prova uma pesquisa feita por cientistas de Glasgow, no Reino Unido: O que deixa você feliz – pensar no sorriso do seu filho, passar horas brincando com ele ou vendo aquele DVD no sofá pela 10ª vez?
    Pois uma pesquisa realizada em na Universidade de Glasgow, no Reino Unido, acaba de comprovar: casais que têm filhos são mais felizes. E quanto maior o número de filhos, maior é a satisfação.
    O coordenador da pesquisa, Luis Angeles, acredita que o resultado é simples de entender: quando responderam sobre as coisas mais importantes de suas vidas, a maioria das pessoas casadas colocou os filhos no topo da lista. E a influência das crianças na satisfação dos pais está relacionada à maneira com que a família passa as horas de lazer e a satisfação da família com a vida social. Confirma-se o ensinamento de Deus e da Igreja:
    “A tarefa  fundamental da família é o serviço à vida. É realizar, através da história, a bênção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração de homem a homem.  Fecundidade é o fruto e o sinal do amor conjugal, o testemunho vivo da plena doação recíproca dos esposos” (Familiaris Consortio, 28).
    “O amor conjugal deve ser plenamente humano, exclusivo e aberto à nova vida” (GS, 50; HV, 11; FC, 29).
    “Vede, os filhos são um dom de Deus: é uma recompensa o fruto das entranhas.
    Tais como as flechas nas mãos do guerreiro, assim são os filhos gerados na juventude.
    Feliz o homem que assim encheu sua aljava: não será confundido quando defender a sua causa contra seus inimigos à porta da cidade”.  (Sl 126,3-5)
    “A Sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais”. (Cat.§ 2373).
    “Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e constituem um benefício máximo para os próprios pais” (§ 2378).
    O Papa João Paulo II disse:
    “Alguns perguntam-se se viver é bom ou se não teria sido melhor nem sequer ter nascido. Duvidam, portanto, da liceidade de chamar outros à vida, que talvez amaldiçoarão a sua existência num mundo cruel, cujos temores nem sequer são previsíveis. Outros pensam que são os únicos destinatários da técnica e excluem os demais, impondo-lhes meios contraceptivos ou técnicas ainda piores.
    “Nasceu assim uma mentalidade contra a vida (anti-life mentality), como emerge de muitas questões atuais: pense-se, por exemplo, num certo pânico derivado dos estudos dos ecólogos e dos futurólogos sobre a demografia, que exageram, às vezes, o perigo do incremento demográfico para a qualidade da vida.
    “Mas a Igreja crê firmemente que a vida humana, mesmo se débil e com sofrimento, é sempre um esplêndido dom do Deus da bondade. Contra o pessimismo e o egoísmo que obscurecem o mundo, a Igreja está do lado da vida” (Familiaris Consórtio, 30).
    “Naõ tenham medo da vida”. (João Paulo II)


    Profº Felipe Aquino
    Comunidade Canção Nova
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    quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

    "HOMENS BONS"

    Uma das impressões mais gratas e indeléveis da vida é ter conhecido um homem bom. Quando evocamos a figura de pessoas que nos marcaram pela sua bondade, sentimos um misto de admiração e agradecimento. Encontramo-las na vida, talvez tenhamos tido a fortuna de conviver com elas e, sempre que as recordamos, brota-nos de dentro o impulso de pensar ou de comentar: “Esse, sim, era um homem bom!Mas se nos perguntam por que dizemos de certa pessoa que é “boa”, possivelmente nos será difícil expressá-lo em poucas palavras. Talvez só consigamos descrever alguns traços dessa bondade que tanto nos toca, dizendo: é alguém que trata bem a todo o mundo, tem um coração grande, é compreensivo, prestativo, solícito..., seus sentimentos são puros e generosos... Ficaríamos, porém, com a impressão de não termos sabido exprimir cabalmente o que sentimos, da mesma maneira que não poderíamos explicar a luz do sol limitando-nos a descrever a incidência de alguns dos seus raios na folha verde, no azul de uma janela ou no rosto de uma criança.Em todo o caso, deixaríamos clara uma coisa, e é que consideramos boa uma pessoa que, dotada de especiais qualidades morais, exerceu sobre nós uma influência benfazeja. Pois acontece que a bondade é captada sobretudo pelos seus efeitos. Talvez não saibamos dizer com exatidão o que é, mas certamente sabemos que uma pessoa boa nos faz bem.Com efeito, a bondade, quando existe, nota-se pela sua irradiação. Este é um ponto essencial para captarmos o que é e o que significa.Sempre que há alguma irradiação – tanto nos seres físicos como nos espirituais –, é porque há “algo” que projeta o seu influxo. Do nada, nada irradia. Só a matéria incandescente é fonte de claridade e de calor. Da mesma forma, a ação benfazeja de um coração sobre o nosso só pode proceder de uma qualidade interior desse coração. O próprio Cristo fala-nos da bondade como de um tesouro interior do qual podem ser extraídas riquezas que beneficiam os outros: O homem bom tira boas coisas do seu bom tesouro; e o mau homem tira más coisas do seu mau tesouro (Mt 12, 35).
    O que é, porém, esse tesouro? Para início de reflexão, e antes de procurarmos uma resposta, muito nos poderá ajudar delimitarmos previamente as diferenças que separam a bondade aparente – falsa bondade – da bondade real.
    Fonte: Magnificat Missão Católica de Evangelização
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    Abismo que atrai abismos – consequências da fertilização “in vitro”



    A Igreja sempre rejeitou a fertilização in vitro. Hoje vê-se como é sábia essa proibição, diante das milhares e milhares de vidas que estão sendo sumariamente executadas.
    Gregório Vivanco Lopes
    É sabido que a Igreja Católica condena a chamada “fertilização in vitro”, ou seja, a junção, em laboratório, do princípio masculino de vida com o feminino, para formar artificialmente um embrião humano, uma nova vida. (Ver a respeito a “Instrução sobre o respeito à Vida Humana nascente e a dignidade da procriação”, de 22 de fevereiro de 1987, da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, assinada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger — hoje Papa Bento XVI — e aprovada pelo Papa João Paulo II).
    Nossa época, porém, sem se incomodar com a sábia proibição da Igreja, começou a produzir embriões humanos de modo como que industrial. E eles constituem seres vivos.
    Depois surgiu o problema: o que fazer com esses novos seres? Abyssus abyssum invocat (Ps 41,8) – um abismo atrai outro abismo. Os embriões foram congelados à espera de, algum dia, serem implantados numa mulher para que o processo de gestação se desenvolvesse.
    Desse modo “fabricaram-se” e armazenaram-se no gelo dezenas, centenas, milhares de embriões. Em certo momento veio a pergunta: o que fazer com esses seres vivos que abarrotam as geladeiras dos laboratórios?
    E a resposta novamente é: um abismo atrai outro abismo. Resolve-se simplesmente aplicar métodos nazistas: usá-los para pesquisas e, conforme o caso, matar aquelas vidas incipientes. É o que já estão fazendo em diversos países.
    O assassinato é simples. Não causa impressão nem derrama sangue. Um pouco de álcool mata o embrião que em seguida é incinerado junto com o lixo hospitalar. Sim, com o lixo… O Vaticano já qualificou o ato de “massacre pré-natal”.
    Tais embriões não devem ser mortos, não podem ser implantados; o que fazer com eles?
    Do absurdo tudo se segue. O problema aí está para ser resolvido pelos teólogos. Não teólogos de qualquer “teologia da libertação” ou congênere, mas pelos bons teólogos fiéis à doutrina sempre ensinada pela Igreja Católica.
    Entretanto, seja qual for a solução para esse difícil e intrincado problema, uma coisa é certa: tal situação só se tornou possível porque o abismo inicial da concepção “in vitro” não foi evitado. E esse abismo foi atraindo outros abismos, sucessivamente.
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