domingo, 29 de setembro de 2013

Os Arcanjos

Divididos em nove coros subordinados um ao outro, os anjos que se conservaram fiéis formam um exército invencível. Seu número é incalculável. Só há três anjos cujos nomes próprios as Escrituras Sagradas nos dão a conhecer.
São Miguel é o grande capitão do exército celeste. Seu nome Mi-cha-el significa, quem é igual a Deus? Quando Lúcifer, cego pelo ANJO_2.jpgorgulho, quis igualar-se ao Altíssimo, Miguel exclamou com voz trovejante: "Quem é igual a Deus?" E acompanhado pelos anjos fiéis, precipitou do alto dos céus a tropa rebelde dos apóstatas. Assim se tornou o generalíssimo do incontável exército dos santos anjos. Vê-se, nos profetas, que era o protetor do povo de Israel; agora o é da Igreja.
São Gabriel, cujo nome significa Força de Deus, anuncia ao profeta Daniel a época da grande obra de Deus, a época do Filho de Deus feito homem, Cristo condenado à morte, a remissão dos pecados, o Evangelho pregado a todas as nações, a ruína de Jerusalém e de seu templo, a condenação final do povo judeu. É o mesmo anjo Gabriel que prediz ao sacerdote Zacarias, no templo, no santuário, junto ao altar dos perfumes, o nascimento de um homem que será chamado João, ou cheio de graça, e que não mais anunciará a vinda do Salvador, mas que o apontará: "Eis o Cordeiro de Deus! Eis quem tira os pecados do mundo!" É o mesmo arcanjo, sempre enviado para anunciar grandes coisas, que irá à humilde casa de Nazaré anunciar à Virgem Maria a maior de todas as coisas; comunicar que, sem deixar de ser virgem, ela daria à luz ao Filho do Altíssimo, que seria chamado Jesus ou Salvador, porque seria o Salvador do mundo. É esse glorioso arcanjo que nos ensina a dizer tal como ele: "Ave-Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres!"
São Rafael, cujo nome significa Médico ou cura de Deus, dá-se a conhecer a Tobias: "Quando oráveis, vós e Sara vossa nora, ou apresentava o memorial de vossas orações diante do santo; e quando sepultáveis os mortos, estava presente junto de vós. Quando não vos recusáveis a levantar-vos da mesa e deixar vosso jantar para amortalhardes um morto, o bem que praticáveis não permanecia oculto; pois eu estava convosco. E por que éreis agradáveis a Deus, foi necessário que fosseis provados. Agora, porém, Deus enviou-me para curar-vos, a vós e a Sara, esposa de vosso Filho. Sou Rafael, um dos sete anjos que apresentam as orações dos santos, e que podem defrontar a majestade do Santíssimo!
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Todos os domingos, um incontável número de fiéis no orbe católico canta ou recita durante a celebração da sagrada Eucaristia o símbolo da nossa fé. As verdades de nossa santa religião são proclamadas, uma após outra, numa inspirada e sublime síntese, até completar a totalidade da única doutrina da fé: "Assim como a semente da mostarda contém num pequeníssimo grão um grande número de ramos - ensina-nos São Cirilo de Jerusalém -, da mesma forma este resumo da fé encerra em algumas palavras todo o conhecimento da verdadeira piedade contida no Antigo e no Novo Testamento".
"Creio em Deus Pai todo-poderoso!" Depois desta primeira e fundamental afirmação, da qual dependem todos os outros artigos do Credo, proclamamos em seguida "o começo da história da salvação": "Criador do Céu e da terra!"
O mistério da criação
Deus, Ser absoluto e eterno, não precisava de nenhuma criatura que Lhe rendesse homenagens e reconhecesse sua grandeza sem limites. Entretanto, em sua misericórdia, quis criar, não para aumentar a própria glória, intrínseca e sempiterna, mas para manifestar seu amor todo-poderoso e "comunicar sua glória" aos seres por Ele criados, fazendo-os participar de sua verdade, sua bondade e sua beleza.
Uma imensa multidão de criaturas diversas e desiguais - seres visíveis e invisíveis, inteligentes ou desprovidos de razão, dispostos numa maravilhosa hierarquia - constituiu então a Ordem do universo, reflexo da perfeição adorável danjo_3.jpgo Ser infinito, que só se manifestaria totalmente, na plenitude dos tempos, por seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, o Verbo eterno encarnado.
Explica o Doutor Angélico que "todo efeito representa algo da sua causa". Assim, em todas as criaturas podemos encontrar vestígios da eterna Sabedoria que as tirou do nada: nos astros que enchem as vastidões do firmamento e cujas constelações encontramse separadas, às vezes, por milhões de anos-luz; nos diminutos grãos de areia, jamais iguais entre si, que cobrem desertos e praias; na variedade assombrosa de vegetais, que vai da "erva do campo que hoje existe e amanhã é queimada" (Mt 6, 30) às seculares sequóias e jequitibás; no admirável instinto dos insetos, na fidelidade quase inteligente de um cão, na delicadeza virginal de um arminho, nos milhares de micróbios que podem pulular numa gota de água... Mas quis Deus espelhar-se sobretudo no homem, criando-o à sua imagem. E ao constituí-lo um composto de corpo corruptível e alma imortal, o tornou elo de ligação entre a matéria e o mundo espiritual.
O mundo angélico
Porém, no alto desta grandiosa hierarquia, "superando em perfeição todas as criaturas visíveis", colocou Deus a natureza angélica: espíritos puros, inteligentes e capazes de amar, cheios da graça divina desde o início de sua existência, na aurora da primeira manhã da criação. Distribuídos e ordenados por Deus em nove coros - Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos - constituem o exército da celeste Jerusalém e receberam a tríplice missão de perpétuos adoradores da Santíssima Trindade, executores dos divinos desígnios e protetores do gênero humano.
Imensa e incalculável é esta corte do Senhor. "Porventura podem ser contadas as suas legiões?", pergunta o livro de Jó (25, 3). E o profeta Daniel, abismado, escreveu: "Eram milhares de milhares os que o serviam, e mil milhões os que assistiam diante d'Ele" (Dn 7, 10). Entretanto, cada um desses espíritos possui uma personalidade própria, inconfundível e específica, não havendo sido criado um igual ao outro.
O primeiro dos anjos
A tanta diversidade e esplendor quis Deus colocar um ápice, um ponto monárquico, um ser que espelhasse de modo inigualável a luz eterna e inextinguível. Maravilha dentre as maravilhas, obra-prima do mundo angélico, fulgurava no mais alto dos coros e todos extasiavam-se diante dele. "Tu és o selo da semelhança de Deus, cheio de sabedoria e perfeito na beleza; tu vivias nas delícias do paraíso de Deus e tudo foi empregado em realçar a tua formosura!" (cf. Ez 28, 12-13).
Sendo o primeiro dos serafins, iluminava todos os espíritos celestes com os reflexos da divindade que sua inteligência ímpar discernia com o auxílio da graça. Lúcifer era seu nome: o que levava a luz...
A prova dos espíritos celestes
Entretanto, antes de poder contemplar, por toda a eternidade, a essência de Deus, deviam os anjos passar por uma prova, e apesar da altíssima perfeição da sua natureza, "não podiam dirigir-se a esta bem-aventurança por sua vontade, sem ajuda da graça de Deus".
Diante deles a face do Ser infinito permanecia como que envolta em penumbras e só seus reflexos eram capazes de alimentar o ardente amor das legiões do Senhor.
Segundo afirmam Tertuliano, São Cipriano, São Basílio, São Bernardo e outros santos, a prova que decidiu o destino eterno dos espíritos angélicos foi o aSan Gabriel Pq S Sulpice Fougeres.jpgnúncio da Encarnação do Verbo, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, o qual haveria de nascer da Virgem Maria.
Podemos imaginar, então, que um frêmito de assombro percorreu as fileiras das milícias celestes ao conhecerem intuitivamente, por uma ação de Deus, o plano da Salvação: o Criador eterno, inacessível, todo-poderoso, se uniria hipostaticamente à natureza humana, elevando-a assim até o trono do Altíssimo; e uma mulher, a Mãe de Deus, tornar-se-ia medianeira de todas as graças, seria exaltada por cima dos coros angélicos e coroada Rainha do universo!
O inexplicável surgia diante dos anjos como sendo o píncaro e o centro da obra da criação.
A prova havia chegado. Amar sem entender! Amar sobre todas as coisas ao Deus Altíssimo que numa sublime manifestação de seu amor havia tirado do nada todas as criaturas! Reconhecer, num supremo lance de adoração e submissão, a superioridade infinita da Bondade absoluta e eterna! Era este o ato que confirmaria os espíritos angélicos na graça divina e os introduziria na visão beatífica para todo o sempre.
A primeira revolução da História
Lúcifer, porém, duvidou diante de um mistério que ultrapassava seu angélico entendimento. Será que Deus ignorava a natureza perfeitíssima dos anjos e preferia unir-Se a um ser humano, tão inferior a eles na ordem das criaturas? Ele, o mais alto dos serafins, seria compelido a adorar um homem? "Esta união hipostática do homem com o Verbo pareceu-lhe intolerável e desejou que fosse realizada com ele", afirma Cornélio a Lápide. Sim, só a ele mesmo, Lúcifer, "o perfeito desde o dia da criação" (Ez 28, 15), deveria Deus unir-Se e deste modo constituí-lo como o mediador único e necessário entre o Criador e as criaturas. Assim, "aquele que do nada havia sido feito anjo, comparando-se, cheio de soberba, com o seu Criador, pretendeu roubar o que era próprio do Filho de Deus", conclui São Bernardo.
"O anjo pecou querendo ser como Deus" e o príncipe da luz tornou- se trevas.
Fez-se ouvir o primeiro grito de revolta da história da criação: "Não servirei! Subirei até o Céu, estabelecerei o meu trono acima dos astros de Deus, sentar-me-ei sobre o monte da aliança! Serei semelhante ao Altíssimo!" (cf. Is 14,13-14).
O defensor da glória de Deus
Ecoou, então, um brado no Céu: "Quem como Deus?"
Entre o anjo revoltado e o trono do Todo-Poderoso erguia-se "um dos primeiros príncipes" (São Miguel.jpgDn 10, 3), um serafim incomparavelmente mais esplendoroso e forte do que havia sido "o que levava a luz". Quem era este que ousava desafiar o mais alto dos anjos e agora refulgia invencível, revestido do "poder da justiça divina, mais forte que toda a força natural dos anjos"?
Quem era este? Chama viva de amor, labareda de zelo e humildade, executor da divina justiça.
"Quem como Deus?" - Milhões de milhões dos espíritos celestes repetiram o mesmo brado de fidelidade. "Quem como Deus?" - Este sinal de fidelidade, que em hebraico se diz Mi-ka-el, passou a ser o nome daquele serafim que por sua caridade ímpar foi o primeiro a levantar-se em defesa da Majestade ofendida.
Michael, Miguel: nome que exprime, em sua sonora brevidade, o louvor mais completo, a adoração mais perfeita, o reconhecimento mais cheio de amor da transcendência divina e a confissão mais humilde da contingência da criatura.
A primeira batalha de uma guerra eterna
"Houve no Céu uma grande batalha" (Ap 12, 7). Luta entre anjos e demônios, luta da luz contra as trevas, da fidelidade contra a soberba, da humildade e da ordem contra o orgulho e a desordem. "Miguel e os seus anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejavam contra ele" (Ap 12, 7).
Satanás, desvairado de orgulho e "obstinado em seu pecado", "arrastou a terça parte" (Ap 12, 4) dos espíritos angélicos, submergindo-os consigo nas trevas eternas da revolta. Porém, estes não prevaleceram, nem o seu lugar se encontrou mais no Céu. Foi precipitado aquele grande dragão, que se chama demônio e Satanás, e foram junto com ele os seus anjos (cf. Ap 12, 8-9) nos abismos tenebrosos do inferno (cf. 2Pd 2, 4).
Um imenso clamor encheu o universo: Como caíste do céu, ó astro resplandecente, que no nascer do dia brilhavas? (cf. Is 14, 12). A tua soberba foi abatida até os infernos! (cf. Is 14, 11). E enquanto o serafim revoltado era visto "cair do céu como um relâmpago" (Lc 10, 18) e ser condenado ao fogo inextinguível, "preparado para ele e os seu anjos" (Mt 25, 41), São Miguel era elevado pelo Rei eterno ao píncaro da hierarquia dos anjos fiéis e se tornava o "gloriosíssimo príncipe da milícia celeste", como é designado pela liturgia da Santa Igreja Católica.
O novo campo de batalha
Restabelecida a ordem nos céus angélicos, o campo de batalha onde prosseguiu a luta entre a luz e as trevas passou a ser a terra dos homens. O anjo destronado conseguiu seduzir nossos primeiros pais a pecarem, como ele, contra o Altíssimo, querendo ser como deuses (cf. Gn 3,5), e o Senhor Deus declarou guerra ao tentador: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela" (Gn 3, 15).
San Miguel Pquia-San-Miguel-Dijon-Francia.jpg
A partir deste momento uma luta árdua contra o poder das trevas perpassa a história da humanidade. Iniciada na origem do mundo, vai durar até o último dia, segundo as palavras do Senhor. Inserido nesta batalha, o homem deve lutar sempre para aderir ao bem.
Neste combate, além das armas decisivas da graça de Deus, que recebemos superabundantemente por meio dos sacramentos, contam os homens com o auxílio e a proteção dos anjos. E ao príncipe da Jerusalém celeste corresponde a capitania de todas as legiões angélicas na luta contra as forças do inferno, pela salvação das almas. Assim, São Miguel continua na terra a luta triunfal que iniciou no Céu.
Protetor do povo eleito e da Santa Igreja
Foi São Miguel o anjo tutelar do povo de Israel.
Nas Sagradas Escrituras, é ele mencionado pela primeira vez no livro de Daniel. Este profeta, ao escrever as revelações recebidas do anjo Gabriel sobre o combate para libertar a nação eleita da servidão aos persas, afirma que ninguém a defenderá "a não ser Miguel, vosso príncipe" (Dn 10, 22). E acrescenta ao narrar as tribulações de épocas vindouras: "Naquele tempo, surgirá Miguel, o grande príncipe, o protetor dos filhos de seu povo" (Dn 12, 1).
O serafim da fidelidade não cessou de proteger o povo de Israel e velar pela fé da Sinagoga até o momento supremo da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Escureceu-se o sol e houve trevas, a terra tremeu, fenderam-se as rochas e o véu do Templo - monumental tecido de jacinto, púrpura e escarlate que cobria a entrada do impenetrável "Santo dos Santos" - rasgou-se em duas partes, de alto a baixo (cf. Mt 27, 51; Mc 15, 38; Lc 23, 45). Narra- nos o famoso historiador judeu, Flávio Josefo, que depois desses acontecimentos os próprios sacerdotes do Templo escutaram dentro do recinto sagrado uma misteriosa voz que clamava repetidas vezes: "Saiamos daqui!" (15).
São Miguel, a sentinela de Israel, abandonava definitivamente o Templo da Antiga Aliança, inútil agora, porque o único e verdadeiro sacrifício acabava de consumar-se no alto do Calvário. Do coração trespassado do Cordeiro Imaculado nascia a Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo, Templo eterno do Espírito Santo. E a partir desse instante, Miguel o triunfador, o primeiro adorador do Verbo encarnado, tornou-se também o vigilante protetor da única Igreja de Deus.
A este respeito escreveu o cardeal Shuster: "Depois do ofício de pai legal de Jesus Cristo, que corresponde a São José, não há na terra nenhum ministério mais importante e mais sublime do que o conferido a São Miguel: protetor e defensor da Igreja" (16).
Fonte: Arautos do Evangelho
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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Você sabe REFUTAR os argumentos abortistas também pela ética natural?

As multitudinárias manifestações do povo contra o aborto, em diversos países, mostram como a maioria da população defende a vida dos seres humanos mais inocentes, fracos e indefesos, que ainda estão sendo gestados no útero materno.
Frente às campanhas a favor da legalização do aborto, muitas pessoas e organizações se manifestam em defesa da vidacomo o primeiro valor e o direito humano fundamental, do qual dependem todos os demais.
As associações que lutam pela legalização do aborto utilizam uma série de argumentos que podem ser analisados a partir da ética natural, sustentada por dados científicos.
Um primeiro argumento nega que o nasciturus, nome jurídico clássico para designar o embrião ou feto, seja um ser humano antes da nidação, nas primeiras semanas ou meses.
Esta afirmação é incompatível com a biologia moderna, que mostra como, pela fusão do óvulo com o espermatozoide, acontece a concepção de um novo ser humano, que já possui os elementos essenciais da sua identidade genômica e cromossômica, além de uma energia endógena que o impulsiona a desenvolver-se.
O argumento mais radical a favor do aborto diz que a mulher tem direito de decidir sobre o seu próprio corpo e, portanto, também de “interromper a gravidez”, denominação eufemística com a qual se pretende mascarar que o aborto é um crime abominável.
Este argumento é falaz e constitui um grave retrocesso jurídico a épocas nas quais predominava a lei do mais forte. O novo ser humano, ainda que esteja dentro do útero feminino e dependa da mulher para sobreviver, não faz parte do corpo dela, mas possui características biológicas diferentes das dos progenitores.
O argumento de que a gravidez não foi desejada tampouco é válido, sobretudo se a mulher aceitou ter contato sexual com o homem. Toda pessoa é responsável pelos seus atos e por suas possíveis consequências, ainda que depois se arrependa.
Muito mais sutil é o argumento da gravidez oriunda de um estupro. Segundo este argumento, a mulher estuprada não tem por que levar adiante uma gravidez à qual foi forçada, contra sua vontade.
No entanto, ainda neste caso é preciso afirmar que toda pessoa tem obrigação de atender e salvar a vida de outros seres humanos em perigo, ainda quando não tenha sido responsável por esta situação.
Tal é o caso de um acidente, no qual uma pessoa ferida pede auxílio a alguém que está passando por perto. É um dever prestar auxílio, especialmente quando o risco de vida é manifesto e grave. A omissão deste dever ético é considerada delito em muitos códigos penais.
No caso de um estupro, a mulher deve prestar ajuda solidária ao ser humano inocente que ela carrega em seu interior. Se, ao nascer, ela não se considera em condições de cuidar dele, existe o dever solidário da sociedade de encontrar alguma instituição ou família que queira atendê-lo ou adotá-lo.
Outro argumento abortista destaca que há casos nos quais a vida da mulher está em risco. Podemos responder a isso indicando, em primeiro lugar, que a gravidez não é uma doença. Graças aos avanços médicos, os casos nos quais é preciso escolher entre a vida da mãe e a do filho são quase inexistentes; um tumor interino pode ser combatido sem prejudicar o nasciturus.
No caso extremo de uma gravidez ectópica, quando não se pode implantar o embrião no endométrio, é ético retirar o embrião, sem matá-lo, ainda que prevendo que ele morrerá, por não ser viável.
Na gravidez de uma adolescente, há certo risco, mas seu organismo, se já começou a ovular, também está preparado para a gravidez e para o parto, seja ele natural ou por meio de uma cesárea. Certamente, a adolescente precisará de um cuidado especial pré e pós-natal.
Recordemos que a ética natural e a moral cristã consideram o aborto provocado como uma transgressão grave, mas não é assim com o aborto espontâneo, consequência de um acidente involuntário, nem tampouco o aborto indireto, produzido por um efeito colateral, não pretendido, de um tratamento ou medicamento que buscava curar a mãe.
Em algumas legislações, o aborto é despenalizado e/ou legalizado quando se detectam más-formações  nonasciturus. Para isso, são feitos diagnósticos pré-natais. Especialmente no caso de anencefalia, recomendam oaborto, já que o bebê certamente morrerá logo após o nascimento.
Em alguns países, como a Holanda, permite-se inclusive eliminar o já nascido, com a justificativa de que assim se evita que haja crianças com problemas sérios, e que a família tenha muitos gastos médicos.
Respondemos a este argumento indicando, em primeiro lugar, que alguns exames pré-natais, sobretudo os realizados nas primeiras semanas da gravidez, podem prejudicar o próprio bebê em gestação, e inclusive apresentar resultados falsos. Mas, ainda que sejam resultados certos, o aborto de fetos com má-formação é uma grave a intolerável discriminação.
Com relação aos anencéfalos, cuja morte é previsível, é crueldade matá-los. Eles merecem ser cuidados e respeitados. Para os pais, quando seu filho nascer, será um grande consolo poder atendê-lo com carinho até que morra naturalmente, dando-lhe digna sepultura e evitando, assim, que os seus restos sejam jogados no lixo.
Outro argumento a favor da legalização do aborto afirma que muitas mulheres morrem ou contraem doenças devido a abortos malfeitos, já que estes são executados por pessoas incompetentes e em condições pouco higiênicas. A legalização, então, permitiria o “aborto seguro” e diminuiria a taxa de mortalidade materna.
Respondemos a este argumento desvelando que, nas campanhas a favor do aborto, frequentemente se exagera o número de mortes maternas para comover a opinião pública. O Dr. Bernard Nathanson, ex-abortista, confirmou que as campanhas pró-aborto que ele dirigia costumavam falsificar as estatísticas.
Por outro lado, a mortalidade materna não é reduzida com a legalização do aborto, já que tudo é traumático e a mulher corre um grande risco. A saúde materna só será protegida com políticas públicas eficientes, voltadas para a saúde da mãe e do filho.
Também se argumenta que, nos países em que o aborto é penalizado, há poucas condenações de médicos abortistas. Portanto, seria preferível tolerar o aborto, despenalizando-o ou legalizando-o.
Acreditamos, no entanto, que esta proposta é injusta. A tolerância não pode ser um argumento para legalizar delitos contra a vida, já que o direito à vida é o primeiro e mais fundamental de todos os direitos humanos. O aborto é um crime.
A solução seria que os governos defendessem e protegessem a vida dos seres humanos não nascidos, sancionando os abortistas e fechando as clínicas de aborto, já que uma das funções do Estado é precisamente defender a vida.
Algumas feministas radicais defendem que o aborto é uma questão unicamente de mulheres, já que são elas as que suportam a gravidez e o parto. Este argumento é falso, já que ignora que toda criança também tem um pai e que, além disso, a defesa da vida é um dever solidário de todas as pessoas. O aborto afeta todas as pessoas, não só as mulheres.
Cabe aqui fazer uma reflexão complementar. Na China, foi imposta a política do filho único e as pessoas são obrigadas a pagar multas exorbitantes, se não abortarem o segundo filho ou os seguintes. Mas esta medida é frequentemente transformada em aborto seletivo das meninas, por serem consideradas de menor valor.
Com isso, origina-se um desequilíbrio demográfico de gênero, criando graves problemas sociais e aumentando a prostituição, o tráfico de mulheres e a violência de gênero.
Finalmente, não podemos nos esquecer de que a mulher que aborta acaba sendo a segunda vítima deste crime. Muitas vezes, sofre da síndrome pós-aborto, com características somáticas e psíquicas, como perfurações no útero, infecções, partos precoces, esterilidade, câncer de mama etc. Também poderá sofrer obsessões, pesadelos, baixa autoestima, tendência à dependência química e ao suicídio.
Esta síndrome reflete o profundo conflito de consciência que atormenta a mulher que abortou e que ela dificilmente poderá superar, se não se arrepender e pedir perdão ao filho abortado e ao Deus da vida que é, antes de tudo, amor e misericórdia.
Carmadélio
Com. Católica Shalom
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São Pio de Pietrelcina: o santo de todos os dias

Aproximar-se dos santos é uma aventura rica e apaixonante; nos sentimos atraídos a viver como eles e a sermos apaixonados por Deus como eles. Quem encontra um “tesouro ou uma pérola preciosa” vai, vende tudo o que tem para comprar este tesouro.
É interessante contemplar a vida dos santos. São pessoas iguais a nós, frágeis, fracas, cheias até de defeitos, mas que lutaram contra si mesmas para revestir-se de Cristo. Foram provados pelas “noites escuras”, foram visitados pela dor e sofrimento, perceberam como é duro em certos momentos carregar a cruz de Cristo, mas nunca desanimaram porque queriam ser como Jesus. Nada melhor para “reavivar em nós a chama do amor de Deus”. Sem os santos a Igreja correria o risco de se acomodar e de se tornar medíocre. Os santos nos acordam do nosso sono e tranqüilidade. Não há nenhum santo igual ao outro, como não há nenhuma folha de árvore igual a outra, nenhuma pétala… todos somos diferentes. Deus nos criou por amor e o amor não se repete nunca, é sempre novo, sempre fiel e criativo. Nada mais belo que parar e contemplar os santos, “amigos de Deus e nossos amigos”.
Frei Pio da Pietrelcina é um santo curioso, amável, cheio de vida, ternura, simplicidade. Possui um forte senso de humanidade e compreensão para com todos os que sofrem. Diríamos porém que é um “santo rude, de maneiras exigentes e às vezes até brutas, mas sempre para que as pessoas, caindo em si mesmas, possam voltar a Deus.”
Padre Pio, mistério de Deus
A vida do Frei Pio foi longa, difícil, mas cheia do amor de Deus e de aventuras humanas e divinas. Nasceu em 1887 e morreu em 1968, com 81anos, vividos com intensidade, todo ao serviço de Deus e dos irmãos. Descobriu a missão de ser apóstolo da misericórdia de Deus para os pecadores. Dedicava-se horas e horas ao apostolado do confessionário. Podemos destacar no Padre Pio um amor apaixonado pelos pecadores que encontravam nele uma palavra de ânimo, coragem e perdão, ou às vezes uma palavra dura e forte para que pudessem compreender os próprios erros e se converterem.
É interessante notar que em 1887, também na vida de outra grande santa, acontece algo de impressionante, a descoberta da sua vocação para se dedicar à salvação dos pecadores. Santa Teresinha tem 14 anos, está toda animada com a idéia de entrar no Carmelo aos 15. Será neste ano que realiza a sua visita a Roma e que pede ao Papa Leão XIII permissão para entrar no Carmelo. Mas o que é bonito é que ela descobre, lendo escondidamente o jornal “La Croix”, que o assassino Alessandro Pranzini está para ser condenado à guilhotina e Teresinha suplica ao Senhor por ele que, antes de morrer, dá sinais de conversão. Teresinha, cheia de alegria, contará mais tarde na História de uma Alma este fato… “Apesar da proibição de papai de lermos jornais, não pensava desobedecer lendo aspassagens que falavam de Pranzini. No dia seguinte à sua execução, cai-me às mãos o jornal La Croix. Abro-o apressada e o que vejo?… Ah! minhas lágrimas traíram minha emoção e fui obrigada a me esconder… Pranzini não se confessou, subiu ao cadafalso e preparava-se para colocar a cabeça no buraco lúgubre quando, numa inspiração repentina, virou-se, apanhou um Crucifixo que lhe apresentava o sacerdote e beijou por três vezes suas chagas sagradas!… Sua alma foi receber a sentença misericordiosa.” (MA 46f)
Padre Pio de Pietrelcina tinha a plena consciência de que era um “mistério” para os outros e para si mesmo. Viveu a santidade na simplicidade de sua vida. Os fenômenos extraordinários com que foi enriquecido por Deus, por exemplo, os estigmas, levitação, conhecimento das consciências, ou bilocação… tudo isto não comprova a sua santidade. De fato o que faz umsanto não são os fenômenos, mas sim a vivência heróica das virtudes teologais.
Padre Pio sempre se sentiu “humilhado” por ter recebido de Deus estes sinais extraordinários. Ele sempre quis que as pessoas agradecessema Jesus Cristo e não a ele. Nunca o humilde frade capuchinho serviu-se dos dons extraordinários de Deus para fazer “propaganda de si mesmo”. Fugia com todos os meios de todas as pessoas que queriam ver suas “chagas”. Esta atitude é muito importante para a nossa vida de cada dia. Uma lição sublime que podemos aprender.
Não precisamos colocar em evidência os nossos dons, o Senhor se encarrega disto. Não necessitamos que os outros nos promovam, será sempre o Espírito Santo que vai agindo em nós. A exemplo de Jesus quando o queriam fazer rei porque tinha multiplicado os pães, Ele fugiu, escondeu-se, subiu ao monte para rezar… assim não precisamos de autoprojeção no bem que fazemos. O Senhor deve nos usar como bem lhe agrada.
Padre Pio de Pietrelcina não dava nenhuma importância aos fenômenos grandiosos que ele tinha, aliás, estes mesmos fenômenos eram para ele um peso, uma cruz quase insuportável.
Sentia-se mistério para si mesmo e não compreendia por que Deus o tinha escolhido para tão grande missão. Quando foi impedido de celebrar com o povo a Eucaristia e de atender às confissões confidenciou com alguém mais próximo: “Tirar o ministério do altar e das confissões a um sacerdote significa matá-lo!” Ao mesmo tempo que ele sentia sobre si todo o peso da graça de Deus também não era compreendido pelos outros. Nem pelos seus confrades que o viam no início como um impostor; nem pelas autoridades religiosas. Roma o considerava um elemento perigoso. E nem pelos livres pensadores ateus que viam nele somente um enganador do povo.
Mas então quem compreendia o Padre Pio? Deus que o amava imensamente até ao ponto de conceder-lhe o sinal mais visível da paixão do seu Filho Unigênito. E o povo simples que vinha de longe enfrentando perigos e dificuldades para estar por breves minutos com “il santo frate” de San Giovanni Rotondo.
O demônio, inimigo dos santos
Seria de estranhar que o demônio, inimigo declarado de Deus e de todo o bem fosse amigo do Padre Pio de Pietrelcina. São João da Cruz, que entendia bem de Deus e do demônio, nos recorda que o demônio não suporta os santos e os persegue declaradamente e com todos os meios.
Quando lemos a vida de Padre Pio permanecemos intrigados de como o demônio pode lutar tanto contra este frade humilde, pobre e simples. Mas na verdade, toda a preocupação do santo capuchinho era lutar contra o mal e salvar almas. Como pode o mal estar tranqüilo diante de tudo isto? Não somente eram tentações que poderíamos chamar “normais”, de qualquer pessoa que luta para ser santo, mas investidas físicas, lutas corporais. O demônio acordava o Padre Pio no meio da noite e batia nele até deixá-lo meio morto. São fatos que têm suas explicações os que têm fé e nunca para os incrédulos.
Mas o que provavelmente mais fez sofrer a São Pio de Pietrelcina não foram os ataques diretos do demônio mas sim uma rede de mal que se criou ao seu redor, vestida de bem, de luz e de defesa da verdade. Ainda vale a pena recordar o que diz João da Cruz: o demônio sabe se “vestir em anjo de luz” para enganar melhor aos outros.
Padre Pio porém, animado e fortalecido pela graça de Deus aceitou toda esta terrível noite escura com serenidade, amor, generosidade e plena e total obediência à Igreja que, para ele, lhe transmitia a vontade de Deus. Padre Pio será sempre para todos o exemplo de uma fidelidade única à Igreja.
Padre Pio: contador de piadas
Somos acostumados a ver os santos sempre de óculos escuros, sérios e pouco sorridentes. Isso é um grande erro. Deus é feliz e é sempre sorriso e alegria para os seus filhos. E como é edificante encontrar pessoas que nós consideramos santas e que ao mesmo tempo são cheias de alegria e sabem viver a vida na sua normalidade. Afinal, dizia um santo Padre do deserto, também os santos comem e bebem, dormem e choram, e riem como todos os outros. Padre Pio gostava de contar piadas e alegrar os seus frades com anedotas que sabia contar com um espírito todo particular no seu dialeto. Há até uma coleção de piadas do Padre Pio.
Dizem que uma vez Padre Pio estava na horta do convento passeando com os demais frades. Todos falavam sobre tudo. A um certo momento Padre Pio diz: “Vocês sabem como se chama o diabo?”
Cada um deu uma resposta: Belzebu, satanás, demônio… lúcifer…
E o Padre Pio, com serenidade diz: “Não, não!”
E então, como se chama, Padre Pio, o diabo?
E o padre, com muita perspicácia diz: “Quando dizemos: Eu, eu faço, eu digo, eu posso, eu alcanço, eu conquisto… eu, eu e eu… Isto é overdadeiro diabo.”
São Pio, modelo para todos
São Pio de Pietrelcina é modelo para todos nós. Modelo de quê? Antes de mais nada de docilidade em acolher das mãos de Deus tudo o que Ele nos envia. É necessário acolher das mãos de Deus tudo porque Ele e somente Ele sabe o que nos convém para a nossa santidade. Às vezes o Senhor concede dons que criam “dificuldades” para os que os têm porque, colocando-os ao serviço dos outros, provocam inveja, ciúme, incompreensões, divisões… Mas o amigo de Deus, sendo verdadeiro profeta, não pode trair nem a si mesmo nem a Deus e nem aos outros.
Padre Pio se faz para nós modelo de simplicidade. Deus, para realizar a grande obra que queria realizar na sua Igreja para o benefício dos sofredores, não foi buscar nem poderosos nem doutos mas gente pobre e humilde. O grande complexo que Padre Pio criou chamado “Casa Alívio do Sofrimento” foi e é fruto de doações anônimas de milhões de pessoas. Deus sempre age assim. Os pequenos não precisam de “pedestal” para se fazerem conhecidos, é Deus quem se revela neles.
Padre Pio é para todos modelo de amor à cruz, ele a carregou com amor, generosidade e sempre com o sorriso nos lábios. E é também modelo de profeta. Soube dizer não a todos quando foi necessário, sem medo. Por isso os nossos “sims” a Deus que muitas vezes nos fazem atravessar desertos e solidões duras, trazem ao nosso coração uma grande alegria, a alegria de fazer a vontadede Deus.
Os fenômenos místicos do Padre Pio de Pietrelcina não são o mais importante, eles não são necessários para a santidade. Fixemos antes onosso olhar neste pobre e humilde servo de Jesus e imitador de São Francisco de Assis.
Frei Patrício Sciadini, ocd
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O que é a Bíblia?

A Bíblia foi escrita por orientais que têm uma mentalidade bem diferente da greco-romana, da qual nós descendemos. Diversos foram os seus escritores, que viveram entre os anos 1200 a.C. a 100 d.C. Isso, sem contar que foi escrita em línguas hoje inexistentes ou totalmente modificadas, como o hebraico, o grego, o aramaico, fato este que dificulta enormemente uma tradução, pois muitas vezes não se encontram palavras adequadas.Outra razão para se considerar a Bíblia um livro difícil é que ela foi escrita por muitas pessoas, ás vezes até desconhecidas e em situações concretas as mais diversas. Por isso, para bem entendê-la é necessário colocar-se dentro das situações vividas pelo escritor, o que é de todo impraticável. Quando muito, consegue-se uma aproximação metodológica deste entendimento.
Além do mais, a Bíblia é um livro inspirado e é muito importante saber entender esta inspiração, para haurir com proveito a mensagem subjacente em suas palavras. Dizer que a Bíblia é inspirada não quer dizer que o escritor sagrado (ou hagiógrafo) foi um mero instrumento nas mãos de Deus, recebendo mensagens ao modo psicográfico. É necessário entender o significado mais próprio da ‘inspiração’ bíblica, assunto que será abordado na continuação.
Entre os católicos, o interesse por conhecer a Bíblia praticamente começou após o Concílio Vaticano II, ou seja, a partir dos anos ’60. (…) Uma interpretação ao “pé da letra” não revela o sentido mais adequado de todas as palavras.
Para que não aconteça conosco incidir neste equívoco, devemos aprender a nos colocar na situação histórica de cada escritor em cada livro, conhecer a situação social concreta da sociedade em que ele viveu, procurar entender o que aquilo significou no seu tempo e só então tentar aplicar a sua mensagem ás nossas circunstâncias atuais.
1. O que é a Bíblia?
Definição do Concilio Vaticano II:
“A Bíblia é o conjunto de livros que, tendo sido escritos sob a inspiração do Espirito Santo, têm Deus como autor, e como tais foram entregues à Igreja”.
TESTAMENTO (novo ou antigo): é a tradução da palavra hebraica “berite” que significa a aliança de Deus com o povo por Moisés. Na tradução dos 70 a palavra “berite” foi traduzida por “diatheke”, que em grego quer dizer aliança, contrato, testamento.
OBS: A ‘tradução dos 70′ é uma das versões mais antigas da Bíblia. Segundo a tradição, este trabalho teria sido realizado por 70 sábios da antiguidade.
2. Quais as partes que compõem a Bíblia?
A Bíblia se divide em duas partes principais: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. O Antigo refere-se ao período anterior a Jesus Cristo e o Novo se refere ao período cristão. Cada uma destas partes se compõe de diversos ‘livros’, escritos em épocas históricas diferentes. A seguir, a relação dos livros com uma breve referência ao conteúdo deles.
LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
Pentateuco (cinco primeiros livros: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números, Deuteronômio)
Josué (narra a entrada do povo de Deus na Palestina)
Juizes (narra a conquista da Palestina)
I e II de Samuel (relatos da época de Saul e Davi, continuação da conquista)
I e II dos Reis (relatos sobre Salomão e seus sucessores)
I e II das Crônicas (continuação dos relatos sobre os outros Reis)
I e II dos Macabeus (continuação do período dos Reis)
Livro de Rute (faz alusão ao universalismo. Noemi era pagã e se inseriu no povo de Deus).
Livro de Tobias, Livro de Judite, Livro de Ester (pertencem ao gênero de contos. São livros do tempo do exílio, quando se apresentavam exemplos de abnegação ao povo oprimido, convidando-os a suportar o sofrimento).
Livro de Isaías (cap.l a 39 são do próprio escritor; cap. 40 a 55 são de discípulos; cap.56 a 66 são de outros escritores posteriores)
Livro de Jeremias (ditado por este a Baruc, seu secretário)
Livro de Ezequiel (um dos profetas maiores)
Livro de Daniel (tem um conteúdo apocalíptico )
Livro de Jó (do gênero conto, procura demonstrar que não só os bons são felizes. Tem por objetivo combater uma idéia comum de que só os ricos eram os abençoados por Deus).
Livros Sapienciais (Eclesiastes ou Qohelet; Eclesiástico ou Siráside; Provérbios, Sabedoria e Cântico dos Cânticos). São reflexões de cunho acentuadamente humanístico, aproveitamento do saber oriental.
Livro dos Salmos (coleção de cantos litúrgicos).
Profetas Menores: Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias (chamados menores não com relação à sua importância, mas ao tamanho de seus escritos).
LIVROS DO NOVO TESTAMENTO
Evangelhos sinópticos (Mateus, Marcos e Lucas – têm muitas semelhanças entre si ).
Evangelho de João (maior desenvolvimento teórico, influência filosófica de época)
Atos dos Apóstolos (narram a missão dos apóstolos após a Ressurreição de Cristo)
Epístolas de Paulo (historicamente, os primeiros escritos do NT)
Epístolas Católicas (Pedro, Tiago, Judas): dirigidas a todos os fiéis, por isso, universais.
Apocalipse (escrito por João, na base de códigos, símbolos).


Fonte: Comunidade Católica Shalom
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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Papa Francisco não está considerando acabar com o celibato sacerdotal

O debate a respeito do celibato sacerdotal voltou à mesa de discussões nos últimos dias. Os meios de comunicação estão em polvorosa desde as recentes declarações do novo Secretário de Estado do Vaticano, Dom Pietro Parolin, sobre a proibição do casamento aos padres católicos. A imprensa julga ter visto nas palavras do bispo indícios de uma futura ab-rogação da disciplina eclesiástica. Trata-se, evidentemente, de puro delírio - e, como de costume, um pouco de má fé.

As declarações de Parolin ao jornal venezuelano El Universal não trouxeram nenhuma novidade. Os católicos já estão cansados de saber que o celibato sacerdotal não é um dogma, mas uma antiga disciplina da Igreja, cujas fontes provêm diretamente do ensinamento dos apóstolos, tal qual lembra a grande obra do Padre Christian Cochini, "Les origines apostoliques du célibat sacerdotal". O III Concílio de Latrão, em 1179, apenas a efetivou como norma da Igreja latina. Não se pode afirmar, com efeito, que o Papa tenha a intenção de modificar uma tradição apostólica à base da canetada, sem levar em consideração o testemunho de dois mil anos de Igreja. Embora assim desejem alguns jornalistas - e também saudosistas de uma teologia mambembe que não tem mais nada a dizer, a não ser velhos e cansativos chavões de outrora. O próprio Parolin lembra na entrevista que todas as decisões do Pontífice "devem assumir-se como uma forma de unir à Igreja, não de dividi-la".
Ao contrário do que possa parecer, o descontentamento da mídia em relação ao celibato não procede de uma autêntica preocupação com o número de vocações. É do interesse dela a extinção dos padres. E as manchetes dos jornais estão aí para provar. Tenha-se em mente, por exemplo, a campanha odiosa de total difamação do clero - em pleno ano sacerdotal de 2010 -, perpetrada pelo The New York Times, BBC e cia. sobre o problema da pedofilia. A indignação da imprensa perante o celibato tem por causa outras razões, o mundo desejado por esses grupos é alheio à presença de Deus. A existência do celibato, neste sentido, "é um grande escândalo, porque mostra precisamente que Deus é considerado e vivido como realidade."

Foram com essas mesmas palavras que Bento XVI resumiu a aversão mundana à presença dos sacerdotes. Respondendo à pergunta de um clérigo da Eslováquia, durante vigília de encerramento do Ano Sacerdotal, o então pontífice observou ser surpreendente a crítica exaustiva ao celibato, numa época em que a moda é justamente não casar. "Mas este não-casar", prosseguiu o Papa, "é uma coisa total, fundamentalmente diversa do celibato, porque o não-casar se baseia na vontade de viver só para si mesmo (...) Enquanto o celibato é precisamente o contrário: é um "sim" definitivo, é um deixar-se guiar pela mão de Deus, entregar-se nas mãos do Senhor, no seu 'eu'"02.

A crítica da imprensa ao celibato - bem como a outras doutrinas cristãs - precisa ser encarada como um grande sinal de fé, pois revela a luz de Cristo sobre a escuridão do diabo. O padre desperta a ira dos infernos justamente porque é um homem sacrificado, um ícone visível da paixão de Cristo para o dia a dia dos cristãos. A Igreja nunca terá como parâmetro de vida as indicações mundanas, por mais apelativas que sejam. É precisamente o que diz o Cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero: "Não se deve baixar e sim elevar o tom: esse é o caminho."03 O celibato permanecerá na vida sacerdotal, queira os inimigos de Cristo ou não, já que para os católicos importa mais agradar a Deus que fazer a vontade do homem.


Por Christo Nihil Praeponere
Referências
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=26035
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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Papa Francisco encontra o clero de Roma: "Ouso dizer: a Igreja nunca esteve tão bem como hoje"


Cidade do Vaticano (RV) – “Mesmo agora que sou Papa me sinto ainda um sacerdote”. Esta é uma das passagens chaves do diálogo que o Papa Francisco teve, na manhã desta segunda-feira, com os sacerdotes da Diocese de Roma, a sua Diocese, reunidos na Basílica São João de Latrão. A acolher o Papa, 20 minutos antes do previsto, foi o Cardeal Vigário Agostino Vallini, que na sua saudação comentou que este encontro foi programado pelo novo Bispo de Roma, logo após ter sido eleito.

“O que é o cansaço para um Sacerdote, para um Bispo e mesmo para o Bispo de Roma?” O Papa Francisco desenvolveu o seu pronunciamento introdutivo, detendo-se neste questionamento. E confiou que a inspiração lhe veio após ler a carta enviada por um sacerdote idoso, que justamente lhe falava sobre este cansaço, um “cansaço no coração”. “Existe – disse o Papa – um cansaço do trabalho e isto todos conhecemos. Chegamos de noite, cansados de trabalhar e passamos diante do Tabernáculo para saudar o Senhor. Sempre – advertiu – é necessário passar pelo Tabernáculo”:

Quando um sacerdote está em contato com o seu povo, se cansa. Quando um padre não está em contato com o seu povo, se cansa, mas mal e para dormir deve tomar um comprimido, não? Ao invés disso, aquele que está em contato com o povo – que de fato o povo tem tantas exigências, tantas exigências! Mas são as exigências de Deus, não? – este cansa realmente e não tem necessidade de tomar comprimidos”.

Existe, porém, um “cansaço final” – prosseguiu Francisco – que se vê antes do “crespúsculo da vida” onde “existe a luz escura e o escuro um pouco luminoso”. É “um cansaço que vem no momento em que deveria existir o triunfo”, mas ao invés disto “vem este cansaço”. Isto – afirmou – acontece quando “o sacerdote se questiona sobre sua existência, olha para trás, ao caminho percorrido e pensa nas renúncias, aos filhos que não teve e se pergunta se não errou, se a sua vida “falhou”. É justamente sobre o “cansaço do coração” de que o sacerdote escrevia na carta.

O Papa citou então, o cansaço em tantas figuras bíblicas, de Elias a Moisés, de Jeremias até João Batista. Este último, afirmou, na “escuridão da prisão” vive o “escuro de sua alma” e manda os seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele é realmente aquele que estão esperando. O que pode fazer então um sacerdote que vive a experiência de João Batista? Rezar, “até dormir diante do Tabernáculo, mas estar ali”. E depois “procurar a proximidade com os outros padres, e sobretudo, com os bispos”:

Nós, Bispos, devemos ser próximos aos sacerdotes, devemos ser caridosos com o próximo e os mais próximos são os sacerdotes. Os mais próximos do Bispo são os sacerdotes. (aplausos). Vale também o contrário, eh! (risos e aplausos): o mais próximo dos padres deve ser o bispo, o mais próximo. A caridade para com o próximo, o mais próximo é o meu bispo. O Bispo diz: os mais próximos são os meus padres. É bonita esta troca, não? Isto, acredito, é o momento mais importante da proximidade, entre o bispo e os sacerdotes: este momento sem palavras, porque não existem palavras para este cansaço”.

A partir deste ponto, iniciou-se o diálogo do Papa Francisco com os sacerdotes, aos quais pediu para sentirem-se livres para perguntar qualquer coisa. Respondendo à primeira pergunta, o Papa Francisco disse que no serviço pastoral, não deve se “confundir a criatividade com fazer alguma coisa nova”. A criatividade – afirmou – “é buscar o caminho para que o Evangelho seja anunciado” e isto “não é fácil”. Criatividade “não é somente mudar as coisas”. É uma outra coisa, vem do Espírito e se faz com a oração e se faz falando com os fiéis, com as pessoas. O Papa, então, recordou uma experiência vivida quando era Arcebispo de Buenos Aires. Com um sacerdote, disse, procurava entender como tornar a sua igreja mais acolhedora:

Ah, se passa tanta gente aqui, talvez seria bonito que a igreja ficasse aberta durante todo o dia...Boa idéia! Também seria bonito que tivesse sempre um confessor à disposição, alí...Boa idéia! E assim foi”.

Esta – acrescentou – é uma ‘corajosa criatividade’. Também em relação aos cursos em preparação ao Batismo “é necessário superar o obstáculo dos pais e das mães que trabalham toda a semana e no domingo gostariam de repousar”. Então, é necessário “buscar novos caminhos”, como uma “missão no bairro” promovida pelos leigos. E esta é a “conversão pastoral”. A Igreja, “também o Código de Direito canônico nos dá tantas, tantas possibilidades, tanta liberdade para buscarmos estas coisas”. É necessário – destacou – procurar os momentos de acolhida, quando os fiéis devem ir à paróquia por um motivo ou outro. E criticou severamente quem, numa paróquia, está mais preocupado em pedir dinheiro por um certificado que pelo Sacramento e assim “afastam as pessoas”. É necessário, ao invés disto, “a acolhida cordial”: “que aquele que venha à igreja se sinta como na sua casa. Se sinta bem. Que não se sinta explorado”:

“Um sacerdote, uma vez – não da minha Diocese, de uma outra -, me dizia: ‘Mas, eu não faço pagar nada, nem mesmo as intenções da Missa. Tenho alí uma caixa e eles deixam aquilo que querem. Mas Padre: tenho quase o dobro do que tinha anteriormente. Porque as pessoas são generosas, e Deus abençoa estas coisas’.

“Se, ao invés disto, a pessoa vê que existe um interesse econômico, então se afasta”, observou Francisco. O Papa então, respondeu a quem lhe perguntava como ele se define agora, visto que, como Arcebispo de Buenos Aires, gostava definir-se simplesmente como ‘sacerdote’:

“Mas, eu me sinto padre, é sério. Eu me sinto padre, sacerdote, é verdade, bispo...Me sinto assim, não? E agradeço ao Senhor por isto. (aplausos) Teria medo de sentir-me um pouco mais importante, não? Isto sim, tenho medo disto, pois o diabo é esperto, eh!, é esperto e te faz sentir que agora tu tem poder, que tu pode fazer isto, que tu podes fazer quilo...mas sempre girando, girando em volta, como um leão – assim diz São Pedro, não! Mas graças a Deus, isto não perdi, ainda, não? E se vocês virem que eu perdi isto, por favor, me digam e se não puderem me dizer privadamente, digam publicamente, mas digam: ‘Olha, converta-te!’, porque está claro, não?” (aplausos)|

Após, o Santo Padre falou sobre os sacerdotes misericordiosos. Um padre enamorado – disse – deve sempre recordar-se do primeiro amor, de Jesus, “retornar àquela fidelidade que permanece sempre e nos espera”. Para mim, isto é “o ponto-chave de um sacerdote enamorado: que tenha a capacidade de voltar à recordação do primeiro amor”. E acrescentou: “uma Igreja que perde a memória, é uma Igreja eletrônica: não tem vida”. Assim, é necessário guardar-se dos padres rigorosos e negligentes. O sacerdote misericordioso – afirmou – é aquele que diz a verdade mas acrescenta: “Não te apavores, o Deus bom te espera, Caminhemos juntos”. A isto acrescentou: “devemos tê-lo sempre sob os olhos: acompanhar. Ser companheiros de caminho”. “A conversão sempre se faz assim – disse – a caminho e não no laboratório”.

“A verdade de Deus é esta verdade, digamos assim dogmática, para dizer uma palavra, ou moral, mas acompanhada do amor e da paciência de Deus, sempre assim”. 

“Na Igreja – acrescentou - existem certos escândalos mas também tanta santidade e esta é maior. E existe também esta “santidade cotidiana”, escondida, “aquela santidade de tantas mães e de tantas mulheres, de tantos homens que trabalham todo o dia pela família”. Palavras estas acompanhadas de um encorajadora convicção:

“Eu ouso dizer que a Igreja nunca esteve tão bem como hoje. A Igreja não cai: estou seguro disto, estou seguro!”

O Papa então, voltou ao tema das periferias existenciais, retomando as suas palavra sobre “conventos vazios” e a generosidade para com os mais necessitados. Por fim, refletiu sobre o tema da família, e em particular, sobre a delicada questão da nulidade dos matrimônios e sobre as segundas uniões. "Um problema – recordou – que Bento XVI tinha no seu coração". “O problema não pode ser reduzido à questão do fazer a comunhão ou não - afirmou - porque quem coloca o problema somente nestes termos não entende qual é o verdadeiro problema”.

“É um problema grave – observou - de responsabilidade da Igreja em relação às famílias que vivem esta situação”. A Igreja – afirmou ainda – neste momento deve fazer alguma coisa para resolver os problemas das nulidades matrimoniais. Um tema sobre o qual falará com o grupo dos 8 Cardeais que se reunirão nos primeiros dias de outubro, no Vaticano. E será tratado também no próximo Sínodo dos Bispos, pois é uma verdadeira "periferia existencial”.

Por fim, o Papa Francisco recordou que no próximo 21 de setembro recorre o 60º aniversário de sua vocação ao sacerdócio. (JE)

Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va
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