terça-feira, 17 de março de 2009

São Luís Maria Grignon de Monfort



Nasceu na França em 1673 em uma família numerosa. Muito cedo sentiu o chamado a vocação religiosa e desde então iniciou sua caminhada. Crismado no dia 28 de Abril, São Luís acrescentou em seu nome, MARIA, devido a sua grande devocão a Nossa Senhora, que permeou toda sua vida. Neste dia é comemorada a sua festa. Como Padre, São Luís persuadia seus fiéis a viver a busca de Jesus na pessoa de Maria. Sempre defendia Maria como medianeira de todas as graças. Grande detentor e pregador da palavra de Deus, homem de oração, amante da Santa Cruz, amigo e defensor dos pobres, doentes e oprimidos. Seu grande ideal como Padre foi realmente levar as almas a Jesus pelas mãos de Maria pelo método de consagração total a Nossa Senhora. Este método também é muito conhecido como Consagração de escravidão. São Luís, como bom escravo da Virgem Santíssima, não foi nenhum pouco egoísta, e fez de tudo para ensinar a todos o caminho mais rápido, fácil e fascinante de unir-se perfeitamente a Jesus, que consistia na consagração total e liberal a Santa Maria. São Luís já era homem de sacrifícios pela salvação das Almas, porém a maior penitência foi aceitar as diversas perseguições que o próprio Maligno derramou sobre ele; tanto assim que foi a Roma para pedir ao Papa permissão para ir fora da França, mas ele não concedeu. Na força do Espírito e auxiliado pela Mãe de Deus que nunca o abandonava , São Luís evangelizou e combateu na França o jansenistas que estavam afastando os povos dos sacramentos e da misericórdia do Senhor. São Luís que morreu em 1719, foi quem escreveu o “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, que influencia ainda hoje muitos filhos de Maria, inclusive o Papa João Paulo II que por viver aquilo que São Luís partilhou a nós, adotou para a vida o Totus tuus, isto é, "Sou todo teu, ó Maria". São Luiz foi também um dos grandes apóstolos do Rosário. Em seu livro “O Segredo do Rosário” ele nos mostra concretamente o poder do Rosário de Nossa Senhora e como vivê-lo.
São Luís Maria Grignon de Monfort...rogai por nós!
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segunda-feira, 9 de março de 2009

O TESOURO INESTIMÁVEL DA AMIZADE

Partindo do ponto de vista da experiência humana, pode-se definir a amizade como intercâmbio de valores com pessoas que, por diversas razões, tornaram-se únicas e apreciáveis em nossa vida.
A amizade sempre tem por finalidade o bem, porque é desenvolvimento do amor, de uma forma especial. O mal dá origem a conluios e conchavos, mas o fruto da amizade só pode ser benfazejo, multiplicando-se na dedicação às pessoas. Embora admita preferências, a amizade jamais se fecha no exclusivismo, eliminando outros.
O amigo é aquele que nos apóia em qualquer momento, sobretudo nos momentos difíceis e nas circunstâncias em que buscamos ideais maiores. Então, ele nos acoberta, nos preenche com suas qualidades que, unidas às nossas, formam um verdadeiro cabedal de valores. Esta riqueza enobrece nossas vidas e nos fortalece para enfrentarmos quaisquer situações, por mais duras que sejam.
A amizade não é transitória; tem a característica de ser perene, por si mesma. Não se decepciona, pois nunca espera receber alguma recompensa ou vantagem. Deseja somente dar, pois a pessoa amiga se realiza conjuntamente com a realização do outro. A amizade se consolida no mútuo estímulo e aconselhamento, mas, também, na sincera correção fraterna das falhas, quando necessário.
Evidentemente, tudo isso supõe uma certa empatia ou, pelo menos, simpatia. Para desenvolvermos uma amizade duradoura e profunda com alguém, é preciso um mínimo de afinidade, que leve à mútua vibração pelos ideais de cada um. Esse condividir de valores, experiências e objetivos a alcançar tem um conteúdo psicológico profundo, capaz de nos proporcionar grandes alegrias, características da amizade. Poderíamos compará-la a um vinho que, ao ser partilhado, se torna mais saboroso, assim já dizia Cícero.
Se tivermos que empreender uma obra difícil, o apoio dos amigos, até materialmente, revela-se inestimável. Fiz esta experiência, quando iniciei uma obra social para mais de 500 crianças, na periferia de Taubaté. Posso afirmar, com alegria, que contei com o apoio de vários amigos, tanto para o planejamento, quanto para a continuidade da obra, que existe até hoje, conduzida pelas mãos solidárias daqueles que me substituíram, graças ao bom Deus.
Quando trabalhamos na mesma missão, principalmente se esta tem como finalidade o Reino de Deus, conjugam-se idéias, esforços e programas de vida, que acabam por semear uma amizade fecunda e prazerosa para todos que a compartilham ou dela usufruem.
A Sagrada Escritura apresenta os mais variados exemplos da amizade. O amigo nos defende contra os perigos, como o fez Jônatas, cujo pai, o rei Saul, intentava matar Davi por inveja e ciúmes. “Jônatas fez um pacto com Davi, que ele amava como a si mesmo” (1Sm 18,3), prometendo-lhe: “Se eu souber que de fato meu pai resolveu perder-te, juro que te avisarei” (1Sm 20,9).
O Livro de Jó retrata a solidariedade dos amigos. No momento em que Jó se encontrava no maior infortúnio, tudo ia mal e até sua própria esposa se voltara contra ele, foi em três amigos que ele encontrou consolo. Certamente, os longos discursos que proferiram manifestavam uma visão ainda primitiva sobre o sofrimento e o mal. Aqui, porém, interessa-nos destacar a disponibilidade daqueles homens, como interlocutores e dialogantes, na tentativa de evitar que Jó caísse no desespero, devido à situação em que se encontrava (cf. Jó 2-31).
E um dos textos mais belos sobre a amizade, encontramos no Livro do Eclesiástico: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel; o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo” (Eclo 6,14-16).
O maior objetivo a que pode chegar a amizade é dirigir-se a Deus. Muito raramente a Bíblia chama alguém de “amigo de Deus”, pois trata-se do título mais nobre a que um ser humano poderia aspirar. A Carta de São Tiago, citando uma passagem do Gênesis, afirma que “Abraão creu em Deus e isto lhe foi tido em conta de justiça, e foi chamado amigo de Deus” (Gn 15,16 ; Tg 2,23).
Moisés, os profetas e, especialmente, Davi também foram considerados amigos de Deus. Isto não significa que estivessem isentos de falhas. Pelo contrário. Moisés duvidou da onipotência e da misericórdia de Deus e Davi pecou gravemente, sob a tentação de um amor proibido. Mas um amigo sabe passar por cima das falhas do outro, perdoando-o, sem que isto destrua a verdadeira amizade, e procurando auxiliá-lo.
Jesus também escolheu os seus amigos prediletos. Eram 12, aos quais Ele conferiu a missão de Apóstolos. Participaram de sua vida, aprenderam e trabalharam com Ele no anúncio do Evangelho e, principalmente, deixaram-se trabalhar pela Palavra que santifica. Jesus chegou a afirmar: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Aí se contempla o cume do amor a que pode chegar a amizade.
É bom não esquecer que Judas Iscariotes, o traidor, também foi escolhido por Jesus como amigo, pelas qualidades que tinha. Ele, porém, não soube ser fiel. Um amigo infiel é uma das maiores desgraças que podem existir, pela dor, a tristeza, e o desânimo que a traição causa. Na hora em que recebeu o beijo de Judas, Jesus ainda lhe perguntou: “Amigo, com um beijo trais o Filho do Homem?” (Lc 22,48). Até mesmo naquela hora, Jesus o chamou de amigo, porque sua fidelidade permanece, apesar das maiores faltas que possamos cometer.
Ainda se pode lembrar os três amigos de Jesus, que viviam em Betânia: Lázaro, Marta e Maria. Lá o Mestre gostava de pernoitar, de tomar a sua módica refeição. Chegou a ficar com eles semanas inteiras, antes de sofrer a Paixão. Quem de nós não gostaria de poder contar com o lar de uma família, onde fôssemos acolhidos com a mais pura amizade? Infelizmente, isto se torna cada vez mais raro, neste tempo, em que a busca de alguma vantagem pessoal domina quase tudo.
Mas a vida sem amigos não tem graça. Ocupar um lugar de destaque, sem ter amigos verdadeiros, é uma compensação bastante falha, pois quem não tem amigos, não vai chegar longe, pelo peso que a vida nos faz suportar. Sem poder condividir esse peso com quem comunga conosco os mesmos ideais e objetivos, encontramo-nos numa situação pouco invejável. É o peso da solidão.
Termino, lembrando que temos amigos no céu. Aqueles que nos enriqueceram com sua amizade durante a vida terrena continuam a fazê-lo na bem-aventurança eterna. E lá também temos amigos que conhecemos apenas da literatura religiosa: os santos e santas, aos quais nos afeiçoamos, de acordo com nossas predileções, e que nos ajudam a caminhar com o estímulo dos seus exemplos de vida e dos seus escritos.
Deus seja louvado pelos amigos que temos e nos ensine a aperfeiçoar, na caridade, os amigos que somos para quantos se aproximam de nós. O Cristo Amigo continue a ser o nosso mais precioso tesouro!
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segunda-feira, 2 de março de 2009

Os Falsos Devotos e as Falsas Devoções à Santíssima Virgem


Segundo São Luís Maria Grignion de Monfort, são sete os falsos devotos de Maria:
os devotos críticos;
os devotos escrupulosos;
os devotos exteriores;
os devotos presunçosos;
os devotos inconstantes;
os devotos hipócritas;
os devotos interesseiros.
1. OS DEVOTOS CRÍTICOS
Os devotos críticos são, em geral, sábios orgulhosos, espíritos fortes e presumidos, que têm no fundo uma certa devoção à Santíssima Virgem, mas que vivem criticando as práticas de devoção que a gente simples de boa - fé e santamente a esta boa Mãe, pelo fato de estas devoções não agradarem à sua culta fantasia. Põem em dúvida todos milagres e histórias narrados por autores dignos de fé, ou inseridos em crônicas de ordem religiosas, atestando as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem. Repugna-lhes ver pessoas simples e humildes ajoelhadas diante de um altar ou de uma imagem da Virgem, às vezes no recanto de uma rua, rezando a Deus; chegam a acusá-las de idolatria, como se estivessem adorando a pedra ou a madeira. Dizem que, de sua parte, não apreciam essas devoções exteriores e que seu espírito não é tão fraco que vá dar fé a tantos contos e historietas que se atribuem à Santíssima Virgem. Quando alguém lhes repete os louvores admiráveis que os Santos Padres dão à Santíssima Virgem, respondem que são flores de retórica, ou exagero, que aqueles escritores eram oradores; ou dão, então, uma explicação má daquelas palavras.
Esta espécie de falsos devotos e orgulhosos e mundanos é muito para temer, e eles causam um mal infinito à devoção à Santíssima Virgem, dela afastando eficazmente o povo, sob pretexto de destruir-lhe os abusos.
2. OS DEVOTOS ESCRUPULOSOS
Os Devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhe teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagônicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus por meio dela. Não querem que se fale tão freqüentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela.
Algumas frases eles as repetem a cada momento: Para que tantos terços, tantas confrarias e devoções exteriores à Santíssima Virgem? Vai nisso muito de ignorância! É fazer da religião uma palhaçada. Falai-me, sim, dos que são devotos de Jesus Cristo (e eles o nomeiam, muitas vezes sem se descobrir, digo-o entre parêntesis): cumpre recorrer a Jesus Cristo, pois é ele o nosso único medianeiro; é preciso pregar Jesus Cristo, isto sim que é sólido!
Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhe dão, é bem perigoso e constitui uma cilada sutil do maligno, sob o pretexto de um bem muito maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo, do que honrando a Santíssima Virgem, desde que a honra que se presta a Maria não tem outro fim que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para atingir o termo que Jesus Cristo.
A Santa Igreja, como o Espírito Santo, bendiz primeiro a Santíssima Virgem e depois Jesus Cristo: “benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus”. Não porque a Santíssima Virgem seja mais ou igual a Jesus Cristo: seria uma heresia intolerável, mas porque, para mais perfeitamente bendizer Jesus Cristo, cumpre bendizer antes a Maria. Digamos, portanto, com todos os verdadeiros devotos de Maria, contra seus falsos e escrupulosos devotos: Ó Maria, bendita sois vós entre todas as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!
3. OS DEVOTOS EXTERIORES
Devotos exteriores são as pessoas que fazem consistir toda a devoção à Santíssima Virgem em práticas exteriores; que só tomam interesse pela exterioridade da devoção à Santíssima Virgem, por não terem espírito interior; recitarão às pressas uma enfiada de terços, ouvirão, sem atenção, uma infinidade de missas, acompanharão as procissões sem devoção, farão parte de todas as confrarias sem emendar de vida, sem violentar suas paixões, sem imitar as virtudes desta Virgem Santíssima. Amam apenas o que há de sensível na devoção, sem interesse pela parte sólida. Se suas práticas não lhes afetam a sensibilidade, acham que não há nada mais a fazer, ficam desorientados, ou fazem tudo desordenadamente. O mundo está cheio dessa espécie de devotos exteriores e não há gente que mais critique as pessoas de oração que se dedicam à devoção interior sem desprezar o exterior de modéstia, que acompanha sempre a verdadeira devoção.
4. OS DEVOTOS PRESUNÇOSOS
Os devotos presunçosos são pecadores abandonados a suas paixões, ou amantes do mundo, que sob, o belo nome de cristãos e devotos da Santíssima Virgem, escondem ou o orgulho, ou a avareza, ou a impureza, ou a blasfêmia, ou a maledicência, ou a injustiça, etc.; que dormem placidamente em seus maus hábitos, sem violentar-se muito para se corrigir, alegando que são devotos da Virgem; que prometem a si mesmos que Deus lhes perdoará, que não serão condenados porque recitam seu terço, jejuam aos sábados, pertencem à confraria do santo Rosário ou do Escapulário, ou a alguma congregação; porque trazem consigo o pequeno hábito ou a cadeiazinha da Santíssima Virgem, etc.
Quando alguém lhes diz que sua devoção não é mais que ilusão e uma presunção perniciosa capaz de perdê-los, recusam-se a crer; dizem que Deus é bom e misericordioso e que não nos criou para nos condenar; que não há homem que não peque; que eles não hão de morrer sem confissão; que um bom peccavi à hora da morte basta; de mais a mais que eles são devotos da santíssima Virgem, cujo escapulário usam; e em cuja honra dizem, todos os dias, irrepreensivelmente e sem vaidade (isto é, com fidelidade e humildade) sete Pai-Nosso e sete Ave-Maria; que recitam mesmo, uma vez ou outra, o terço e o ofício da santíssima Virgem; que jejuam, etc. Para confirmar o que dizem e mais aumentar a própria cegueira, relembram umas histórias que leram ou ouviram, verdadeiras ou falsas não importa, em que se afirma que pessoas mortas em pecado mortal, sem confissão, só pelo fato de que em vida tinham feito algumas orações ou práticas de devoção à Santíssima Virgem, ressuscitaram para se confessar, ou sua alma permaneceu milagrosamente no corpo até se confessarem, ou ainda, que pela misericórdia da Santíssima Virgem, obtiveram de Deus, na hora da morte, a contrição e perdão de seus pecados, e se salvaram. Eles esperam, portanto, a mesma coisa.
Não há, no cristianismo, coisa tão condenável como essa presunção diabólica; pois será possível dizer de verdade que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se traspassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu Filho? Se Maria considerasse uma lei salvar essa espécie de gente, ela autorizaria um crime, ajudaria a crucificar e injuriar seu próprio Filho. Quem o ousaria pensar?
Digo que abusar assim da devoção a Santíssima Virgem, a mais santa e a mais sólida depois da devoção a Nosso Senhor e ao Santíssimo Sacramento, é cometer um horrível sacrilégio, o maior e o menos perdoável, depois do sacrilégio duma comunhão indigna.
Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos ( note-se bem o que vou dizer):
Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho.
Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado.
Terceiro, filiar-se a confrarias, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar, etc.
Isto é maravilhosamente útil à conversão de um pecador, mesmo empedernido; e se meu leitor estiver nestas condições, como que tenha já um pé no abismo, eu lho aconselho, contanto, porém, que só pratique estas boas obras na intenção de, pela intercessão da Santíssima Virgem, obter de Deus a graça da contrição e do perdão dos pecados, e de vencer seus maus hábitos, e não para continuar calmamente no estado de pecado, a despeito dos remorsos de consciência, do exemplo de Jesus Cristo e dos santos, e das máximas do Santo Evangelho.
5. OS DEVOTOS INCONSTANTES
Devotos inconstantes são aqueles que são devotos da Santíssima Virgem periodicamente, por intervalos e por capricho: hoje são fervorosos, amanhã, tíbios; agora mostram-se prontos a tudo empreender em serviço de Maria e logo após já não parecem os mesmos. Abraçam logo todas as devoções à Santíssima Virgem, ingressam em todas as suas confrarias, e em pouco tempo já nem observam as regras com fidelidade; mudam como a lua, e Maria os esmaga sob seus pés como faz ao crescente, pois eles são volúveis e indignos de ser contados entre os servidores desta Virgem fiel, que têm a fidelidade e a constância por herança. Vale mais não sobrecarregar de tantas orações e práticas de devoção, e fazer poucas com amor e fidelidade, a despeito do mundo, do demônio e da carne.
6. OS DEVOTOS HIPÓCRITAS
Há também falsos devotos da Santíssima Virgem, os devotos hipócritas, que cobrem seus pecados e maus hábitos com o manto desta Virgem fiel, a fim de passarem aos olhos do mundo por aquilo que não são.
7. OS DEVOTOS INTERESSEIROS
Há ainda os devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para ganhar algum processo, para evitar algum perigo, para se curar de alguma doença, ou em qualquer necessidade desse gênero, sem o que a esqueceriam; uns e outros são falsos devotos que não têm aceitação diante de Deus e de sua Mãe Santíssima.
Cuidemos, portanto, de não pertencer ao número dos devotos críticos que em coisa alguma crêem e de tudo criticam; dos devotos escrupulosos que receiam ser demasiadamente devotos a Jesus Cristo; dos devotos exteriores que fazem consistir toda a sua devoção em práticas exteriores; dos devotos presunçosos, que, sob o pretexto de sua falsa devoção continuam marasmados em seus pecados; dos devotos inconstantes que, por leviandade, variam suas práticas de devoção, ou as abandonam completamente à menor tentação; dos devotos hipócritas que se metem em confrarias e ostentam as insígnias da Santíssima Virgem a fim de passar por bons; e enfim, dos devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para se livrarem dos males do corpo ou obter bens temporais.
São Luís Maria Grignion de Monfort“Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”
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O amor não seleciona

Era um casal sem filhos. Os anos se somavam e, por mais tentassem, a gravidez nunca se consumava. Aderiram a sugestões e buscaram exames mais sofisticados que lhes apontaram, enfim, a total impossibilidade de um dia se tornarem pais dos próprios filhos.Optaram pela adoção e se inscreveram em um programa do município, ficando à espera.Certo dia, a notícia chegou inesperada pelo telefone. "temos uma criança. Vocês são os próximos da lista. Venham vê-la."Rapidamente se deslocaram para o local. Pelo caminho se perguntavam: "como será o bebê? Louro? Cabelos castanhos? Miúdo? Olhos negros? Menino ou menina?"Tal fora a alegria na recepção da notícia, que se haviam esquecido de indagar de detalhes.Vencida a distância, foram recepcionados pela assistente social que os levou ao berçário e apontou um dos bercinhos.O que eles puderam ver era uma coisinha miúda embrulhada em um cobertor.Mas a servidora pública esclareceu: "trata-se de um menino. É importante que vocês o desembrulhem e olhem. Não sei o que acontece pois vários casais o vieram ver e não o levaram.Se vocês não o quiserem, chamaremos o casal seguinte da lista."Marido e mulher se olharam, ele segurou a mão dela e falou: "querida, talvez a criança seja deficiente ou enfermo. Pense, se fosse nosso filho, se o tivéssemos aguardado nove meses, se ele tivesse sido gerado em seu ventre, alimentado por nossas energias, o amaríamos, não importando como fosse.Por isso, se Deus nos colocou em seu caminho, ele é para nós e o levaremos, certo?"A emoção tomou conta da jovem. Estreitaram-se num amplexo demorado. É nosso filho, desde já." Foi a resposta.A enfermeira lhes trouxe o pequeno embrulho. Era um menino de cor negra. A desnutrição esculpira naquele corpo frágil uma obra esquelética, com as miúdas costelas à mostra.Levaram-no para casa. A primeira mamada foi emocionante. O garotinho sugou com sofreguidão. Pobre ser! Quanta fome passara. Talvez fosse a primeira vez que bebesse leite.No transcorrer das semanas, o casal descobriu que o pequeno era um poço de enfermidades complicadas. Meses depois, foi a descoberta de uma deficiência mental.Na medida em que mais problemas surgiam, mais o amavam.Já se passaram cinco anos. O garoto, ao influxo do amor, venceu a desnutrição e as enfermidades.Carrega a deficiência, mas aprendeu a falar, embora com dificuldade, e todas as noites quando se recolhe ao leito, enquanto os pais o ensinam a orar ao Senhor Jesus, em gratidão pelo dia vencido, ele abraça, espontâneo a um e outro e diz: "mamãe, papai, amo vocês."Haverá na Terra recompensa maior do que a que se expressa na espontaneidade de um espírito reconhecido na inocência da infância?Você sabia?Você sabia que o filho deficiente necessita muito dos pais? Que todo espírito que chega ao nosso lar com deficiência e limitação necessita do nosso amor para que se recupere e supere a própria dificuldade?O filho deficiente é sempre compromisso para a existência dos pais.Amemos, pois, os nossos filhos, sejam eles jóias raras de beleza e inteligência ou diamantes brutos, necessitados de lapidação para que se lhes descubra a riqueza oculta.
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