segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Testemunhar Jesus na Cidade

Este ano promete muito. Continuamos a viver o Ano da Fé, já iniciado em outubro passado; com toda a Igreja, somos chamados a aprofundar a vida na nossa fé cristã católica e a manifestá-la ao mundo por um testemunho firme, sereno e alegre.

As iniciativas e manifestações do Ano da Fé têm a finalidade de proporcionar uma renovada experiência da nossa fé, mediante o encontro com Deus, por meio de Jesus Cristo. Nossa fé nasce desse encontro e nele se sustenta. Por isso, ela precisa ser realimentada, de muitas maneiras, e também conhecida melhor nas verdades e atitudes que decorrem dessa experiência fundante da fé.

O Catecismo da Igreja Católica deverá ser nosso companheiro diário ao longo deste ano. É nesse livro que a Igreja explica para si mesma, e para quem se interessar, aquilo que ela crê e quais são as consequências desse crer para a vida e a conduta cristã neste mundo. As várias manifestações públicas da fé, programadas para este ano, deverão ajudar a “dizer” a nós e ao mundo aquilo que cremos. Os momentos testemunhais são necessários para manifestar a fé, como a missa dominical, as peregrinações, as festas e solenidades litúrgicas, orações, procissões e manifestações de cultura popular decorrentes da fé cristã. Sem esquecer a vida orientada pela fé, que produz obras de caridade, justiça, solidariedade, respeito e paz...

Ao nosso redor, sempre mais, ouve-se dizer que a fé religiosa e as convicções morais são questões da vida privada e que são toleráveis apenas nesse âmbito, mas que não deveriam ter influência na vida social. Não pensamos assim. Se é verdade que se deve respeitar a consciência alheia e não impor convicções próprias a ninguém, também é verdade que as convicções religiosas e morais não devem ficar restritas à vida privada, mas podem e precisam ser manifestadas abertamente, também para influenciar o convívio social.

As relações sociais, políticas, econômicas e culturais não são um espaço neutro, onde os cidadãos não têm convicções nem as partilham; pelo contrário, é ali que a pluralidade das convicções é confrontada, complementada e enriquecida. O âmbito do convívio social e público não poderia ser monopolizado por certo pensamento único, de algum grupo supostamente detentor do direito de se expressar de modo oficial e politicamente correto. Isso seria o fim da liberdade de pensamento e de manifestação das ideias, que inclui a manifestação religiosa. Seria acabar com as bases do convívio democrático.

Testemunhar Jesus Cristo através de todas as iniciativas religiosas, educacionais, comunicativas e caritativas; através de cada instituição ou organização da Igreja; através de cada igreja e capela, paróquia, convento, mosteiro, escola ou obra social; de cada monumento ou sinal da fé postos na cidade, no centro ou nas periferias, em lugares públicos ou nos espaços reservados. Que tudo possa ajudar a testemunhar Jesus Cristo à cidade e mostrar que é bom e faz bem acolher sua presença salvadora no meio de nós.

Por:
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Read More

domingo, 13 de janeiro de 2013

Por que batizar as crianças?


A razão teológica pela qual a Igreja batiza crianças é que o Batismo não é como uma matrícula em um clube, mas é um renascer para a vida nova de filhos de Deus, que acontece mesmo que a criança não tome conhecimento do fato. Este renascer da criança a faz herdeira de Deus. A partir do Batismo a graça trabalha em seu coração (cf. 1Jo 3,9), como um princípio sobrenatural. Elas não podem professar a fé, mas são batizadas na fé da Igreja a pedido dos pais.
 
Santo Agostinho explicava bem isto: “As crianças são apresentadas para receber a graça espiritual, não tanto por aqueles que as levam nos braços (embora, também por eles, se são bons fiéis), mas sobretudo pela sociedade espiritual dos santos e dos fiéis… É a Mãe Igreja toda, que está presente nos seus santos, a agir, pois é ela inteira que os gera a todos e a cada um” (Epíst. 98,5).
 
Nenhum pai espera o filho chegar à idade adulta para lhe perguntar se ele quer ser educado, ir para a escola, tomar as vacinas, etc. Da mesma forma deve proceder com os valores espirituais. Se amanhã, esta criança vier a rejeitar o seu Batismo, na idade adulta, o mal lhe será menor, da mesma forma que se na idade adulta renegasse os estudos ou as vacinas que os pais lhe propiciaram na infância.
 
A Bíblia dá indícios de que a Igreja sempre batizou crianças. Na casa do centurião Cornélio (“com toda a sua casa”; At 10,1s.24.44.47s); a negociante Lídia de Filipos (At 16,14s); o carcereiro de Filipos (16,31-33), Crispo de Corinto (At 18,8); a família de Estéfanas (1Cor 1,16). Orígenes de Alexandria († 250) e S. Agostinho († 430), atestam que “o costume de batizar crianças é tradição recebida dos Apóstolos”. Santo Irineu de Lião († 202) considera óbvia a presença de “crianças e pequeninos” entre os batizados (Contra as heresias II 24,4). Um Sínodo da África, sob São Cipriano de Cartago († 258) aprovou que se batizasse crianças “já a partir do segundo ou terceiro dia após o nascimento” (Epíst. 64).
O Concilio regional de Cartago, em 418, afirmou: “Também os mais pequeninos que não tenham ainda podido cometer pessoalmente um pecado, são verdadeiramente batizados para a remissão dos pecados, a fim de que, mediante a regeneração, seja purificado aquilo que eles têm de nascença” (Cânon 2, DS 223).
 
No Credo do Povo de Deus, o Papa Paulo VI afirmou: “O Batismo deve ser ministrado também às criancinhas que não tenham podido ainda tornar-se culpadas de qualquer pecado pessoal, a fim de que elas, tendo nascido privadas da graça sobrenatural,renasçam pela água e pelo Espírito Santo para a vida divina em Cristo Jesus” (nº 18).

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
por Prof Felipe de Aquino, Com. Cléofas 
Read More

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O socorro Divino


A vida e a liberdade são marcas fundamentais no ser humano. São condições que facilitam o encontro com o Criador, com Aquele que vem ao mundo e se solidariza com as pessoas que sofrem, tirando-as da opressão e dos males que as sacrificam. É Deus que vem em socorro dos que são ameaçados e sem liberdade.
As palavras “coragem” e “esperança” traduzem o sentimento e o nível de realização de todos os indivíduos. Não podemos ficar cegos diante das realidades que nos cercam e nem da ação que resgata a dignidade dos irmãos sofredores. De um lado, enfrentamos a força destruidora da sociedade e, de outro, a ação revitalizadora que vem em socorro dos marginalizados.
Temos que projetar um futuro de paz, de liberdade e de alegria. Significa não agir com libertinagem, sem responsabilidade e desconectado com o contexto social. O “deus individualismo”, da atualidade, não pode continuar sendo a marca da nova cultura, excluindo da convivência comunitária a força da solidariedade e do amor fraterno, aquilo que dá sentido ao viver.
O socorro divino acontece para libertar os oprimidos dos mais fortes. Deus é Pai de todos e quer reunir seus filhos em família, não deixando ninguém de fora. Até podemos dizer que uma terra de liberdade e vida para todos é da vontade essencial de Deus e constitui tarefa nossa.
Somos sacrificados pelas ideologias dominantes, tendo como centro irradiador, o mundo urbano. As possibilidades das grandes cidades fragilizam nossa capacidade de ação concreta a favor do bem, do que produz frutos sociais e do que causa alienação e descompromisso com o bem comum. Absorvemos, com muita facilidade, uma mentalidade individualista.
Diante da vontade divina firmada na Sagrada Escritura, devemos acolher a verdade que liberta, que abre nossos olhos para abandonar o egoísmo e construir um mundo como casa de vida digna e sem exclusão. Temos que quebrar as barreiras que impedem as pessoas de enxergar o caminho e os instrumentos que conduzem a uma vida de acordo com a vontade de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Read More