terça-feira, 19 de junho de 2012

Santidade: você quer ser modelo?


Um apelo ao testemunho cristão e a uma maior medida de amor a Jesus Cristo. Esse foi o tom da pregação do coordenador nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação no ENF 2012, Onazir Conceição, durante a manhã de sábado, dia 28 de janeiro. Confira no artigo abaixo os principais tópicos e os questionamentos diretos feitos por ele durante  a sua fala.
Por Onazir Conceição
Coordenador Nacional do Ministério de Oração por Cura e Libertação
Grupo de Oração Rainha da Paz
Pra começar esta reflexão, gostaria de lembrar que o primeiro milagre que acontece quando somos desafiados a falar sobre a santidade é o fato de um pecador, como eu, estar tentando converter outros pecadores.  Também explico que   não venho aqui fazer uma nova proposta de santidade.  Não gostaria de trazer uma ideia de santidade que já estamos acostumados a ver, aquela ideia retratada pelos artistas, nos quadros, nas imagens etc.  Nada de ideias de piedade e de tristeza, de pessoas cabisbaixas. Não venho ainda para questionar a roupa que você usa, o calçado, a cor do esmalte em suas unhas ou o corte dos seus cabelos! Acho que isso é muito pouco. A santidade que buscamos não é aquela que traz um rosto de sofrimento. Isso porque para ser santo não estamos condenados a permanecer na fila dos derrotados; pelo contrário, fomos eleitos para sermos vitoriosos!
No entanto,  ao abordar essa temática, confesso que tenho medo que esse artigo encontre muitas  pessoas resistentes, que não se interessam sobre esse tipo de reflexão.  Pessoas que creem estar  numa fé “madura”, num outro patamar, e que já não necessitam  pensar a respeito. Consideram   isso um retrocesso na caminhada, porque ouviram sobre esse assunto o suficiente.  Vejamos o que diz a Palavra de Deus, então.
Está escrito: “Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fieis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade” ( 1Tm 4,12). Nesse trecho, São Paulo exorta o jovem Timóteo a tornar-se modelo para os fiéis, pois santidade é graça do Espírito Santo, mas que sugere o nosso empenho pessoal.  Desse modo, se pode ver que Deus quer me fazer santo do jeito que sou, do jeito que Ele me fez, com o meu temperamento. Nosso povo é ávido de ver uma correspondência entre o que pregamos e a nossa própria vida.
Nossas palavras e vidas têm que ser modelo de santidade para o mundo. Às vezes, por causa da nossa postura, somos segregados até dos próprios familiares, porque nossos hábitos de servos de Deus são diferentes e isso muito os incomoda. Irmãos, nós não podemos agradar a todos! E nem sei se seria bom agradá-los (em determinadas situações). Nós não podemos ser radicalistas, mas obviamente que haveremos de ser radicais. Não podemos fazer as coisas que o “mundo faz”, não podemos participar das mesmas festas, ter os mesmos hábitos, visto que somos separados para Deus.
Isso acontece a partir do momento em que eu me predisponho a dar uma medida maior de amor a Jesus Cristo. É preciso que se cumpram as bem-aventuranças em nós. Para tanto, a vida espiritual deve ser o caminho. Se eu não rezo, não tenho visão espiritual, isso me leva ao relativismo. Assim, estaremos fecundando a chamada “ditadura do relativismo”, como bem nos alertava o papa Bento XVI no início do seu pontificado.  Há muito tempo aprendi com o ditado que “filho de peixe, peixinho é”. Vocês não acham que os  filhos de carismáticos deveriam ser igualmente “carismaticozinhos”? Eu não posso ficar fazendo concessões aqui e acolá, nem mesmo com meus filhos, sob pena de não conseguir testemunhar a Cristo Jesus.
É até engraçado quando sou interpelado por pessoas me perguntando se eu já assisti este ou aquele filme de sucesso. Fico pensando que se eu não tenho tempo nem para coisas mais importantes, como é que vou parar para  ver filmes de todos os tipos? Não se trata de legalismo e de alienação. Mas o meu objetivo é o céu, então tenho que me dedicar a isso. Observo também outra coisa: tenho sido convidado para festas de carismáticos, como casamentos e aniversários, e vejo que elas não diferem em nada das festas mundanas, com as mesmas músicas, as mesmas bebidas e assim por diante.
Santidade é fazer a vontade de Deus. E agora eu pergunto: temos feito, de fato, a vontade de Deus? Nos nossos projetos, está a vontade de Deus? Está a mão de Deus? Nos projetos políticos, qual é a intenção ao lançá-los? Quais são as nossas intenções, até mesmo ao pregar a Palavra de Deus? E os nossos negócios, eles não deveriam seguir um padrão diferente dos padrões do mundo? Cristãos carismáticos não podem praticar a fraude, a informalidade para comprar e vender, tampouco “dar o jeitinho brasileiro” para levar vantagem em tudo.
Tenho observado  alguns pregadores que dizem, por exemplo: “Estou falando, mas sou fraco, não me tome por base”. Ora, se eu não sirvo de base, então o que estou fazendo no púlpito?  Não podemos ter medo de dizer como o Apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores” (1Cor 11,1a). O que me identifica com servo de Deus não é que eu nunca caia, mas o fato de, se eu cair, me levantar porque Deus é misericordioso. E quando falo de quedas, nem estou me referindo àqueles pecados de outrora que assustavam a opinião pública; estou falando de “pequenos” pecados do dia-dia, pois, afinal de contas, não tropeçamos mais em “montanhas”, mas sim em pequenos obstáculos.
A santidade deve ser manifestada em nossas vidas, pois as pessoas devem ver que há uma diferença em nós.  Sou santo não porque uso uma cruz deste ou daquele tamanho; não porque uso uma camiseta com esta ou aquela estampa de piedade (eu também as tenho), mas porque mostro isso com a vida, na caridade e na pureza.  Certamente não devo querer ser santo só para mostrar para os outros. O que deve acontecer é que, a partir da  nossa postura e da nossa conduta, as pessoas se sintam atraídas para Cristo.
Para finalizar, quero exortar cada um de forma direta: para de flertar com aquela cervejinha, para de flertar com a sua TV e com a internet! Tenha coragem de ocupar bem o seu tempo! Não brinque com essas coisas se você quer uma vida de santidade.  Se você tem áreas de fragilidade aqui ou acolá na sua vida, cuide-se. O demônio conhece perfeitamente nossas fraquezas e ele está sempre aguardando uma oportunidade para nos derrubar, vigiemos, portanto.
Muitas vezes as pessoas olham para nós e dizem que gostariam de ser iguais a nós. Essa afirmação pode parecer um pouco pesada, mas é isso mesmo que devemos ser, nos esforçarmos para ser: modelos! E você, quer ser modelo?
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ó Deus sacia por completo todos os desejos do coração humano

Dificilmente se encontrará alguém que não anseie e procure a felicidade. Esta demanda foi posta por Deus no coração de todos os homens que, à semelhança de Santo Agostinho, apenas descansam quando O encontram e n'Ele "repousam" (ConfissõesI, 1). O início do Catecismo da Igreja Católica começa exactamente com esta temática, lembrando que o homem é capaz de Deus. Entretanto, esta insaciabilidade leva não só ao desejo de uma realização pessoal, no âmbito da vocação específica de cada um, como também da sociedade doméstica à qual pertence, e mesmo da comunidade, na qual se insere e vive. Ensina-nos o Compêndio de Doutrina Social da Igreja que "o bem comum da sociedade não é um fim isolado em si mesmo; ele tem valor somente em referência à obtenção dos fins últimos da pessoa e ao bem comum universal de toda a criação" (n. 170). Ou seja, a realização pessoal nunca se faz de um modo isolado, mas num contexto, numa sociedade, peregrinação nesta terra herdada para o Homem a dominar através do seu trabalho, e colher os frutos, obtendo o alimento com o suor do rosto (Gn 1, 28-29; 3, 19). Assim, a felicidade terrena, imperfeita, não se torna "num mar de alegrias, de contínua beatitude, que, durará sempre" (Is 35, 10), pois falta-lhe a visão beatífica - totus sed non totaliter -, de Deus. Peregrinando pelo mundo, a felicidade será sempre relativa, mas essa busca incessante estará por trás de tudo aquilo que o homem opera. É impossível que a criatura racional dê um só passo voluntário que não esteja encaminhado, de uma ou outra forma, para a sua própria felicidade, já que, [...] todo agente racional obra por um fim, que coincide com um bem (aparente ou real) e, pelo mesmo, conduz à felicidade (ROYO MARÍN, Antonio. Teología Moral para Seglares. 7. ed. Madrid: BAC, 2007. Vol. I. p. 22). Por isso, explica São Tomás de Aquino que todos desejam alcançar a beatitude, entretanto, diferem nos meios para obtê-la, procurando-a através de riquezas, prazeres, ou outras coisas. Porém, o fim, ainda que implicitamente, permanece o sumo bem para o qual tendem todos os homens (S. Th. I-II, q. 1. a. 7.). Ora, este é identificado pelo Pe. Royo Marín, OP como sendo o próprio Deus: Não é nem pode ser outro que o próprio Deus, Bem infinito, que sacia por completo o apetite da criatura racional, sem que absolutamente nada possa desejar fora dele. É o Bem perfeito e absoluto, que exclui todo o mal e enche e satisfaz todos os desejos do coração humano (Op. cit. p. 23).

Padre José Victorino de Andrade, EP
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