terça-feira, 31 de maio de 2011

Papa pede um projeto de nova evangelização

“Ser cristão não é um traje que se veste de forma privada”, afirma

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 30 de maio de 2011 (ZENIT.org) - Em uma sociedade como a de hoje, frequentemente marcada pela secularização, a Igreja tem o dever de oferecer aos homens e mulheres “um renovado anúncio de esperança”.
Foi o que disse hoje o Papa Bento XVI, ao receber em audiência os participantes da Plenária do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. Este organismo foi instituído no ano passado para dar “um princípio operativo” à necessidade de “oferecer uma resposta particular ao momento de crise da vida cristã”.
“O termo ‘nova evangelização’ recorda a exigência de uma renovada modalidade de anúncio, sobretudo para aqueles que vivem em um contexto, como o atual, em que os desenvolvimentos da secularização têm deixado pesadas marcas também em países de tradição cristã”, afirmou o Papa em seu discurso. 
“Sublinhar que neste momento da história a Igreja está chamada a realizar uma nova evangelização quer dizer intensificar a ação missionária para corresponder plenamente ao mandato do Senhor.”
No atual contexto – reconheceu – “a crise que se vive leva consigo os traços da exclusão de Deus da vida das pessoas” e “de uma generalizada indiferença em relação à fé cristã, indo até a tentativa de marginalizá-la da vida pública”.
“Assiste-se ao drama da fragmentação, que não consente em ter uma referência de união; ademais, verifica-se frequentemente o fenômeno de pessoas que desejam pertencer à Igreja, mas que são fortemente influenciadas por uma visão da vida que contrasta com a fé.”
“Anunciar Jesus Cristo, único Salvador do mundo, parece ser hoje mais complexo que no passado; mas nosso dever é idêntico, como no alvorecer de nossa história”, reconheceu o Papa. “A missão não mudou, assim como não devem mudar o entusiasmo e a valentia que impulsionaram os Apóstolos e os primeiros discípulos”.
“O Espírito Santo que os alentou a abrir as portas do cenáculo, tornando-os Evangelizadores, é o mesmo Espírito que move hoje a Igreja em um renovado anúncio de esperança aos homens de nosso tempo”.
A nova evangelização – indicou – “deverá encarregar-se de encontrar os caminhos para tornar mais eficaz o anúncio da salvação, sem o qual a existência pessoal permanece em sua contradição e privada do essencial”.
“Também em quem permanece o laço com as raízes cristãs, mas vive a difícil relação com a modernidade, é importante fazer compreender que o ser cristão não é uma espécie de traje que se veste de forma privada ou em ocasiões particulares, mas algo vivo e integral, capaz de assumir tudo que há de bom na modernidade.”
Neste contexto, o Papa pediu “um projeto que seja capaz de ajudar toda a Igreja e as diferentes Igrejas particulares em seu compromisso com a nova evangelização”, em que “a urgência por um renovado anúncio se encarregue da formação, em particular das novas gerações”, e “se conjugue com a proposta de sinais concretos para fazer evidente a resposta que a igreja pretende oferecer neste momento especial”.
Dado que “o estilo de vida dos crentes precisa de uma genuína credibilidade, tanto mais convincente quanto mais é dramática a condição daqueles aos quais se dirigem”, o Papa concluiu com palavras da exortação Evangelii nuntiandi, de Paulo VI: “Será pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fidelidade ao Senhor Jesus, testemunho de pobreza, de desapego e de liberdade frente aos poderes deste mundo; numa palavra, testemunho de santidade”.
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O recado de Paulo

São Paulo atribui a decadência moral da humanidade à substituição da Verdade sobre Deus pela idolatria que consiste em adorar o não adorável(Cl 3,5). O documento de Puebla, do Episcopado Latino-Americano (1979), refere-se a três formas de idolatria: a da riqueza, a do prazer e a do poder. São Paulo oferece, na Carta aos Romanos, uma lista de comportamentos que caracterizavam a cultura pagã de seu tempo. Fala de um aprisionamento da verdade, impedida de vir à tona, pelas escolhas ímpias e injustas dos seres humanos. Em outra passagem, São Paulo afirma que os gentios, que não receberam a lei revelada, têm a lei “gravada em seus corações”(Rom 2,15), razão por que são também responsáveis diante da própria consciência pelo mal que praticam.
Aqueles que crêem de verdade em Deus, Pai e Criador, estão convictos de que existe uma ordem natural a ser respeitada e que a verdadeira liberdade consiste em assumir na própria existência o projeto de Deus que se pode descobrir pela consideração atenta, sensível à verdade, da natureza profunda do universo e da própria natureza humana. Quando Deus deixa de ser o fundamento último da existência humana, tudo se torna possível.
Os desejos dos indivíduos, ou de grupos, podem então se transformar em direitos e as leis acabam por abrir espaço para sua satisfação.  Escutemos São Paulo: “Ao mesmo tempo revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana, daqueles que por sua injustiça aprisionam a verdade. Pois o que de Deus se pode conhecer é a eles manifesto, já que Deus mesmo lhes deu esse conhecimento.
De fato, as perfeições invisíveis de Deus – não somente seu poder eterno, mas também a sua eterna divindade – são percebidas pelo intelecto, através de suas obras, desde a criação do mundo. Portanto, eles não têm desculpa: apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu.  Alardeando sabedoria, tornaram-se tolos e trocaram a glória do Deus incorruptível por uma imagem de seres corruptíveis, como homens, pássaros, quadrúpedes, répteis.  Por isso, Deus os entregou, dominados pelas paixões de seus corações, a tal impureza que eles desonram seus próprios corpos. Trocaram a verdade de Deus pela falsidade, cultuando e servindo a criatura em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
Por tudo isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: tanto as mulheres substituíram a relação natural por uma relação antinatural, como também os homens abandonaram a relação sexual com a mulher e arderam de paixão uns pelos outros, praticando a torpeza homem com homem e recebendo em si mesmos a devida paga de seus desvios.  E, porque não julgaram ser bom alcançar a Deus pelo conhecimento, Deus os entregou ao seu reprovado modo de pensar. Praticaram então todo tipo de torpeza: cheios de injustiça, iniquidade, avareza, malvadez, inveja, homicídio, rixa, astúcia, perversidade; intrigantes, difamadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, tramadores de maldades, rebeldes aos pais, insensatos, traidores, sem afeição, sem compaixão. E, apesar de conhecerem o juízo de Deus que declara dignos de morte os autores de tais ações, não somente as praticam, mas ainda aprovam os que as praticam”(Rom 1,18-31).  Aí está, prezado leitor, uma descrição de costumes e de comportamentos que estão presentes, em grau maior ou menor, em todas as épocas da história. Aliás, a Epístola aos Romanos quer mostrar exatamente isto: todos os seres humanos, sem exceção, estão sob o domínio do pecado. Seu objetivo é mostrar que em Cristo somos salvos.
O reconhecimento de nossa condição de pecadores abre-nos para Cristo Redentor. Saberemos, entretanto, reconhecer que em nós há desejos, afetos, paixões desordenados que precisam de cura e saberemos perceber a ação de Deus que nos mobiliza na direção da prática do bem. Nesse sentido é impossível viver sem experimentar este conflito: “o querer o bem está ao meu alcance, não porém o praticá-lo. Com efeito, não faço o bem que quero mas pratico o mal que não quero”(Rom 7,18-19). A consciência dessa condição nos leva a Cristo que, pelo Espírito Santo, vem em nosso socorro e nos dá a graça de construir nossa vida segundo o projeto de Deus. Não precisamos ser escravos nem da lei nem de nossas paixões desregradas. Podemos caminhar na direção de uma liberdade sempre mais profunda, conduzidos pelo Espírito de Cristo. Um alerta: a cultura hedonista se alastra, cria leis que transformam em direitos comportamentos que destoam da verdade. Não se considere melhor que os outros e nem se assuste, pois Ele nos diz: “não tenhais medo, sou eu”( Jo 6,20); e ainda: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos( Mt 28,20).

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba – SP
Arquidiocese de Sorocaba – SP
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Igreja Católica: Mãe das Universidades

Os estudantes universitários normalmente têm um conhecimento pouco profundo sobre a Idade Média; e porque muitos são mal informados, acham que foi um período de ignorância, superstição e repressão intelectual por parte da Igreja católica. No entanto, foi exatamente na Idade Média que surgiu a maior contribuição intelectual para o mundo: o sistema universitário.
A universidade foi um fenômeno totalmente novo na história da Europa. Nada como ele existiu no mundo grego ou romano afirmam os historiadores.
O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja. A Universidade medieval não tem precedentes históricos; no mundo grego houve escolas públicas, mas todas isoladas. No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham "sua escola", o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta surgiu na Idade Média, pelas mãos da Igreja Católica, e reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos centros de saber e de erudição. 
Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, começam as surgir as Universidades; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na história da civilização Ocidental que nenhum historiador tem coragem de negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais e dos mosteiros. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim, diz Daniel Rops, "a Igreja passou a ser a matriz de onde saiu a Universidade" (A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, pág. 345).
Tudo isso nesta bela época que alguns teimam em chamar maldosamente de "obscura" Idade Média. A razão e a fé sempre caminharam juntas na Igreja.
A raiz das Universidades esta no século IX com as escolas monásticas da Europa, especialmente para a formação dos monges, mas que recebiam também estudantes externos. Depois, no século XI surgiram as escolas episcopais; fundadas pelos bispos, os Centros de Educação nas cidades, perto das Catedrais. No século XII surgiram centros docentes debaixo da proteção dos Papas e Reis católicos, para onde acorriam estudantes de toda Europa. 
A primeira Universidade do mundo Ocidental foi a de Bolonha (1158), na Itália, que teve a sua origem na fusão da escola episcopal com a escola monacal camaldulense de São Félix. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). A segunda, e que teve maior fama foi a Universidade de Paris, a Sorbone, que surgiu da escola episcopal da Catedral de Notre Dame. Foi fundada pelo confessor de S. Luiz IX, rei de França, Sorbon. Ali foram estudar muitos grandes santos como Santo Inácio de Loyola, São Francisco Xavier e São Tomás de Aquino. A universidade de Paris (Sorbonne) era chamada de "Nova Atenas" ou o "Concílio perpétuo das Gálias", por ser especialmente voltada à teologia.
O documento mais antigo que contém a palavra "Universitas" utilizada para um centro de estudo é uma carta do Papa Inocêncio III ao "Estúdio Geral de Paris". A universidade de Oxford, na Inglaterra surgiu de uma escola monacal organizada como universidade por estudantes da Sorbone de Paris. Foi apoiada pelo Papa Inocêncio IV (1243-1254) em 1254.
Salamanca é a Universidade mais antiga da Espanha das que ainda existem, fundada pela Igreja; seu lema é "Quod natura non dat, Salmantica non praestat" (O que a natureza não nos dá, Salamanca não acrescenta". Entre as universidades mais antigas está a de Santiago de Compostela. A cidade foi um foco de cultura desde 1100 graças ao prestígio de sua escola capitular que era um centro de formação de clérigos vinculados à Catedral. A Universidade de Valladolid é anterior à de Compostela já que em 1346 obteve do papa Clemente VI a concessão de todas as faculdades, exceto a de Teología.
Em 1499 o Cardeal Cisneros fundou a famosa universidade "Complutense" mediante a Bula Pontifícia concedida pelo Papa Alexandre VI. Nos anos de 1509-1510 já funcionavam cinco Faculdades: Artes e Filosofía, Teología, Direito Canônico , Letras e Medicina.

Até 1440 foram erigidas na Europa 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, Línguas, Artes, Ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. O Papa Clemente V (1305-1314) no Concílio universal de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi feito também em Paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.
A atual Universidade de Roma, La Sapienza - onde tristemente estudantes e professores impediram o Papa Bento XVI de proferir a aula inaugural em 2008 -  foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII (1294-1303), com o nome de "Studium Urbis".
Das 75 Universidades criadas de 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular, receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico. (Sodano, 2004). 
As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da população.
Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma longa "noite escura" no tempo? As universidades medievais foram centros de intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões apaixonadas nos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura crescer.
Graças ao latim todos se entendiam, era a língua universal e acadêmica; esta permitia aos sábios comunicar-se de um ponto a outro da Europa Ocidental. Havia uma unidade interna e de obediência aos mesmos princípios; era o reflexo de uma civilização vigorosa, segura de sua força e de si mesma.
A partir de 1250 o grego foi ensinado nas escolas dominicanas e, a partir de 1312 nas universidades de Sorbonne, Oxford, Bolonha e Salamanca. Abria-se assim um novo campo ao pensamento que desencadeou uma onda de paixão filosófica no nascimento da Escolástica-teologia e filosofia unidas para provar uma proposição de fé.
Santo Agostinho, Cassidoro, Santo Isidoro de Sevilha, Rábano Mauro e Alamino, os grandes mestres da Antigüidade, se apoiavam sobretudo nas Sagradas Escrituras. Agora o intelectual cristão da Idade Média quer demonstrar que os dogmas estão de acordo com a razão e que são verdadeiros. É a "teologia especulativa", onde a filosofia é amiga da teologia. Os problemas do mundo são estudados agora sob esta dupla ótica. 
A Universidade medieval era um mundo turbulento e cosmopolita; os estudantes de Paris estavam repartidos em quatro nações: os Picardos, os Ingleses, os Alemães e os Franceses. Os professores também vinham de diversas partes do mundo: havia Sigério de Brabante (Bélgica), João de Salisbury (Inglaterra), S. Alberto Magno (Renânia), S. Tomás de Aquino e São Boaventua da Itália. 
Os problemas que apaixonavam os filósofos, eram os mesmos em Paris, em Oxford, em Edimburgo, em Colônia ou em Pavia. O mundo estudantil era também um mundo itinerante: os jovens saiam de casa para alcançar a Universidade de sua escolha; voltavam para sua terra nas festas. O sistema universitário que temos hoje com cursos de graduação, pós-graduação, faculdades, exames e graus veio diretamente do mundo medieval. 
Os papas sabiam bem da importância das universidades nascentes para a Igreja e para o mundo, e por isso intervinham em sua defesa muitas vezes. O Papa Honório III (1216-1227) defendeu os estudantes de Bolonha em 1220 contra as restrições de suas liberdades. O Papa Inocêncio III (1198-1216) interveio quando o chanceler de Paris insistiu em um juramento à sua personalidade. O Papa Gregório IX (1227-1241) publicou a Bula "Parens Scientiarum" em nome dos mestres de Paris, onde garantiu à Universidade de Paris (Sorbonne) o direito de se auto-governar, podendo fazer suas leis em relação aos cursos e estudos, e dando à Universidade uma jurisdição papal, emancipando-a da interferência da diocese.
O papado foi considerado a maior força para a autonomia da Universidade, segundo A. Colban (1975). Era comum as universidades trazerem suas queixas ao Papa em Roma. Muitas vezes o Papa interveio para que as universidades pagassem os salários dos professores; Bonifácio VIII (1294-1303), Clemente V (1305-1314), Clemente VI (1342-1352), e Gregório XI (1370-1378) fizeram isso. "Na universidade e em outras partes, nenhuma outra instituição fez mais para promover o saber do que a Igreja Católica", garante Thomas Woods( pg. 51).
O processo para se adquirir a licença para ensinar era difícil. Para se ter idéia da solenidade e importância do ato, basta dizer que a pessoa para ser licenciada se ajoelhava diante do Vice-chanceler, que dizia:
"Pela autoridade dos Apóstolos Pedro-Paulo, dou-lhe a licença de ensinar, fazer palestras, escrever, participar de discussões... e exercer outros atos do magistério, ambos na Faculdade de Artes em Paris e outros lugares, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém" [Daly, 1961; pg 135].
Uma riqueza da universidade medieval é que era atenta às finalidades sociais. Não se aceitava a idéia de uma cultura desinteressada, ou um saber exclusivamente para seu próprio benefício pessoal. "Deve-se aprender apenas para a própria edificação ou para ser útil aos outros; o saber pelo saber é apenas uma vergonhosa curiosidade", já havia dito São Bernardo (1090-1153).
Para Inocêncio IV (1243-1254) a Universidade era o "Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal", e Alexandre IV (1254-1261) a chamava de: "Luzeiro que resplandece na Casa de Deus" (Daniel Rops, pg.348). 



Portanto, são maldosos ou ignorantes da História aqueles que insistem em se referir à Idade Média e à Igreja como promotoras da inimizade à Ciência e perseguidora dos cientistas.
 
Prof. Felipe Aquino


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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Qual o segredo para viver a santidade?

Quando temos a coragem de viver e fazer no momento presente a vontade de Deus, podemos dizer, sem medo, como o Salmista:
“É o Senhor quem me sustenta e me protege” ( Sl 3).
Nem sempre a vontade de Deus se manifesta como gostaríamos ou imaginamos, mas o segredo está em acolhê-la e render-se a ela de coração.
Quando nós vemos a vida dos santos, ficamos admirados, contudo, achamos que não é para nós. Quando o único caminho certo para a santidade é fazer a vontade divina em todos os momentos da nossa vida. Esta é a via mais segura para sermos santos.
Peçamos hoje ao Senhor, insistentemente, que Ele corte radicalmente tudo o que não for da vontade d’Ele na nossa vida.
Senhor, dá-nos a graça de estarmos inteiros na Tua vondate no dia de hoje e que nada e ninguém nos tire da Tua presença.
Jesus, eu confio em Vós!

Luzia Santiago
Comunidade Canção Nova
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Bíblia, Espelho de Deus

A Bíblia é a história de um povo com o seu Deus; não de qualquer povo, mas do povo de Deus, escolhido por Ele, para ser exemplo para todos os povos. Israel representa a humanidade caminhando com Deus. Nas suas andanças e desandanças, espelham-se os tropeços da humanidade confrontada com Deus. 

Nós somos o povo de Deus, portanto, não podemos ler a Bíblia apenas como devoção individual. Porque somos povo, somos indubitavelmente solidários com os ricos e com os pobres, com os justos e com os pecadores. Andamos todos misturados, carregando o nosso peso e o dos outros; como também os outros carregam o peso deles e o nosso. Completamente misturado: é assim que anda o povo de Deus (cf. Ex 12,38). 

Deus é pastor das ovelhas e dos cabritos. Mas, constantemente, o rebanho se recusa a seguir o seu pastor. O povo murmura e se revolta; quer pão, água, carne. E nós somos este povo de Deus; Deus conosco e nós, rebanho, andando e desandando, nos atrapalhando mutuamente e nos ajudando pela presença dos outros, empurrando e empurrados, aos balidos. 

Na frente vai o nosso pastor, levando o rebanho rebelde. Mas o pastor também se cansa desta rebeldia constante, “desanima, se zanga e entrega o rebanho aos lobos”, que rasgam ovelhas e cordeiros. A Bíblia não é só narração idílica e pastoril. É também anúncio severíssimo dos profetas, denunciando ao povo os seus pecados e a sua infidelidade e anunciando os piores castigos: destruição completa de Samaria, o Israel do Norte, em 721 a.C.; destruição de Jerusalém e do Templo, em 587 a.C., com o exílio, longe da Terra Prometida. Depois da morte de Jesus, no ano 70 d.C., nova destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos. 

Quando nos propomos a ler a Bíblia, é comum nos dedicarmos aos trechos mais “consoladores”, que falam da ternura de Deus, de seu amor pelo povo... Mas podemos ler e refletir somente aquilo de que gostamos e deixar de lado aqueles outros trechos mais severos? Será que ainda é a Palavra de Deus, ou uma antologia piedosa, adoçada, temperada para o nosso gosto e consolo? 

Será que temos o direito de ler e meditar somente aquilo que nos agrada e assim retirar da Palavra de Deus sua mensagem essencial, fabricando um ídolo para nosso uso particular e, amiúde, individualista: “Meus problemas, minhas enfermidades, minha família...” Será que não estamos, dessa forma, esvaziando a Palavra de Deus, que proclama a salvação para a humanidade inteira, reduzindo-a a um remédio caseiro para o nosso egoísmo e egocentrismo? Enquanto isso, o mundo inteiro morre e se destrói por falta de conhecimento da Palavra que o pode salvar, e que nós edulcoramos para o nosso “uso tranqüilizante”. 

Acredito que temos uma obrigação gravíssima de ler e procurar entender a Bíblia inteira – consoladora e severa – para descobrir o plano de Deus para nós e para a humanidade. Não temos o direito de manter essa Palavra cativa, para nosso uso pessoal. Palavra que pertence à humanidade inteira, e da qual somos os depositários, os responsáveis, mas não os proprietários. 

Portanto, impõe-se-nos a necessidade urgente de uma leitura adulta e responsável da Palavra de Deus total, de A a Z, do Gênesis ao Apocalipse, para perceber e entender o que Deus está hoje gritando para nós e, por nós, à humanidade desvairada. Se alguém está se afogando no rio e deixamos de gritar para pedir socorro, será que não temos responsabilidade pela sua morte? O mundo está se afogando e temos em nossas mãos o remédio, o único remédio que o pode salvar eternamente. Será que temos o direito de adocicar esta mensagem, fazendo dela um “chá de erva-doce” para o nosso uso individualista e egoísta, enquanto o mundo se afoga? 

É por este motivo que insistimos sempre sobre uma leitura da Bíblia inteira, uma leitura adulta, que procure perceber e entender o plano de Deus para a humanidade, para sermos conscientes nesta caminhada, e para que a Bíblia se torne realmente luz para a nossa vida e para a vida dos nossos irmãos. 

Pe. Caetano Minette de Tilesse 
Fundador da Comunidade Nova Jerusalém
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sábado, 28 de maio de 2011

A Igreja, Nossa Mãe

Existe na rica Tradição cristã uma afirmação de São Cipriano, Bispo de Cartago e mártir , que talvez surpreenda muitos cristãos de nossos dias: "Não pode ter Deus como Pai quem não tenha a Igreja por mãe" (De Catholicae Ecclesiae Unitate , c. 6). Estas palavras foram escritas numa época turbulenta, em que S. Cipriano se via frente a duas tentativas de ruptura da Igreja; para ele, a fidelidade à Igreja era a fidelidade a Deus Pai; ser filho do Pai Celeste é ser " filho da Igreja. - Como entender isto?
O Evangelho nos diz que "ninguém vai ao Pai senão por Cristo" (Jo 14,6),...Cristo que é inseparável do seu corpo eclesial ou da sua Igreja (cf. CI1 ,24). O mistério da Encarnação não é um fato isolado, mas algo que repercute em toda a história do Cristianismo. A vida do Pai, que se derramou sobre a humanidade de Cristo, chega a cada cristão através da S. Igreja, que, por isto, é adequadamente chamada "Mãe" na Tradição cristã.
Mãe (...) Este vocábulo é dos mais significativos para todo ser humano. É talvez o primeiro conceito que a criança formula, a primeira palavra que ela pronuncia. É da mãe que a criança recebe a vida e os rudimentos da educação e do saber; os ensinamentos, os exemplos, os costumes, o amor da mãe se gravam na memória dos filhos e se tomam decisivos para o futuro destes. É na sua mãe que a criança encontra o primeiro sustentáculo, o seu amparo, a sua força e alegria; é a mãe que explica o mundo ao filho e lhe mostra tudo o que há de bom e belo, como também o que há de insidioso, neste mundo.
Pois bem. A Tradição cristã é constante ao afirmar que a Igreja é nossa Mãe. Não conheço Jesus Cristo senão através dos ensinamentos multisseculares da Santa Mãe Igreja; recebi o Livro que me fala de Jesus Cristo, das mãos dessa Mãe e Mestra; foi ela que ouviu, por primeiro, a Palavra de Cristo; vivenciou-a, aprofundou-a e consignou-a por escrito nos livros do Novo Testamento. Aliás, que cristão seria eu, que seria minha fé, que seria minha oração, se eu estivesse entregue a mim mesmo e me encontrasse a sós diante da Bíblia? Talvés eu fizesse a Bíblia dizer o que eu pensasse, em vez de ouvir a genuína mensagem de Cristo recebida de viva voz pela Igreja e oportunamente redigida pelas suas mãos, que foram Mateus, Marcos, Lucas, (...).
Mesmo aqueles que se afastam da Igreja para ficar somente com Jesus Cristo, só podem falar do Cristo que eles conhecem através da Igreja. Não há outra via de acesso a Cristo senão a Tradição viva da Igreja. Apesar disto, há aqueles que a abandonam, embora alimentados por essa Santa Mãe. Um vento de crítica amarga bate em muitas mentes e resseca os corações, impedindo-os de ouvir o sopro do Espírito. Muito sabiamente dizia S. Agostinho: "Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus".
A Igreja é minha Mãe (...). As censuras que lhe são feitas, não carecem, todas, de fundamento. Mas o volume dessas queixas não supera a grandeza do mistério-sacramento que é a Santa Mãe Igreja, o Corpo de Cristo prolongado!

Cleofas
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Eucaristia

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A Eucaristia é realidade permanente enquanto sacramento, na Hóstia, na Comunhão, no sacrário (A hóstia depois de consagrada é sempre o Corpo de Cristo, é verdadeiramente Cristo que permanece ali. Não só no momento da consagração, mas enquanto ela existir, enquanto não for consumida). E é realidade transitória enquanto sacrifício, na Missa, no momento da consagração (o sacrifício acontece na consagração, Cristo que se oferece ao Pai).

O Sacramento onde Cristo Se dá a nós, tem por fim primário a santificação do homem. O sacrifício, onde Cristo Se oferece a Deus como oblação, tem como fim primeiro a glorificação de Deus.
No sacrifício uma vítima é oferecida para dar testemunho do domínio de Deus. A vítima é totalmente oferecida a Deus, quem oferta se priva deste bem em honra Dele. Na Antiga Aliança com os sacrifícios que o povo de Deus fazia no templo se prefigura o sacrifício de Jesus em sua morte de Cruz.

O sacrifício de Jesus é único. Não se repete. Na missa nós o atualizamos, fazemos presente o mesmo e único momento da paixão, morte e ressurreição de Jesus. A Eucaristia torna presente o sacrifício da Cruz.
A Eucaristia é o próprio Corpo de Cristo e nós somos, pelo nosso batismo, seu corpo místico, ao ser este corpo apresentado ao Pai em sacrifício, nós também estamos sendo oferecidos, com Jesus, ao Pai em sacrifício por toda a humanidade.

A Missa

"A missa é ao mesmo tempo memorial do sacrifício de Cristo e banquete sagrado da Comunhão do Corpo e Sangue do Senhor" ( CIC n. 1382). A missa tem uma estrutura que se conservou desde os primeiros séculos. E são basicamente dois momentos fortes: A Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística.

Desde o início da Missa, são os fiéis convidados a participar dos "sagrados mistérios", e para se tornarem menos indignos são exortados a reconhecer as próprias culpas. Conclui o sacerdote: "Deus onipotente e misericordioso tenha compaixão de nós, perdoe os nossos pecados e nos conduza à vida eterna". Eis a preparação mais adequada para a celebração eucarística prestes a se iniciar e, também, seu dom antecipado "porque todas as vezes que celebramos... este sacrifício, cumpre-se a obra de nossa redenção" (MR II dom. T. C.).

Em todas as missas, são aplicadas aos fiéis os frutos da oblação de Cristo: a remissão dos pecados e o dom da vida eterna iniciada já neste mundo com a vida da graça. Acima de tudo, porém, é o sacrifício eucarístico "ação de graças", pelo que se apressa o celebrante em entoar o festivo hino de louvor e agradecimento, prosseguido por todos fiéis: "Glória a Deus nas alturas". Significativo é que o primeiro motivo deste louvor, não são os admiráveis dons com que nos cumula o Altíssimo, mas a grandeza, a própria glória de Deus em que se compraz a Igreja: "Nós vos louvamos, nós vos glorificamos, nós vos damos graças por vossa imensa glória".

É, a glorificação de Deus, o fim primário da Santa Missa e se realizará do modo mais perfeito quando, após a consagração, puderem os fiéis oferecer ao Pai a Eucaristia: Cristo-Vítima para sua glória... À proclamação da palavra de Deus, nas leituras da Missa e na viva voz do sacerdote, segue-se a oferta dos dons e a apresentação da matéria para o sacrifício: preciosos momentos de recolhimento mui propícios para associarem-se intimamente os fiéis à ação sagrada, na qual são chamados a exercer seu sacerdócio santo: Para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo, em sua oblação, e os ofereça ao Pai, "como holocausto vivo, santo, agradável" (O texto em itálico foi extraído da Intimidade Divina, do Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, O. C. D. . São Paulo: Ed. Loyola, 1990)

O Amor de Jesus por nós

Jesus foi obediente ao Pai, foi obediente até a morte e morte de Cruz, num esvaziamento total de Si. Sendo Deus rebaixou-se, morreu a pior morte. Não há como separar o sacrifício da Cruz, do sacrifício eucarístico. É o mesmo mistério de um Deus tão grande, infinito, que desce, que se rebaixa a sua criatura.

O amor de Jesus o impele a nós. E tomado de amor, não querendo separar-se de nós, quis Ele dar-se continuamente, quis estar perto do homem, mais que isso quis comungar com o homem, entrar nele, transformá-lo em Si.

Este amor fez Jesus instituir a Eucaristia. Aniquilar-se completamente se colocando em nossas mãos, sob as espécies do pão e do vinho. O Verbo de Deus, que é Deus de Deus, gerado desde toda eternidade faz-se presente diante dos nossos olhos em um pequenino pedaço de pão. O Todo-poderoso, por amor, faz-se frágil, se coloca sob a fraqueza dos homens.

Aquele que é infinitamente bom, confia inteiramente no homem ao ponto de se deixar levar de um lado para o outro, como se fosse apenas pão. Aquele que é a liberdade deixa-se aprisionar em um sacrário a mercê dos homens. Aquele que é Amor, se põe ao nosso alcance como mendigo do nosso amor pobre.

Perceber isto, contemplar esta realidade, deveria ser o suficiente para curar todas as nossas feridas, para curar todo o desamor, toda a rejeição. Ele corre a nós para se dar em amor e porque é sedento do nosso amor. E tudo isto acontece pela Eucaristia.

Escola de Formação Shalom
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sexta-feira, 27 de maio de 2011

O Espírito Santo só vem aos humildes

O Espírito Santo é um dom de Deus, não pode ser comprado; ninguém O merece; foi por isso mesmo que Jesus Cristo trabalhou uma vida inteira a fim de pagar o preço, e por último deu a moeda final: derramou todo o Seu Sangue numa cruz e deu-nos Sua vida. No alto da cruz, conta-se que Ele expirou, pôs para fora o Seu último sopro. Depois de ter ressuscitado, Jesus apareceu aos discípulos e também soprou sobre eles dizendo: “Recebei o Espírito Santo!” Assim aconteceu...

Se o Espírito Santo é dom, só pode ser dado. Se por um lado não O merecemos, por outro podemos nos preparar melhor para recebê-Lo. Cristo fala de duas condições para receber o Espírito Santo: pedir e querer.

Pedir:
O Espírito Santo só vem aos humildes. Quando elevamos ao céu a nossa oração, somos nós que tomamos consciência das necessidades que temos e do quanto precisamos de Deus em nossa vida. Humildade é reconhecer o nosso lugar como criaturas e sujeitarmo-nos a Deus. Não existe melhor ambiente para propiciar isso do que a oração.

O Senhor quer nos dar a Sua graça, mas quer que a peçamos; quer até mesmo ser importunado e como que constrangido com nossas orações: “Pedi e recebereis...”. Mas quando vamos rezar, não devemos fazê-lo como os pagãos que acreditam que serão ouvidos à força dos gritos. Devemos pedir com o coração cheio de amor e confiança. Deus quer cumprir o que prometeu, mas para satisfazer Sua promessa, quer que Seus filhos peçam. Ele está à nossa espera, quer ouvir nossa oração.
A experiência do Espírito Santo é pessoal, única. Há pessoas que viveram nas mais diferentes circunstâncias e lugares, apesar disso é certo que Ele [Espírito Santo] gosta de se derramar no meio da comunidade, quando os membros desta oram juntos. “Se dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está no céus. Porque onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18, 19-20).
Querer:
A ajuda de Deus nos será concedida quando a desejarmos. Quanto mais forte for o seu desejo, tanto mais intensa será a sua oração. O Espírito Santo vem onde Ele é querido. Deus não quer que O busquemos apenas pelas graças que nos pode conceder, mas quer que o façamos por ser Ele quem é: o nosso maior bem, a maior de todas as graças. O Esṕirito Santo é o companheiro que todos sonham ter, é o melhor amigo, nunca dá conselhos "furados". Apesar de ser hóspede, não deixa faltar nada em casa, está sempre perto para enxugar nossas lágrimas. Quem O tem não fraqueja; Ele transforma o medo em coragem, dá-nos já uma sabedoria que muitos só experimentam na velhice. Torna solido nosso caráter e alicerça nossa família, pois coloca Jesus no centro de nossas vidas como pilar fundamental, que sustenta nossa existência para Deus.

Márcio Mendes
marciomendes@cancaonova.com
Missionário da Comunidade Canção Nova
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Um coração ferido não ama a si próprio

A marca registrada do cristão é a sua capacidade de viver o amor. Amar é a única opção que temos quando queremos viver conforme Jesus. Ou aprendemos a amar ou não podemos dizer que somos cristãos. Amar é imperativo, categórico. Por isso a cura dos ressentimentos também torna-se um imperativo para nós. Ou nos curamos e assim conseguimos amar, ou não amamos e não podemos nos dizer cristãos.

Ser cristão é ser diferente. O mundo não pode acolher nem compreender a serenidade do coração cristão. Jesus deixou bem claro que a paz que Ele nos dá, o mundo não pode receber nem entender. E o que somente a partir dessa paz é que podemos viver sem temor.

O cristão é alguém que assume no mundo a missão de amar sempre. A partir da experiência de Deus por nós somos chamados a testemunhar para o mundo a possibilidade de um relacionamento diferente, no qual ninguém oprima ninguém.

A grande causa dos problemas de relacionamento entre as pessoas está no distanciamento do amor de Deus. Ninguém consegue amar uma pessoa, limitada e fraca, se não tiver a experiência do amor de Deus. Quem não ama a Deus não se ama e não ama ninguém.

Para curar o ressentimento é preciso fazer uma operação fundamental pelo amor. Num mundo onde as pessoas só amam aqueles que lhes parecem bons, Jesus nos chama a amar a todos, como Ele nos amou.

A primeira coisa que Deus faz em nossa vida é nos animar com um espírito novo. Sem esse jeito novo de enxergar a vida, a si mesmo e as outras pessoas, nunca teremos esse coração curado.

É preciso tocar no ponto crucial: o coração empedernido! Coração de pedra é uma expressão que nos revela a dureza que nosso coração vai experimentando e adquirindo à medida que deixamos de amar.

O ódio produz essa dureza. E esse coração precisa ser substituído mesmo, agora por um coração de carne, um coração manso e humilde, semelhante ao Coração de Jesus.

Somente a partir dessa experiência é possível observar a lei de Deus, guardar e praticar Seus mandamentos e ser cristão de fato.
Se não consigo amar, a partir de mim mesmo, já sendo ferido e machucado me é impossível amar o próximo. Eu posso e devo amar segundo o Coração de Jesus.

Um coração ferido e machucado não ama a si mesmo e não consegue amar mais ninguém.

(Trecho extraído do livro: 'A cura do ressentimento').
Padre Léo, SCJ
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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Você já mentiu hoje? Seja honesto!


Que mal faz uma mentira? “Foi por uma boa causa”; “Eu não tinha outra escolha”; “Foi para proteger a pessoa”; “Teria sido muito pior se tivesse contado a verdade”.
Quantas desculpas são apresentadas para sustentar as pequenas mentiras do dia a dia! Diante de tantas desculpas, talvez até nos convençamos de que, afinal, mentir não é algo tão grave assim. Não existem aqueles que “mentem que nem sentem”? Esse é o resultado de nos acostumarmos de tal forma com as mentiras, com esse pecado de estimação. Mas, se acreditamos que “...Jesus é o caminho, a VERDADE e a vida”, o que nos impede de agir conforme aquilo que dizemos acreditar?

Você já mentiu hoje? Seja honesto. Já passou alguma informação distorcida, exagerada ou enganosa pela internet ou no meio em que convive? Já assinou o ponto fora de hora? Quantas desculpas você já deu de atrasos, pequenas infrações? E quando a mentira tem a finalidade de evitar que alguém se decepcione ou fique magoado contigo?
Mas como a mentira entra em nossas vidas? Como aprendemos a mentir?
Algumas questões são úteis para você deixar definitivamente a mentira de lado. Na sua família existe o hábito de justificar as coisas com pequenas mentiras? Quando alguém telefona para sua mãe e ela não quer atender, como você respondia a quem ligou? O que te orientavam falar? Pois é, são essas pequenas mentiras, aprendidas muitas vezes até mesmo em família, na orientação dos pais para os filhos, ou em seu modelo que formam a base do hábito de mentir. Um hábito que os próprios pais estabelecem, mesmo não querendo.

Talvez seja possível perceber, com um pouco de honestidade ao avaliar as situações em que mentimos, que muitas vezes isso acontece por não sabermos como fazer o certo. Mas será que essa é uma desculpa para não nos empenharmos em melhorar? E se nos propusermos a melhorar, o caminho é um só: aprender a falar sempre a verdade, por mais difícil que seja. Ouvi, certa vez, uma senhora dizer que “A verdade, quando dita com ternura, nunca prejudica a ninguém”.
A mentira serve para encobrir os fracassos. Fracasso que experimentamos quando erramos, quando optamos pelo “mal”, quando justificamos nossas incoerências, quando não conseguimos fazer o bem que gostaríamos (Cf. Rm 7, 19), quando não conseguimos expressar de forma clara, objetiva e direta o que sentimos, o que pensamos, o que esperamos, o que gostaríamos. Quantas vezes fugimos de situações constrangedoras dizendo estar ocupados, cansados ou doentes? Quantas vezes foi necessário recorrer às mentiras para esconder nossa dificuldade em dizer “não”?

Ser sincero parece ser mais difícil, nos expõe mais. Se você conhece a alegria de uma relação transparente com certeza iria optar por assumir suas fraquezas e dificuldades. Mentiras “brancas” ou “pretas”, “leves” ou “pesadas”. Não importa. Se você quer buscar a vida, é preciso buscar a verdade. Essa é a busca que nos abre as portas para descobrirmos o que há de melhor em nós, e que muitas vezes desconhecemos: os dons que nos foram agraciados para, com eles, lidarmos com todas as dificuldades (ternura, paciência, brandura, etc.). Não podemos mais ser coniventes com a mentira.
O principal problema para o mentiroso é a recusa em reconhecer-se um mentiroso. Assim, talvez seja o momento de rever as perguntas iniciais. Identificar as mentiras na sua vida, identificar as mentiras que você vive. As mentiras que você conta para si mesmo. Pensar nas causas, mas principalmente, assumir a sua responsabilidade por uma conversão, por uma mudança.
Observe-se. Identifique as mentiras. Analise o motivo, a dificuldade em se comprometer com a verdade naquela situação. Proponha-se então a enfrentar essa dificuldade.
A alegria consiste em viver reconciliado com sua realidade, sem fugas, sem esquivas, sem desculpas, portanto, sem mentiras. Ser livre consiste em assumir as consequências dos nossos atos.

Por pior que seja a realidade, as verdadeiras ervas daninhas são aquelas que você cultiva no seu coração, quando foge de viver o que sua realidade te oferece.
E só para finalizar: aquela história de “no dia que ele mudar, eu mudo” muitas vezes é um tipo de mentira também. Portanto, não olhe para o outro, mas para aquilo que hoje, em você precisa encontrar a verdade.

Cláudia May Philippi, Psicóloga Clínica
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Jesus: modelo perfeito de oração

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). A frequência com que oramos pode variar bastante segundo as circunstâncias que nos envolvem. Contudo, pressupõe-se que seja um costume regular.  O Senhor Jesus – como homem perfeito que foi – em tudo nos é modelo. Os seus dias de trabalho eram repletos de afazeres como os de nenhum outro. Mesmo assim, sempre o vemos em oração perante o seu Pai Celestial: cedo de manhã, ao fim do dia e não raro durante a noite. Isto vem á tona especialmente no evangelho de Lucas, onde ele é apresentado como o Filho do Homem. Vamos conferir algumas cenas:

Logo no início de seu ministério: o batismo por João Batista assinala o início do ministério de Jesus (At 1,22). Lucas é o único que relata que o Senhor, tendo saído da água, orou. Logo a seguir o céu se abriu para o duplo testemunho divino, que também é relatado por Mateus e Marcos: o Espírito Santo desceu sobre ele em forma visível, e o Pai testificou o seu agrado no seu “Filho amado” (Lc 3,21-22).
Em meio a muitos trabalhos: Nosso Senhor cumpria uma extensa lista de atividades. Ele ensinava nas sinagogas, pregava por toda parte, curava os enfermos e expelia demônios. Não havia como evitar que suas obras repercutissem, embora ele admoestasse repetidas vezes que não fizesse divulgação. “Ainda assim, ele não se deixava absorver pelas requisições, porém, se retirava para os lugares solitários e orava” (Lc 5,16). Tal relato faz supor que, por vezes, ele também se ausentava por períodos prolongados para estar a sós com Deus.
Antes de decisões relevantes: certa ocasião ele perseverou a noite inteira em constante “oração a Deus” (Lc 6,12). Foi quando ele estava para escolher os seus doze apóstolos. Entre eles, homens que posteriormente, seriam grandes testemunhas da fé, como Pedro, João e Tiago, mas também “Judas Iscariotes, que se tornou traidor”. Ele era o filho de Deus, e nada lhe estava oculto; contudo, como homem que era, sentia profundamente a necessidade de comungar com Deus acerca dessas coisas.
Antes de anúncios importantes: certa vez ele orou na presença dos discípulos, para  a seguir testá-los com uma pergunta: “E vos, quem dizeis que eu sou? (Lc 9:18-20). Em sua resposta, Pedro rendeu o magnífico testemunho: “O Cristo de Deus” (compare com Mt 16,16-17) . O Senhor Jesus no entanto, tomou a oportunidade para anunciar os seus sofrimentos da cruz.
Sobre o “monte santo”: a maravilhosa prévia do que seria sua glória no vindouro Reino de Paz, que pode ser assistida por três de seus discípulos, começou com uma oração dele. “Estando ele orando”, ocorreu a misteriosa transfiguração (Lc 9,28-36; 2 Pe 1,16-18).
Senhor, ensina-nos a orar: o Senhor havia terminado de orar, quando um discípulos lhe fez este pedido (Lc 11,1), Correspondendo a posição de outrora, ele apresentou o modelo do “Pai Nosso”. Hoje, todavia, oramos “no Espírito Santo” (Jd 20), contudo, na mesma atitude.
Getsêmani: aqui vemos Nosso Senhor de joelhos, em profunda aflição de alma (Lc 22,43-44). Ele viera para cumprir a vontade de Deus, e nunca vacilou neste propósito. Sua missão tinha como base a oração ao bom Deus.
                     ENSINAMENTO SOBRE A ORAÇÃO
Nosso Senhor Jesus Cristo é o perfeito exemplo de orante e a maior autoridade sobre o ensino da oração. Ele deixou para nós a maior e a mais poderosa oração do universo: “A oração do Pai Nosso” (Mt 6,9-13).
Ele contou uma parábola para mostrar a necessidade de orar sempre, sem jamais esmorecer (Cf. Lc 18, 1-8). Jesus tanto orava em companhia de seus amigos (Mt 26, 36-38; Lc 9, 28-36; Jo 11,40-45); como buscava o silêncio e a solidão para uma abissal comunhão com seu Pai (Mt 14,23 ; Mc 1,35). O capítulo 17 do Evangelho de São João é magistral no ensino de oração intercessória. São Paulo Apóstolo aprendeu muito bem com o seu Mestre Jesus de Nazaré, quando ele exorta: “Orai e sem cessar” (1 Ts 5,17). “Com orações e súplicas de toda a sorte, orai em todo o tempo, no Espírito e para isso vigiai com toda a perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6,18).
Os Santos na História da Igreja deixou para nós o maior exemplo de oração e intimidade com Deus. Uma das principais virtudes dos Santos é a vida profunda de clamor e súplica pela humanidade.
O grande Bispo e Doutor da Igreja Santo Agostinho de Hipona dizia: “Sem a oração não se pode conservar a vida da alma. A oração é uma chave que nos abre as portas do céu”. O Patriarca de Constantinopla São João Crisóstomo afirmava: “O homem mais poderoso é o que reza, porque se faz participante de Deus”.
O ínclito teólogo, chamado pela Igreja de “O Doutor Angélico”, Santo Tomás de Aquino dizia: “A oração contínua é necessária ao homem para entrar no céu. A força da oração para obtermos a graça, não vem de nossos méritos, mas da misericórdia de Deus que prometeu ouvir aquele que lhe pede”.
A primeira mulher declarada Doutora da Igreja foi a grande mística Santa Teresa de Ávila, ela disse: “A oração de intimidade com Deus, não é outra coisa senão um morrer quase total a todas as coisas do mundo para alegra-se só em Deus. Quem deixa a oração é como jogar-se no inferno por si mesmo, sem necessidade dos demônios”. Por isso o Bispo, Doutor e fundador da Congregação do Santíssimo Salvador, patrono dos confessores e teólogos da teologia moral Santo Afonso de Ligório afirmou com categoria: “Que reza se salva. Quem não reza, certamente se condena. “Digo  e repito e repetirei sempre, enquanto tiver a vida, que toda a nossa salvação está na oração”.
E para finalizar essas pequenas citações sobre a oração, termino com o pensamento da gloriosa e amadíssima Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja e padroeira das missões: “Ah! É a oração, é o sacrifício que fazem toda minha força. São as armas invencíveis que Jesus me deu e, bem mais do que as palavras, podem tocar as almas. Fiz muitas vezes essa experiência”.
CONCLUSÃO
Seguir Jesus Cristo é amar e viver seus ensinamentos. Na oração o modelo maior é oração do PAI NOSSO. Precisamos explorar a riqueza da oração. Mergulhar a alma no Oceano de oração. Três coisas para a alma viver no Oceano de oração: “Tempo, vontade e ação”. O tempo, que é o belo presente de Deus, deve ser vivido na graça do amor, do perdão, da meditação e no dialogo com Deus. À vontade, que é nosso desejo de forma radical para fazer a vontade de Deus, praticar boas obras e se jogar nos braços do Pai contra as tentações demolidoras. A ação, que é o hábito de orar em todo tempo e lugar. A ação leva-nos buscar métodos sobre a prática abissal do Oceano de oração. A nossa fortaleza e a nossa felicidade estão no trato com a oração. Essa experiência faz a alma caminhar com segurança na estrada da vida. Ganhamos tudo de excelente por meio da oração. A vida sobrenatural é verdadeira pelo espírito da oração. Para vida mística – unitiva – contemplativa o fundamento é o ardor da oração.
         Nosso Senhor Jesus Cristo se faz tão presente com atos de sublime misericórdia no coração de quem ora e ama, cuja vida leva muitas pessoas a contemplar a face do bom Deus.

Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja 
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Evangélicos tentam anular decisão do STF

Deputados ligados a Frente Parlamentar Evangélica, que atua na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, pretendem entrar com uma emenda constitucional que vise sustar, através de um decreto legislativo, a decisão sobre homoafetividade tomada pelo Supremo Tribunal Federal, no dia 5 deste mês que  por 10 votos a zero, reconhecer a união homossexual estável como unidade familiar. Na prática, ela foi equiparada à relação estável entre homem e mulher, permitindo que direitos e deveres comuns aos casais heterossexuais sejam estendidos aos casais do mesmo sexo.
“Achamos que o remédio para isso é o Parlamento aprovar um projeto de decreto legislativo, com fundamento na Constituição Federal, que diz caber ao Parlamento zelar pela sua competência. O remédio que tem é sustar, através do decreto legislativo, os efeitos dessa decisão (do Supremo). Agora, se a Casa terá esse mesmo entendimento e irá aprovar, evidentemente, depende de um debate a partir da apresentação desse projeto. Esta é a nossa disposição”, adiantou o presidente da FPE, deputado João Campos (PSDB-GO).
Na avaliação dele, o Supremo vem praticando um “ativismo judicial perigoso”, invadindo a e atropelando a competência do Legislativo.
“Isso é muito ruim para o Estado Democrático de Direito, pois ofende o princípio da separação de poderes, fere o princípio do equilíbrio entre os poderes. O Judiciário não tem legitimidade democrática para alterar nenhuma norma. Ele pode interpretar. Em alguns casos, como o da união homoafetiva, como o da fixação do quantitativo das câmaras de vereadores, como o da fixação das regras para o uso de algemas, o Judiciário não interpretou lei nenhuma, mas legislou. Isso é um absurdo. É como se o Parlamento, em nome da demora do poder Judiciário, avocasse processos aqui para que nós pudéssemos dizer a sentença”, acrescentou.
Sobre as críticas de que o STF teria sido impelido a se posicionar em relação à união estável homoafetiva diante da suposta inércia, do vácuo deixado pelo Legislativo, rebate:
“Esse argumento é falacioso. Se a própria Constituição e o Código Civil criaram uma regra, que, do meu ponto de vista, não cabe nem interpretação de tão clara que é, não há vácuo. Outro argumento que os ministros do Supremo utilizaram foi o da demora do Parlamento em deliberar. Onde é que está escrito que, quando o Parlamento demora a decidir por que a sociedade não constituiu dentro dele uma maioria acerca daquele assunto, outro poder tem que decidir? Se o argumento da demora vale para o Judiciário, então, vale para o Legislativo em relação ao Judiciário. Então, nós poderíamos alocar o processo do mensalão, que está quase prescrevendo sem que o Judiciário se pronuncie, e dizermos a sentença. Isso não tem cabimento”, provoca.
Com informações Jornalweb/ Jornal Alagoas, via CPAD News
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terça-feira, 24 de maio de 2011

Existe diferença entre pecado Católico e pecado Protestante?

Jean Mercier, Revista La Vie.França

O caso DSK Dominique Strauss Kahn diretor gerente do FMI revela um choque de culturas. O catolicismo e o protestantismo não têm a mesma maneira de gerir a culpa e o pecado. Questões de teologia e história…

Desde o pecado original, a humanidade “manca”, especialmente no registro da sexualidade. A Igreja católica aceita isso como uma realidade indiscutível que se trata de curar e acredita especialmente no poder dos sacramentos. Ela afirma ainda sua competência para “gerir” o melhor possível os erros e a culpabilidade, especialmente através do sacramento da Penitência, pelo qual o sacerdote pronuncia o perdão de Deus ao penitente dando-lhe a absolvição, após a confissão sincera dos pecados e a promessa de não mais repeti-los.

A Igreja católica acredita que a pessoa sempre pode se emendar com a graça de Deus que age na alma. Ela defende uma visão complexa do pecado e da questão da liberdade no que diz respeito à fraqueza humana. A fraqueza pode ser menor ou maior, dependendo da natureza dos indivíduos, a liberdade pode ser mais ou menos segura em função da história e da psicologia do indivíduo, nada é absoluto.

Isso desembocou na casuística, ou seja, na cultura da jurisprudência sobre a culpa. A Igreja pode se orgulhar de um certo refinamento no gênero.É assim que se chegou à distinção entre os pecados veniais e mortais, a fim de ter em conta a maior ou menor gravidade de um ato. Porque se pode fazer o mal sem que seja um pecado.

Por exemplo, eu atropelo de carro um pedestre que se jogou debaixo das rodas, acidentalmente. Se eu estivesse dirigindo em velocidade baixa, prestando atenção, não haveria pecado. Se eu estivesse bêbado, já seria outra coisa… Esta visão inspirou a categoria jurídica, no direito penal, das circunstâncias agravantes ou atenuantes. O universo católico é marcado por uma gestão flexível e individual do pecado.

Há uma lei, mas a Igreja sempre viveu a adaptação a cada um segundo a lei da gradualidade (ver as recentes declarações do papa sobre os preservativos em seu livro Luz do Mundo).

O “bom” padre é um leão no púlpito, mas um cordeiro no confessionário, como disse opapa Pio X… No segredo do confessionário, o padre se adapta e fixa uma penitência justa e suportável.

O ponto de vista calvinista defende que é preciso passar a religião pelo alvejante, purificá-la do seu lixo. Este é o significado do puritanismo (uma forma de calvinismo radical), que não tem, primeiramente, intenção sexual, mas que quer livrar a relação do homem com Deus de todos os pequenos arranjos mundanos, para dar apenas poder e glória a Deus. A nobre ideia é que a Igreja não deve se imiscuir na gestão do pecado, que é reservada exclusivamente a Deus, a menos que se arrogue um poder indevido. Por isso, nega a confissão e tudo o que acontece com… porque se pensa que esta mediação da Igreja é ilegítima, que ela interfere indevidamente na relação entre o crente e seu Deus.

Os americanos se construíram sobre a visão “puritana”, no sentido histórico: Os Pilgrim Fathers deixaram a Inglaterra, onde o protestantismo, na sua opinião, se perdeu (simultaneamente por conluio com uma influência catolicizante no anglicanismo e também pela aliança entre o trono e o altar, razão pela qual a primeira emenda da Constituição norte-americana estabelece a laicidade das instituições).

Esta visão protestante se une, nos Estados Unidos, a uma abordagem anglo-saxã voluntariamente binária: tudo é preto e branco, não há nenhuma área cinzenta, como no catolicismo. Não se toma a pessoa na sua globalidade, como no catolicismo, mas ela é destrinchada em pedaços. Daí a força do fenômeno do “nascer de novo”: “Eu era um pecador, me converti e me tornei puro. Desde que estou ancorado em Deus, estou morto para o pecado.”

O catolicismo, ao contrário, postula que o caminho para a santidade é progressivo e consiste de etapas onde se cai e depois se levanta e onde se avança por etapas; sem que nunca possa se considerar totalmente puro. Não há nada semelhante na cultura protestante evangélica americana onde se supervaloriza a ruptura entre o antes e o depois da conversão, entre o pecado do passado e a pureza do presente. Mas a realidade é mais complexa… Permanecemos pecadores…

Isso incentiva, então, o fenômeno da clivagem entre uma vida privada pecaminosa e uma vida pública impecável. Os recentes acontecimentos nos Estados Unidos estão repletos de casos em que políticos que militam contra o homossexualismo são pegos em flagrante delito de relações gays. Pode-se citar também o caso do governador do Estado de Nova York que estava envolvido em uma rede de garotas de programa quando ele tinha como prioridade a luta contra a prostituição. 
 
Blog do Carmadélio
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Não tropeçar nos contra-testemunhos

Naquele tempo, Jesus falou às multidões e aos seus discípulos e lhes disse: “Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Por isso, deveis fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imiteis suas ações! Pois eles falam e não praticam. Amarram pesados fardos e os colocam nos ombros dos outros, mas eles mesmos não estão dispostos a movê-los, nem sequer com um dedo.
Fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros. Eles usam faixas largas, com trechos da Escritura, na testa e nos braços, e põem na roupa longas franjas.
Gostam de lugar de honra nos banquetes e dos primeiros lugares nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados nas praças públicas e de serem chamados de Mestre. Quanto a vós, nunca vos deixeis chamar de Mestre, pois um só é vosso Mestre e todos vós sois irmãos. Na terra, não chameis a ninguém de pai, pois um só é vosso Pai, aquele que está nos céus. Não deixeis que vos chamem de guias, pois um só é vosso Guia, Cristo.Pelo contrário, o maior dentre vós deve ser aquele que vos serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.
(Mateus 23,1-12)
Eis algo muito provável de nos depararmos na nossa caminhada de Deus, pessoas que vivem o que há de pior na vida de um batizado: o contra-testemunho. O grande mal de serem pessoas que conhecem e dizem o que é certo, às vezes até recriminando o próximo, mas elas mesmas não cumprirem aquilo que dizemos ser certo. Isto é o farisaísmo, hipocrisia, falsidade... E na nossa caminhada podemos encontrar algumas ou mais vezes com pessoas assim.

O Senhor adverte sobre este tipo de pessoas, não teme revelar sua existência, também não hesita em desmascarar quem são. Pessoas como as de hoje,  conhecidas, próximas, tidas como sendo de Deus, doutores, mestres, sábios,... ensinam o a doutrina, julgam os casos, promovem até mesmo a fé, chegam a ser quem sustenta o culto, tem até algum engajamento ou responsabilidade sobre algo da igreja, mas seu coração e sua vida estão longe de Deus.

Nosso único mestre é Deus, é ele o modelo, o guia, é ele que vale a pena seguir, todas as pessoas são apenas auxílios passageiros, não podem ser tidos como fundamentais na nossa caminhada. Nós temos que entender que Deus também age por instrumentos falhos, por meio de pecadores, e portanto na vida de pessoas de frente os escândalos graves podem acontecer, às vezes até perca da fé, apostasia, promoção do erro.

Mas nossos mestres nem são, nem podem ser, as pessoas, os meros instrumentos, nosso único mestre tem que ser Deus. E temos que estar firmados em Deus. Sim, poderá haver pessoas falhas na igreja, poderão ainda ter pessoas santas que caem, pregadores que erram, defensores da fé que voltam atrás, mas elas não são o centro da minha fé, elas não podem ser a base da minha vida espiritual. Tenho que estar atento a procurar que Deus seja a base, o motivo da minha fé, pois só ele pode ocupar este lugar, pois este lugar é só dele.

Nós seguimos a Deus, e Cristo nos adverte quem é nosso Deus, quem é o mestre, quem é o Senhor. Somente Ele pode ocupar este lugar, o evangelho é belíssimo, por que Ele é o Evangelho de Deus, e é Deus quem é o referencial, nunca podemos ter por fundamento as pessoas, por mais santas que sejam. Estejamos conscientes de que tudo que as pessoas fazem de bom é por graça de Deus, por pura ação de Deus em suas vidas. O que podemos é aproveitarmos de santos que já estão na glória de Deus para nos inspirar na caminhada, este é um grande valor dos santos da Igreja, inspirar-nos nos caminhos de Deus e servir de modelo nesta via por terem ido até o fim.

E Deus em sua infinita misericórdia também vai nos dar a conhecer pessoas muito santas pelas quais nos transmitem Deus por sua vida. Ótimo, elas serão de grande ajuda, mas ainda assim, mesmo estas, não podem ser nosso modelo final, nem nosso fundamento, os nossos olhos tem de estar voltados para Cristo.

Somente deste maneira, com os nossos olhos e coração voltados para Deus, podemos nos valer dos que para ele apontam, nos maravilhando pela graça de Deus na vida deles. E quanto aos que deviam dar testemunho mas não o fazem, não abalarmos nossa fé, não vivermos ao sabor das ondas, mas firmados em Deus, sabermos que o pecado é o agir normal do pecador, nossa missão é ir em frente, e assim, poderemos ser nós que por nossa vida e ações apontemos para Deus.

Comunidade Shalom
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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Empurrados para o armário

Se o PLC 122 realmente for aprovado, todas as pessoas que, por motivos diversos, não consideram a homossexualidade algo saudável e natural serão empurradas para o armário: não só religiosos mas também psicólogos, psiquiatras, cientistas, sociólogos etc. terão de tapar a boca em público quando o assunto for a prática homossexual. Um singelo "a homossexualidade é uma forma de sexualidade infantilizada" (como já ouvi) será tratado como se fosse o porrete da Ku Klux Klan.

Você ainda duvida? Pois é o que dizem os próprios militantes gays, em notícia do site Mix Brasil da Uol. Leia com cuidado:

A senadora Marta Suplicy, do PT, atual relatora do PLC 122 _a lei que pretende criminalizar a homofobia no Brasil_ fez uma alteração substancial no texto que tramita no Senado Federal. Na prática, a alteração permite que pregações em templos e igrejas condenem a homossexualidade. É a forma encontrada pela Senadora e seus assessores para que o texto do PLC 122 passe pela barricada formada pelos parlamentares evangélicos.

Agora o projeto deixa claro que a lei não se aplicará a templos religiosos, pregações ou quaisquer outros itens ligados a [sic] fé, desde que não incitem a [sic] violência. O novo parágrafo diz: "O disposto no capítulo deste artigo não se aplica à manifestação pacífica de pensamento fundada na liberdade de consciência e de crença de que trata o inciso 6° do artigo 5° (da Constituição)".

A liberdade de pregação e culto contra a homossexualidade, preservada pelo novo texto, não inclui as mídias eletrônicas. Isso é: continua vetado [sic], sob pena de multa, textos, vídeos e falas que condenem a homossexualidade publicados em sites ou transmitidos pela TV.

O conteúdo da notícia é um completo absurdo. Em primeiro lugar, dá a entender que antes o projeto realmente não protegia a expressão dentro das igrejas. Isso é ANTICONSTITUCIONAL, pois a liberdade de consciência e de crença está assegurada pela Constituição brasileira. Em segundo lugar, depois dessa concessão magnânima (que já estava na Constituição), impede que essa liberdade seja exercida fora do armário, ou seja, em público, tanto na mídia quanto nas ruas (pois haverá sempre o risco de denúncia por parte de um militante de plantão). Isso também é ANTICONSTITUCIONAL. Em vez de simplesmente proteger a pessoa homossexual, o projeto força todo mundo, de uma canetada só, a dar um OK para o comportamento homossexual até das formas mais impessoais possíveis, prevendo sanção (prisão e multa!) a "qualquer ação (...) contrangedora (...) ou vexatória de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica" (art. 20) contra a orientação sexual. (Definam "constrangedora" e "vexatória", por favor!) Isso é ambição demais: mandar nas consciências!

Eu compreendo que os homossexuais queiram que todo mundo ache o comportamento homossexual algo bom, normal, bonito até. Compreendo mesmo. Se eu fosse gay, também ia querer isso, óbvio. Mas entre querer e obrigar há uma diferença. Não é? Vou explicar. Eu também queria que o cristianismo - a crença em Deus, a fé em Jesus como Filho de Deus e Salvador, o processo de santificação, a Bíblia como Palavra de Deus, tudo isso - fosse considerado bom, normal e bonito. Que maravilha seria este mundo: todos convertidos, todos cristãos! MAS E SE HOUVESSE UMA LEI QUE PROIBISSE A MANIFESTAÇÃO PÚBLICA DA CONDENAÇÃO DO CRISTIANISMO? A CONDENAÇÃO DA "CRISTOFOBIA"? Professores universitários, jornalistas, escritores, médicos, advogados, todo mundo impedido de contestar a religião cristã ou emitir opiniões anticristãs; livros de Nietzsche proibidos nas livrarias; filmes enaltecendo outras cosmovisões banidos da televisão; jornais e revistas multados ou fechados porque ousaram falar mal de um padre ou de um pastor; ateus proscritos do debate filosófico... já pensaram nisso? (Como cristã, eu não ia querer nada disso, e vocês?) Agora, coloquem "homossexualidade" no lugar de "cristianismo" e percebam o que vai acontecer.

ESSE PROJETO É UMA LOUCURA E INSTITUI A DITADURA GAY NO BRASIL. Os gays serão os intocáveis do país!

Militantes gays, parlamentares, Marta Suplicy e demais apoiadores do PLC 122: coloquem-se por um segundo no lugar das pessoas que vocês empurrarão para o armário com essa lei! Um segundo apenas!

Não custa repetir: considerar a conduta homossexual uma "heterossexualidade que não deu certo" (sorry, folks, na vida a unanimidade não é uma garantia) NÃO EQUIVALE a desprezar, odiar, maltratar e rejeitar gays. (Assim como desprezar o cristianismo não significa desprezar cristãos! Acordem!) Qualquer pessoa com um mínimo de humanidade no coração pode acolher com carinho os homossexuais em seu círculo de convivência ao mesmo tempo em que não concorda com seu estilo de vida, com sua filosofia. Eu mesma faço isso: os gays não me incomodam por serem gays. Pessoas são pessoas e nós gostamos delas também apesar do que creem e fazem. Os gays são gente antes de serem gays, e vocês, apoiadores do projeto, estão invertendo isto!

A pergunta que não quer calar: poderá um grupo intocável ficar livre da ira dos demais grupos que não são intocáveis? ESSA LEI VAI AUMENTAR TERRIVELMENTE A VIOLÊNCIA CONTRA OS HOMOSSEXUAIS. Serão criadas situações de injustiça que muitos vão querer corrigir na base da pancada. Esse projeto vai piorar a situação que vocês querem combater. A lei não serve para ninguém, pois contraria tudo o que uma lei deve ser: justa e fiel ao delicado equilíbrio de forças na sociedade, para que ninguém seja favorecido além da conta, oprimindo os demais.

No post anterior eu disse que aquelas seriam minhas últimas palavras sobre o PLC 122. Não consegui. Vou falar até o último minuto antes da aprovação dessa lei que não é lei, mas uma excrescência.
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Antes que venham argumentar "mas a lei da homofobia é como a lei do racismo", informo que "estar negro" é bobagem, "estar homossexual" é perfeitamente argumentável (que o digam Michael Glatze e Bob Davies). A construção identitária do homossexual é isso mesmo, uma construção. Não há nada constitutivo na homossexualidade, nada que obrigue as pessoas a escolherem parceiros do mesmo sexo. Inclusive há até mesmo os que defendem que todos nós somos, no fundo, bissexuais, assim como há quem defenda que o sexo biológico é o único que existe. Raça e ato sexual não são categorias equiparáveis! Donde se depreende que o projeto proíbe a mais leve crítica de um COMPORTAMENTO e isso é inaceitável, digno de regimes totalitários.

Fonte: Mídia sem Mascaras.
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sábado, 21 de maio de 2011

Um amor eterno

O amor só pode ser eterno à medida que vivermos a conquista do outro todos os dias. E isso só a partir do momento em que o amor de Deus incendiar a nossa vida. Nós só podemos ser livres quando temos dono, mas um dono que nos administre para o amor e para a liberdade. O meu Dono [Deus] me ama, tem apreço por mim! Não vai me sugerir nada que vá me fazer mal, porque Seu dom é amor. Ele não escraviza ninguém.
Para ter fogo é preciso ter lenha. Deus é o fogo. Nós precisamos ser essa lenha onde o Senhor queime. O Todo-poderoso não faz milagres para mostrar o Seu poder apenas, mas todas as manifestações do Senhor são para conquistar o coração que está ali. Ele assim fez com Moisés. A conquista vem por intermédio de coisas bonitas. Se você vai receber amigos, você oferece o melhor. Busca um jeito de manifestar o amor. É isso que Deus fez com esse profeta.
O “bonito” não se limita a um atrativo estético, interior. É você perceber algo a mais. É descobrir que alguma coisa daquela beleza supera as suas formas. É algo maior que me chama, que fala de mim, como se aquela beleza fosse algo que me faltasse. O amor é essa capacidade de ver o outro de forma diferente. No meio de tanta gente, alguém se torna especial para você e você se aproxima. O amor é essa capacidade de retirar alguém da multidão, tirá-lo do lugar comum para um lugar dedicado, especial. Alguém descobriu uma sacralidade em você.
Amar é você começar a descobrir que, numa multidão, alguém não é multidão. Quando alguém se aproximou de você foi porque você gerou um encanto nessa pessoa. O outro se sentiu melhor quando se aproximou de você. A beleza da totalidade que você tem faz o outro melhor. A primeira coisa que o amor esponsal e conjugal cura são as orfandades que a vida nos colocou.
Não acredito em um casamento que não tem Deus na sua história. Como o seu marido vai reconhecer a sacralidade do seu coração se ele não traz a consciência de todo o sagrado que você é? O amor, quando não é amor, vira competição, disputa. Por isso o amor que é iniciado e mantido em Deus será sempre um amor de promoção do outro.
O casamento é um encantamento pelo outro, o qual vai ganhando sentido quando o vou conhecendo. Assim, todos os dias você precisa se aproximar do outro e descobrir o motivo para continuar o respeito e a alegria de estar diante daquela, que é sua ajuda adequada.
Casamento em que o outro é opressão, não é amor. O amor leva para o alto! Se vocês não se promovem mais significa que vocês estão esquecendo a vocação primeira do matrimônio: o de acender o fogo do amor, da dignidade e da felicidade do outro.
Padre Fádio de Melo
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