- "Outrora éreis trevas, mas agora sois filhos da luz no Senhor, procedei como filhos da luz" (Ef 5,8). Com estas palavras descreve o Apóstolo o itinerário da vida cristã: é passar das trevas da ignorância e do pecado para a luz da fé e da virtude. Este passar, porém, é progressivo: ocupa o espaço da nossa caminhada terrestre e só estará terminado quando chegarmos ao encontro face-a-face com a Luz Eterna. Então não haverá mais como crescer, ao passo que agora ainda há que progredir. Esta condição comunica à vida do cristão alguns traços característicos:
− a vida cristã é um contínuo anseio... anseio de Verdade, Amor, Vida sem contradição nem ameaça. Em suma... anseio daquilo que "o olho não viu, o ouvido jamais ouviu..." (1Cor 2,9). O cristão sabe que tudo é palha em comparação com aquilo que ele espera. É S. Agostinho quem escreve: "Até que isto se realize, nada de bom nos basta, e Deus queira que não baste, para que nosso desejo não se extinga no caminho, mas perdure até chegarmos ao fim”;
− a vida cristã não conhece o tédio do definhar e da decrepitude. Ao contrário, quanto mais próxima está do termo final, tanto mais penetrada e revigorada é pelo esplendor da Luz Eterna. Possui uma eterna juventude espiritual, tanto mais jovem quanto mais longeva;
− a vida cristã é uma vida de paz (paz que, segundo os mestres, é a tranqüilidade da ordem). É paz interior no íntimo do indivíduo, e paz irradiante, "contagiante", pois tende a estabelecer a tranqüilidade da ordem em torno de si. Essa paz é sinônimo de equanimidade: nem euforia exagerada nas horas prósperas, nem depressão acovardada nos momentos espinhosos. Não pode ser turbulento nem agitado aquele que caminha em demanda de Jerusalém (= a visão da paz);
− essa paz não se esvai nem mesmo nas fases de tentação inerentes à caminhada. Com efeito, a riqueza dos dons concedidos pelo Senhor ao caminheiro não exclui a luta, e luta candente, porque o cristão, frágil como é, sabe que pode perder o tesouro da Luz ou do encontro com Deus já contemplado nesta vida mediante o hábito da fé. Ressoa então muito viva a exortação do Senhor: "O que digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!" (Mc 13,37). O cristão tem consciência de que quem mais procura a Deus, mais sujeito está às provações; isto, porém, não o impede de dizer com o Apóstolo: "Alegro-me nas minhas tribulações" (Fl 1,18s).
Eis um esboço de retrato do cristão que decorre das palavras de São Paulo em Ef 5,8. À Virgem Mãe dos homens (cuja glorificação é celebrada a 15/08) sejam confiados os anseios dos filhos da luz, que caminham em demanda da plenitude!
Pe. Estêvão Bettencourt, OSB
− a vida cristã é um contínuo anseio... anseio de Verdade, Amor, Vida sem contradição nem ameaça. Em suma... anseio daquilo que "o olho não viu, o ouvido jamais ouviu..." (1Cor 2,9). O cristão sabe que tudo é palha em comparação com aquilo que ele espera. É S. Agostinho quem escreve: "Até que isto se realize, nada de bom nos basta, e Deus queira que não baste, para que nosso desejo não se extinga no caminho, mas perdure até chegarmos ao fim”;
− a vida cristã não conhece o tédio do definhar e da decrepitude. Ao contrário, quanto mais próxima está do termo final, tanto mais penetrada e revigorada é pelo esplendor da Luz Eterna. Possui uma eterna juventude espiritual, tanto mais jovem quanto mais longeva;
− a vida cristã é uma vida de paz (paz que, segundo os mestres, é a tranqüilidade da ordem). É paz interior no íntimo do indivíduo, e paz irradiante, "contagiante", pois tende a estabelecer a tranqüilidade da ordem em torno de si. Essa paz é sinônimo de equanimidade: nem euforia exagerada nas horas prósperas, nem depressão acovardada nos momentos espinhosos. Não pode ser turbulento nem agitado aquele que caminha em demanda de Jerusalém (= a visão da paz);
− essa paz não se esvai nem mesmo nas fases de tentação inerentes à caminhada. Com efeito, a riqueza dos dons concedidos pelo Senhor ao caminheiro não exclui a luta, e luta candente, porque o cristão, frágil como é, sabe que pode perder o tesouro da Luz ou do encontro com Deus já contemplado nesta vida mediante o hábito da fé. Ressoa então muito viva a exortação do Senhor: "O que digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!" (Mc 13,37). O cristão tem consciência de que quem mais procura a Deus, mais sujeito está às provações; isto, porém, não o impede de dizer com o Apóstolo: "Alegro-me nas minhas tribulações" (Fl 1,18s).
Eis um esboço de retrato do cristão que decorre das palavras de São Paulo em Ef 5,8. À Virgem Mãe dos homens (cuja glorificação é celebrada a 15/08) sejam confiados os anseios dos filhos da luz, que caminham em demanda da plenitude!
Pe. Estêvão Bettencourt, OSB
Diretor da Escola Mater Ecclesiae
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