Por um mecanismo pendular da história, hoje, (pelo menos aparentemente), se procura fazer o contrário. Todos fazemos caminhadas, nos abstemos de alimentos gordurosos, freqüentamos as salas de ginástica, tomamos banho, usamos perfumes, recorremos aos recursos da medicina...Mas resta uma ponta de dúvida nesse procedimento. Não estamos esquecendo os valores da alma? E diante da destruição que praticamos contra a natureza, não fica evidente que desprezamos o mundo material? As famosas tatuagens não mostram que estamos insatisfeitos com o nosso corpo? Parece que ainda não alcançamos a harmonia que o Eterno colocou em nossa natureza mortal. O Cristo veio, tornou-se um dos nossos, para ser o nosso Salvador. Não desprezou o corpo humano, preferiu nascer de uma mulher, sentiu cansaço e fome, aceitou a morte. Mostrou que a matéria é da vontade divina, e que por meio dela se pode alcançar a salvação. “Que é o homem, para dele vos lembrardes com tanto carinho?” (Sl 8, 5).
Dom Aloísio Roque OppermannAssumiu a nossa condição
Chega a ser constrangedor para nós, raça humana, ver que Jesus, o Deus da glória, espírito perfeitíssimo, tenha aparecido em nosso meio, revestido da carne de nossa natureza. Somos um composto, bastante harmonioso, uma “simbiose” entre espírito e matéria. Quanto é do nosso conhecimento, tal fenômeno não se repete em nenhum lugar do universo. Ou os seres são pura matéria, ou são puros espíritos (anjos). No nosso caso, quando dizemos “eu”, é nossa alma que está falando, mas também o nosso corpo. Este interpenetra a alma; e esta influencia a saúde e desempenho do corpo. Pela queda dos nossos primeiros pais, a perfeição dessa unidade foi prejudicada. Os gregos, por mais sábios que tenham sido, valorizaram tanto o espírito que chegaram a menosprezar o corpo, vale dizer, toda a matéria. Consideraram a natureza material do homem como um reles cárcere da alma. Isso levou muitos pensadores, também cristãos, a se desinteressarem pelo bem-estar corporal. Eis o pouco interesse pela higiene entre os antigos. A expectativa de vida era no máximo de 60 anos.
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