quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lutero e Maria Santíssima

Martinho Lutero escreveu um belo comentário do Magnificat de Maria SSma., em que repetidamente se refere à “doce Mãe de Deus” e exalta a SSma. Virgem nestes termos: “Ela nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem procurar nele o nosso interesse. Ora, ama e louva a Deus com o coração simples e como convém a quem o louva simplesmente porque é bom; quem não considera mais que a sua pura bondade e só nela encontra o seu prazer e a sua alegria. Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar : é bem próprio de um espírito alto e nobre como o da Virgem. Aqueles que amam com coração impuro e corrompido, aqueles que, de maneira semelhante à dos exploradores, procuram em Deus o seu interesse, não amam e não louvam a sua pura bondade, mas pensam em Si mesmos e só consideram quanto Deus é bom para eles mesmos. A religiosidade verdadeira, portanto, é louvor a Deus incondicionado e desinteressado”. “Maria – escreve a seguir Lutero – não se orgulha da sua dignidade nem da sua Indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra… Ela não exaltou nem a virgindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça.(…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus” (p.561).

Ao observar aquilo que se realiza nela, nós podemos contemplar o estilo habitual de Deus. Enquanto os homens são atraídos pelas coisas grandes, Deus olha para baixo, para tirar de “um nada, daquilo que é Infimo, desprezado, mísero e morto, algo de precioso, digno de honra, feliz e vivo” (p.547). A Mãe de Jesus, portanto, aparece em Lutero como o puro reflexo do olhar Divino. Ela não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus.”… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, e faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, deixando que a obra seja inteiramente de Deus” (p.574-575).
Do livro “Maria Mãe dos homens” (Edições Paulinas).

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