Caro Internauta, com alegria, ofereço-lhe este trecho de um belíssimo sermão de Santo Agostinho:
O ministério da Palavra e o cuidado com que vos geramos para que Cristo se forme em vós, nos levam a vos dizer o que seja este sacramento tão grande e tão divino, este remédio tão célebre e nobre, este sacrifício tão puro e tão fácil. Já não é mais em uma única cidade terrestre, Jerusalém, nem mais no tabernáculo construído por Moisés, nem no templo erguido por Salomão – tudo isso não era senão sombra de realidades futuras – mas é do nascer do sol até o seu ocaso (Sl 112/113,3; Ml 1,11), como predisseram os Profetas, que se imola e se oferece a Deus a vítima de louvor, segundo a graça do Novo Testamento.
Já não se vai mais buscar entre o rebanho uma vítima sangrenta, já não nos aproximamos do altar com uma ovelha, mas, de agora em diante, o sacrifício de nosso tempo é o corpo e o sangue do próprio sacerdote. Foi deste sacerdote que se predisse no salmo: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedeque” (Sl 109/110,4). Ora, lemos no Gêneses e bem sabemos que Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo, ofereceu pão e vinho (cf. Gn 14,18), quando abençoou nosso pai Abraão.
Cristo, nosso Senhor, que ofereceu, ao sofrer por nós, o que recebera ao nascer por nós, estabelecido sacerdote para a eternidade, instituiu o sacrifício do seu corpo e do seu sangue. Porque seu corpo, traspassado pela lança, deixou correr a água e o sangue pelo qual remiu nossos pecados. Lembrando-vos desta graça, realizando a vossa salvação com temor e tremor – pois é Deus que em vós opera – vós vos aproximais para participar deste altar. Reconhecei no pão o que pendeu da cruz, no cálice o que escorreu do lado aberto. Os antigos sacrifícios do povo de Deus significavam, em sua múltipla variedade, o único sacrifício que havia de vir. E tudo o que foi anunciado de modo múltiplo e diverso nos sacrifícios do Antigo Testamento, se relaciona com o sacrifício único, revelado no Novo.
Recebei, pois, e comei o corpo de Cristo, uma vez que, no corpo de Cristo, vos tornastes agora membros de Cristo. Recebei e bebei o sangue de Cristo. Para que não vos deixeis dispersar, comei aquele que é o vosso vínculo; para não parecerdes sem valor aos vossos próprios olhos, bebei aquele que é o preço pelo qual fostes resgatados. Quando comeis este alimento e bebeis esta bebida, eles se transformam em vós; assim vós também sois transformados no corpo de Cristo, se viveis na obediência e no fervor. Se tendes a vida nele, sereis com ele uma só carne. Porque este sacramento não vos apresenta o corpo de Cristo para dele vos separar. O Apóstolo nos lembra que isto foi predito na Sagrada Escritura: Os dois serão uma só carne. Este mistério é grande – eu digo isto com referência a Cristo e à Igreja (Ef 5,32).
Em outro lugar foi dito a respeito da própria eucaristia: Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo (1Cor 10,17). Começais, pois, a receber o que começastes a ser.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
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