FÁTIMA, terça-feira, 9 de novembro de 2010 (ZENIT.org) – Ao reconhecer que “o Estado e o poder político não são os únicos responsáveis no governo da nação”, Dom Jorge Ortiga afirma que “o espírito de missão e de humanidade impõe que todas a forças e todos os quadrantes colaborem em ordem ao bem comum”.
O presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa) abriu nessa segunda-feira os trabalhos da assembleia plenária do organismo, de decorre até quinta-feira em Fátima.
Em seu discurso, o arcebispo de Braga defendeu a presença de leigos cristãos “na vida política, cultural, econômica, financeira, na comunicação social”, o que “será certamente um contributo em ordem à humanização da vida pública”.
“Um laicado, em sintonia com o Evangelho e com a doutrina social da Igreja, exercerá certamente uma força positiva na resolução dos problemas do nosso país.”
O arcebispo manifestou sua “perplexidade pela falta de verdade nos centros de decisão da gestão pública, pela ausência de vontade em solucionar os desafios atuais e pela ânsia obsessiva do lucro que conduz à desumanização da vida”.
“Inverdade frequentemente resultante de querelas pessoais e de jogos político-partidários pouco transparentes, que aprisionam os líderes aos interesses instalados nas estruturas público-privadas.”
“A comunidade humana não pode pactuar com a teoria dos consensos políticos mínimos que geralmente não resultam em soluções sustentadas. O apelo à justiça e à igualdade surge esvaziado de conteúdo porque sem resultados práticos”, afirmou.
Dom Jorge Ortiga assinalou que as novas gerações “não têm expectativas em relação ao futuro, quer pela falta de trabalho, quer por falta de horizontes para a vida”, e que os centros sociais e lares cada vez mais se enchem de pessoas que já não têm lugar à mesa das suas famílias.
“Surgem novas formas de liberalização e de imposição forçada de uma cultura da morte sem precedentes e minimalista, em que as propostas conduzem tendencialmente para a desumanização das relações humanas”, advertiu.
Segundo o presidente da CEP, neste contexto de incerteza, “o apelo da Igreja à «verdade na caridade» (Bento XVI) faz todo o sentido. A verdade é um imperativo colocado a todos, é um ato de honestidade, sobretudo ao nível dos centros de decisão dos diversos cargos políticos, econômicos, sociais e culturais”.
O prelado advertiu que “aí falta, por vezes, uma verdade objetiva que é relativizada em detrimento do prestígio e do protagonismo pessoal”.
“Sem o testemunho nem os exemplos das lideranças, como se poderá exigir sacrifícios às pessoas? Não serão necessários esforços de concertação e de mobilização na procura de um modelo social que perdure e dê esperança à geração presente e futura?”, questionou.
A Igreja – prossegue o arcebispo – “continuará a anunciar a Páscoa do Senhor, na expectativa de cumprirmos o mandato do amor de Cristo, de realizar as bem-aventuranças no quotidiano das pessoas, nos locais onde as estruturas do Estado não chegam ou desistem de chegar”.
“Com todas as dificuldades e entraves que surjam, nas nossas paróquias ou dioceses, procuraremos realizar o Evangelho e marcar presença onde a vida humana é desrespeitada e debilitada por falta de bens e por ausência de sentido para a vida.”
“Cabe-nos a responsabilidade apostólica de propor com desassombro a beleza do Evangelho de Cristo aos crentes e à humanidade e de semear a possibilidade de uma vida feliz para todos”, considera o presidente da CEP.
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